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POÉSIE BRÉSILIENNE EN FRANÇAIS
Coordination de ARICY CURVELLO 

RENATA   PALLOTTINI

RENATA   PALLOTTINI 

EM PORTUGUÊS  EN FRANÇAIS 

 

Cerejas, meu amor 

Cerejas, meu amor,

mas no teu corpo.

Que elas te percorram

por redondas.

 

E rolem para onde

possa eu buscá-las

lá onde a vida começa

e onde acaba

 

e onde todas as fomes

se concentram

no vermelho da carne

das cerejas...

 

 

Cerises, mon amour

 

Cerises, mon amour,

mais dans ton corps.

Qu’elles te parcourent

par rondes.

 

Et qu’elles roulent où

je puisse les chercher

là où la vie commence

et où elle finit

 

et où toutes les faims

se concentrent

dans le rouge de la chair

des cerises...

 


Cântico dos cânticos

 

“O meu amor é meu e eu sou dele,

ele apascenta o seu rebanho entre os lírios.”

 

O meu amor é meu e eu sou dele.

O linho horizontal é nossa casa

e eu me aninho a dormir sob sua asa;

amo-o com minha boca e minha pele.

 

Ele é quem vela e não me diz que vele

porque sua é a chama e minha a brasa.

O seu fervor ao meu fervor se casa,

clara coma de luz que nos impele.

 

Desci ao campo raso: ele é meu campo

onde me deito e a erva se derrama;

é meu olhar que voa, pirilampo.

 

Sem terra, irei por terra; ele me chama.

Vou sem saber por onde, ao mar ou monte.

Sem sua boca eu já não sei ser fonte. 

                                                                   

Cantique des cantiques 

“Mon amour est à moi, et je sui à lui,

il fait paître son troupeau entre les lis.”

 

Mon amour est à moi et je suis à lui.

Le lin horizontal est notre maison

et je me niche pour dormir sous son aile;

je l’aime avec ma bouche et ma peau.

 

C’est lui qui veille et il ne me dit pas de veiller

parce que c’est lui la flamme qui m’embrase.

Sa ferveur à ma ferveur se marie

claire comme la lumière qui nous pousse.

 

Je suis descendue em rase champagne, il est le champ

où je me couche et l’herbe se répand;

c’est mon regard qui vole, ver luisant.

 

Sans terre, j’irai par terre; il m’appelle.

Je vais sans savoir par où, à la mer ou à la montagne.

Sans sa bouche, dejà je ne sais plus être fontaine.

 

 

(Da antologia bilingüe “Poésie du Brésil”, seleção de Lourdes Sarmento, edição Vericuetos, como nº 13 da revista literária francesa  “Chemins Scabreux”, Paris, setembro de 1997.Traduções de Lucilo Varejão, Maria Nilda Miranda Pessoa e outros.)

 

Página publicada em setembro de 2008



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