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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


ALVARES DE AZEVEDO

Manuel Antonio ALVARES DE AZEVEDO

(1831-1852)

 

Manuel Antonio Alvares de Azevedo nació en São Paulo el día 12 de septiembre de 1831. Cursaba en la capital paulista el cuarto año de Derecho cuando le sorprendió la muerte a los veintiún años de edad. Su poesia se caracteriza por la constante obsesión de la muerte y por un lirismo puro que, no obstante, estalla a veces en arrebatada pasión. Fueron publicadas sus Obras completas por varios editores.

Las poesias de Manuel António Álvares de Azevedo, Lira dos Vinte Anos (única obra preparada para publicación por el autor).

 

POESIA EM PORTUGUÊS E ESPAÑOL  / EN FRANÇAIS

TEXTO EM ITALIANO  -  TEXTO EM PORTUGUÊS

 

 

É ELE! 

POEMA de ANTONIO CARLOS SECCHIN
          em homenagem a
 ÁLVARES DE AZEVEDO:
 

 

No Catumbi, montado a cavalo,
lá vai o antigo poeta
visitar o namorado.
Não leva flores, que rapazes
nem sempre gostam de tais mimos.

Leva canções de amor e medo.
Cachoeiras de metáforas,
oceanos de anáforas, virgens a quilo.
Ao sair, deixa de lembrança
ao sono cego do parceiro
dois poemas, um cachimbo e um estilo.

 

 

MINHA DESGRAÇA

Minha desgraça, não, não é por ser poeta,
nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-se como trata-se um boneco...

Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro...
Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro...

Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que o meu peito assim blasfema,
É ter para escrever todo um poema,
E não ter um vintém para uma vela.

         (De Lira dos vinte anos)

 

Extraído de

 

POESIA SEMPRE. Revista semestral de poesia. Ano 8   Numero 13  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional. Ministério da Cultura, Departamento Nacional do Livro,  2000. Editor executivo: Ivan Junqueira.

 

Namoro a cavalop

£ J u moro em Catumbi. Mas a desgraça
Que rege minha vida malfadada
Pôs lá no fim da rua do Catete
A minha Dulcinéia namorada.

Alugo (três mil-réis) por uma tarde
Um cavalo de trote (que esparrela!)
Só para erguer meus olhos suspirando
À minha namorada na janela...

Todo o meu ordenado vai-se em flores
E em lindas folhas de papel bordado
Onde eu escrevo trêmulo, amoroso,
Algum verso bonito... mas furtado.

Morro pela menina, junto dela
Nem ouso suspirar de acanhamento...
Se ela quisesse eu acabava a história
Como toda a Comédia — em casamento.

Ontem tinha chovido... que desgraça!
Eu ia a trote inglês ardendo em chama,
Mas lá vai senão quando uma carroça
Minhas roupas tafuis encheu de lama...

Eu não desanimei. Se Dom Quixote
No Rocinante erguendo a larga espada
Nunca voltou de medo, eu, mais valente,
Fui mesmo sujo ver a namorada...

Mas eis que no passar pelo sobrado
Onde habita nas lojas minha bela
Por ver-me tão lodoso ela irritada
Bateu-me sobre as ventas a janela...

O cavalo ignorante de namoros
Entre dentes tomou a bofetada,
Arrepia-se, pula, e dá-me um tombo
Com pernas para o ar, sobre a calçada...

Dei ao diabo os namoros. Escovado
Meu chapéu que sofrera no pagode
Dei de pernas corrido e cabisbaixo
E berrando de raiva como um bode.

Circunstância agravante. A calça inglesa
Rasgou-se no cair de meio a meio,
O sangue pelas ventas me corria
Em paga do amoroso devaneio!..
.

 

 

POEMAS E CANÇÕES HEROICAS MARCIAIS (guerreiras). [edição sem nome do organizador, sem local e nome da editora, nem ano de publicação.? Apresentação de Márcio R. 14 x 21 cm.? ilus.
Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

MEU SONHO

 

 

 

  

Eu:

Cavaleiro das armas escuras,
Onde vais pelas trevas impuras
Com a espada sanguenta na mão?
Por que brilham teus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?

 

Cavaleiro, quem és? o remorso?

Do corcel te debruças no dorso.

E galopas do vale através.

Oh! da estrada acordando as poeiras

Não escutas gritar as caveiras

E morder-te o fantasma nos pés?

