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POÉSIE BRÉSILIENNE EN FRANÇAIS
Coordination de ARICY CURVELLO
H. DOBAL

H. DOBAL

(1927 - 2008)

 

                     HOMO

 

 

Sua ração de vida o homem vê minguando

a cada dia. Mas duro recomeça

como se o tempo lhe sobrasse. E vagaroso

não conta as eras que se extinguem.

Nem conta a solidão dos dias claros

se desdobrando iguais como esquecidos

de mudar. Nem a distância

que o grito não transpõe, a passagem da vida

cumprida só em mínimos desejos.

Sua lástima no piar das nambus, sóbrio

se esquiva às armadilhas da tarde.

A incerteza nos paióis, o chão batido

em que levanta a casa, o amor

como a água das cabaças.

Lavrador do milho e do feijão, sua frugal colheita

em gleba alheia. Passa-lhe a vida,

e queima o céu com a cinza de suas roças.

 

 

 

 

                          HOMO

 

 

C’ est sa ration de vie que l’ homme voit se retrécissant

chaque jour. Mais dur, il recommence

comme si le temps lui était de trop. Et avec lenteur

il ne compte pas les ères qui s’ éteignent.

Il ne compte pas la solitude des jours clairs

se déroulant toujours les mêmes comme s’ ils avaient oublié

de changer. Même pas la distance

que le cri ne surmonte, le passage de la vie

accomplie uniquement dans les moindres désirs.

Son regret au pépiement des bécasses, sobre

Il fuit les pièges du soir.

L’ incertitude dans le soutes, le terrain à bâtir

où s’ élève la maison, l’ amour

comme l’ eau des calebasses.

Laboureur du maïs et des haricots, sa cueillette frugale

en glèbe d’ amour. La vie passe

et lui brûle le ciel avec le cendre de ses champs.   

 

 

                                                Ø  Đ  Φ   

 

 

Da antologia bilingue “Poésie du Brésil”, seleção de Lourdes Sarmento, edição Vericuetos, como nº 13 da revista literária francesa  “Chemins Scabreux”, Paris, setembro de 1997. Traduções de Lucilo Varejão, Maria Nilda Miranda Pessoa e outros. O poema acima foi compilado por Henrique Alves.)

                       


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