 

Onde vais pelas trevas impuras,
Cavaleiro das armas escuras,
Macilento qual morto na tumba?.
Tu escutas. Na longa montanha
Um tropel teu galope acompanha?

Pela noite assombrada a vagar?

 

 

O Fantasma:

Sou o sonho da tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!

 

 

 

 

 

 

Cartão postal:  BILHETE POSTAL.  M. OROSCO & C. Rua da Quitanda, 38. Rio de Janeiro. Provavelmente impresso em 1905.

 

SE EU MORRESSE AMANHÃ

 

Se eu morresse amanhã, viria ao menos

Fechar meus olhos minha triste irmã;

Minha mãe de saudades morreria

Se eu morresse amanhã!

 

Quanta glória pressinto em meu futuro!

Que aurora de porvir e que manhã!

Eu perdera chorando essas coroas

Se eu morresse amanhã!

 

Que sol! que céu azul! que dove n'alva

Acorda a natureza mais loucã!

Não me batera tanto amor no peito

Se eu morresse amanhã!

 

Mas essa dor da vida que devora

A ânsia de glória, o dolorido afã...

A dor no peito emudecera ao menos

Se eu morresse amanhã!

 

 

SI YO MURIESE MAÑANA

Tradución de Renato de Mendonça


Si muriese mañana, vería al menos
cerrar mis ojos mi afligida hermana;
mi madre de saudades moriría
si muriese mañana.

iCuánta gloria presiento en mi futuro!
iQué alba de porvenir y que mañana!
Perdería llorando esas coronas
si muriese mañana.

iQué sol! iQué cielo azul! iQué dulce del alba
despierta la natura más lozana!
No latiera ese amor dentro del pecho
si muriese mañana.

Y el dolor de la vida que devora
ansias de gloria al que doliente afana...
Ese dolor se callaría al menos
si muriese mañana.

SONETO

Pálida, a la luz de la lámpara sombría,
sobre el lecho de flores reclinada,
como la luna por la noche cercada,
entre las nubes del amor ella dormia.

iEra la virgen del mar, sobre la espuma fria
por la marea de las aguas mecida!
iEra un Angel, entre espumas de alborada,
que en sueños se bañaba y se olvidaba!

iQué bella era! El seno palpitando...
Negros ojos los párpados abriendo..
Formas desnudas en el lecho resbalando...

iNo te rías de mi, mi ángel bello!
Por ti, las noches yo vele llorando;
por ti, en los sueños moriré sonriendo.

 

 

SONETO

Tradución de Renato de Mendonça

 


Pálida, a la luz de la lámpara sombria,
sobre el lecho de flores reclinada,
como la luna por la noche cercada,
entre las nubes del amor ella dormia.

iEra la virgen del mar, sobre la espuma fria
por la marca de las aguas mecida!
iEra un ángel, entre espumas de alborada,
que en sueños se bañaba y se olvidaba!

iQué bella era! El seno palpitando...
Negros ojos los párpados abriendo...
Formas desnudas em el lecho resbalando...

iNo te rías de mí, mi ángel bello!
Por ti, las noches yo velé llorando;
por ti, en los sueños moriré sonriendo.


 

SONETO

"Pálida à luz da lâmpada sombria,

Sobre o leito de flores reclinada,

Como a lua por noite embalsamada,

Entre as nuvens do amor ela dormia!

 

Era a virgem do mar, na escuma fria

Pela maré das águas embalada!

Era um anjo entre nuvens d'alvorada

Que em sonhos se banhava e se esquecia!

 

Era mais bela! o seio palpitando

Negros olhos as pálpebras abrindo

Formas nuas no leito resvalando

 

Não te rias de mim, meu anjo lindo!

Por ti — as noites eu velei chorando,

Por ti — nos sonhos morrerei sorrindo!"

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

ÁLVARES DE AZEVEDO

Traducciones de ÁNGEL CRESPO
 

 

         Mi sueño

 

YO

 

Caballero de armas oscuras,
¿A dó vas por tinieblas impuras
Empuñando sangriento espadón?
¿Por qué brillan tus ojos ardientes
Y, gimiendo, tus labios trementes
Vierten fuego de tu corazón?

 

         ¿Remordida conciencia serás?
Del corcel sobre el dorso tú vas
Y galopas del valle a través...
Despertándole el polvo al sendero,
¿Sientes tú ese gritar lastimero
Y morderte un fantasma los pies?

 

         ¿A dó vas por tinieblas impuras,
Caballero de armas oscuras,
Macilento cual muerto en la tumba?...
¿Lo oyes tú...? ¿En la lejana montaña
Un tropel tu galope acompaña?
¿Y un clamor de venganza retumba?

 

         Caballero, ¿quién tú, qué misterio,
Quién te fuerza en el lúgubre imperio
Por la noche embrujada a vagar?

 

 

 

EL FANTASMA

 

Sueño soy de tu propia esperanza,
Soy tu fiebre que nunca descansa,
¡El delirio que te ha de matar!...

 

 

        ¡Si muriese mañana!

 

Si muriese mañana, me vendría
los ojos a cerrar mi triste hermana;
Mi madre ¿le añoranza moriría
         Si muriese mañana.

 

¡Cuánta gloria presiento en mi futuro!
¡Qué bello porvenir y qué mañana!
¡Perdería llorando esas coronas
         Si muriese mañana!

 

¡Qué sol, qué cielo azul, qué alba tan dulce!
¡La vida se despierta más lozana!
¡No latiera en mi pecho tanto amor
         Si muriese mañana!

 

Más el dolor del mundo que devora
Esta pasión de gloria que se afana...
¡El dolor de mi pecho enmudeciera
         Si muriese mañana!

 

 

 

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TEXTO EM ITALIANO  -
TEXTO EM PORTUGUÊS

 

 

 

 

 

 

ÁLVARES DE AZEVEDO
(1831-1852)


nato a San Paolo e morto a Rio de Janeiro. È

forse il poeta piü rappresentativo deli'universo romântico brasiliano, e fu decisamente influenzato da Byron.

 

Extraído de:

IMPRESSIONI D´ITALIA: Piccola antologia di poesia in portoghese com traduzione a fronte a cura di MariaLuisa Cosati, Rosria de Marco, Teresa Gil Mendes, Maria da    Graça Gomes de Pina, Barbara Gori, Regina Célia Pereira da Silva.  Napoli: Università degli Studi di Napoli L´Orientale”. Dipartimento di Studi Comparati, 2011.              114 p. 

 

 

 

Italia

 

Al mio amico il Conte di Fé

Veder Napoli e poi morir.

 

Là nel paese di vita e d'amore

Potrei sognare ancor per un momento,

addormentarmi al sol di primavera

su un grembo virginale di Sorrento!

 

Io potrei vivere - e per avventura

Nelle lune d'amore amar la vita,

l'anima dilatare come il petto

del pallido Romeo in dipartita!

 

Io potrei nell'ombra degli amori

Fremer d'un bacio che il cuore disseti...

Nel seno di fanciulla delirante

Potrei vivere ancora giorni lieti!

 

O angelo del mio Dio! se nei miei sogni

non mentiva il riflesso della sorte,

se Dio mi destinò in questa esistenza

un'istante d'incanto e di tenerezza...

 

Lì, tra aranceti, tra l'alloro,

Lì, dove la notte l'aroma suo sparge,

Nelle lunghe spiagge dove il mar sospira

L'anima mia esalerò nel ciel d'Italia!

 

Veder l'Italia e morire!... Tra i sogni miei

                                       La vedo di voluttà addormentata...

Nelle sere vaporose si profuma

E dorme, di notte, nell'illusione della vita!

 

E, se devo nei miei amori spirare,

Dagli occhi di donna l'amor bevendo,

Sia ai piedi di bruna Italiana,

Sentendola sospirar, anche morendo.

 

Là nel paese di vita e d'amore

Potrei sognare ancor per un momento,

addormentarmi al sol di primavera

su un grembo virginale di Sorrento!

 

II

 

L'Italia! sempre l'Italia delirante!

E le serate ardenti, e le notti belle!

L'Italia del piacere, dell'amor insano,

Nel sogno febbrile delle fanciulle!

 

E la gondola triste scivolando

Piena d'amor, di cantici e fiori...

E l'onda che sospira a mezzanotte

Cullando il mistero degli amori!

 

Oh terra d'armonia, ti ama il sole,

Nella brezza di levante ti profumi:

Nelle spiagge di avventura e primavera

stende il mare il suo velo di spume!

 

Va la luna assetata e vagabonda

la tua culla a bagnare di luce nostalgica,

Le tue notti a costellar di sogni

E la tua fronte leggiadra baciare!

 

Patria del mio amore! terra delle glorie

che il gérdo consacrò, che sogna il popolo...

Or che l'alloro tuo appassì

Sarebbe dolce nel seno tuo amar di nuovo...

 

Amare le montagne tue e i torrenti

E quel mare dove fluttua Alcione dormendo,

Dove le isole si azzurrano nell'occidente/

Come nuvole nella sera svanendo...

 

Dove di notte il bruno pescatore

Sulla baia nel battello passa...

E sussurrando, nelle canzoni di Annida/

Trema ai fuochi erranti della canoa...

 

Dove amò Raffaello, dove sognava

Nel seno ardente della donna divina,

E forse svenne al tuo profumo

E sospirò con lui la Fornarina...

 

E insieme, al chiar di luna, in un bacio errante

Sfogliavan della ventura i sogni

E bevevan nella luna e nel silenzio

della tua bellezza gli effluvi!

 

Oh angelo del mio Dio, se nei sogni miei

La promessa d'amor non mi mentiva,

Concedi al poeta infelice almeno

Un'ora dell'illusione che lo nutriva!

 

Concedi al sognatore, unicamente che

Tra deliri palpitò d'incanto,            

In un'ora di passione e d'armonia

Dell'Italia dell'amor morir in seno!

 

Oh! nella terra della vita e degli amori

Potrei sognar ancora un momento,

Al seno della fanciulla delirante

Stringer il petto mio macilento

 

                                       Maio, 1851. - S. Paulo

 

 

traduzione di Maria da Graca Gomes de Fina

 

 

 

 

Itália

 

 

Ao meu. amigo o Conde de Fé

          Veder Napoli e poi morir.

 

Lá na terra da vida e dos amores

Eu podia viver inda um momento...

Adormecer ao sol da primavera

Sobre o colo das virgens de Sorrento!

 

Eu podia viver — e porventura

Nos luares do amor amar a vida,

Dilatar-se minh'alma como o seio

Do pálido Romeu na despedida!

 

Eu podia na sombra dos amores

Tremer num beijo o coração sedento...

Nos seios da donzela delirante

Eu podia viver inda um momento!

 

O anjo de meu Deus! se nos meus sonhos

Não mentia o reflexo da ventura,

E se Deus me fadou nesta existência

Um instante de enlevo e de ternura...

 

Lá entre os laranjais, entre os loureiros,

Lá onde a noite seu aroma espalha,

Nas longas praias onde o mar suspira

Minh'alma exalarei no céu da Itália!

 

Ver a Itália e morrer!... Entre meus sonhos

Eu vejo-a de volúpia adormecida...

Nas tardes vaporentas se perfuma

E dorme, à noite, na ilusão da vida!

 

E, se eu devo expirar nos meus amores,

Nüns olhos de mulher amor bebendo,

Seja aos pés da morena Italiana,

Ouvindo-a suspirar, inda morrendo.

 

Lá na terra da vida e dos amores

Eu podia viver inda um momento,

Adormecer ao sol da primavera

Sobre o colo das virgens de Sorrento!

 

II

 

A Itália! sempre a Itália delirante!

E os ardentes saraus, e as noites belas!

A Itália do prazer, do amor insano,

Do sonho fervoroso das donzelas!

 

E a gôndola sombria resvalando

Cheia de amor, de cânticos e flores...

E a vaga que suspira à meia-noite

Embalando o mistério dos amores!

 

Ama-te o sol, ó terra da harmonia,

Do levante na brisa te perfumas:

Nas praias de ventura e primavera

Vai o mar estender seu véu d'escumas!

 

Vai a lua sedenta e vagabunda

O teu berço banhar na luz saudosa,

As tuas noites estrelar de sonhos

E beijar-te na fronte vaporosa!

 

Pátria do meu amor! terra das glórias

Que o génio consagrou, que sonha o povo...

Agora que murcharam teus loureiros

Fora doce em teu seio amar de novo...

 

Amar tuas montanhas e as torrentes

E esse mar onde bóia alcion dormindo,

Onde as ilhas se azulam no ocidente,

Como nuvens à tarde se esvaindo...

 

Aonde à noite o pescador moreno

Pela baía no batel se escoa...

E murmurando, nas canções de Armida,

Treme aos fogos errantes da canoa...

 

Onde amou Rafael, onde sonhava

No seio ardente da mulher divina,

E talvez desmaiou no teu perfume

E suspirou com ele a Fomarina...

 

E juntos, ao luar, num beijo errante

Desfolhavam os sonhos da ventura

E bebiam na lua e no silêncio

Os eflúvios de tua formosura!

 

Ó anjo de meu Deus, se nos meus sonhos

A promessa do amor me não mentia,

Concede um pouco ao infeliz poeta

Uma hora da ilusão que o embebia!

 

Concede ao sonhador, que tão-somente

Entre delírios palpitou d'enleio,

Numa hora de paixão e de harmonia

Dessa Itália do amor morrer no seio!

 

Oh! na terra da vida e dos amores

Eu podia sonhar inda um momento,

Nos seios da donzela delirante

Apertar o meu peito macilento

 

Maio, 1851. - S. Paulo

 

 

Extraído de

MIRAGLIA, TolentinoPiccola Antologia poetica brasiliana.  Versioni.  São Paulo: Livraria Nobel, 1955.  164 p.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

S O N E T T O

 

Pallida, sotto lampada adombrata,
Stesa in letto di fiori, mi appariva
Come luna di notte imbalsamata.
Fra nuvole d'amor ella dormiva.

 

Era dei mar la vergine e la diva,
Su barchetta dall’acqua dondolata.
Era angelo tra nubi, ella veniva
Da sogni d'oro involta ed incensata.

 

Era piu bella ! Il seno palpitante,

Gli occhi neri le palpebre schiudendo,

La bella forma sul suo letto ansante.

 

Non riderti di me, gentil baccante,
Per te, le notti io vegliai, piangendo;
Per te, nel sogno morirò, ridendo.

 

Pedro Ivo Veloso da Silveira (1811 - Alto Mar, 3 de Março de 1852) foi um militar e revolucionário brasileiro.  Líder da Revolução Praieira em Pernambuco, juntamente com Borges da Fonseca e Nunes Machado, tentou conquistar a capital da Província, Recife, sem, contudo, lograr sucesso.

 

HADAD, Jamil Almansur, org.   História poética do Brasil. Seleção e introdução de  Jamil Almansur Hadad.  Linóleos de Livrio Abramo, Manuel Martins e Claudio         Abramo.  São Paulo: Editorial Letras Brasileiras Ltda, 1943.  443 p. ilus. p&b  “História do Brasil narrada pelos poetas. 

HISTORIA DO BRASIL – POEMAS

A INDEPENDÊNCIA E O IMPÉRIO

 

Pedro Ivo Veloso da Silveira (1811 - Alto Mar, 3 de Março de 1852) foi um militar e revolucionário brasileiro.  Líder da Revolução Praieira em Pernambuco, juntamente com Borges da Fonseca e Nunes Machado, tentou conquistar a capital da Província, Recife, sem, contudo, lograr sucesso.

 

 

PEDRO IVO


Perdoai-lhe, Senhor! Ele era um bravo!
Fazia as faces descorar o escravo,
Quando ao sol da batalha a fronte erguia
E o corcel gotejante de suor
Entre sangue e cadáveres corria!
— O gênio das pelejas parecia...
Perdoai-lhe, Senhor!

Onde mais vivo, em peito mais valente,
N´um coração mais livre o sangue ardente
Ao fervor desta América bulhava!
— Era um leão sangrento que rugia,
Da guerra nos clarins se embriagava
E vossa gente pálida recuava
Quando ele aparecia!

Era filho do povo! o sangue ardente
As faces lhe assomava incandescente,
Quando cismava do Brasil na sina...
Ontem — era o estrangeiro que zombava,
Amanhã  — era a lâmina assassina,
No cadafalso a vil carnificina
Que em sangue jubilava!

Era medonho o rubro pesadelo!
Mas nas frontes venais do gênio o selo
Gravaria o anátema da História!
Dos filhos da nação a rubra espada
No sangue impuro da facção inglória
Lavaria dos livres na vitória
A mancha profanada!

A frente envolta em folhas de loureiro
Não a escondamos, não!... Era um guerreiro!
Despiu por uma ideia a sua espada!
Alma cheia de fogo e mocidade,
Que ante a fúria dos reis não se acobarda,
Sonhava nesta geração bastarda
Glórias...  e liberdade!

 

Tinha sede de vida e de futuro;
Da liberdade ao sol curvou-se puro
E beijou-lhe a bandeira sublimada!
Amou-a coma a Deus e mais que a vida!
— Perdão para essa fronte laureada
A águia nunca vencida!

Perdoai-lhe, Senhor! Quando na história
Vedes is reis se coroar de glória,
Não é quando no sangue os tronos lavam
E envoltos no seu manto prostituto
Olvidam-se das glórias que sonhavam!
Em lodaçal corruto!

Nem sangues de Rateliffs o fogo apaga
Que as fontes populares embriaga,
Nem do herói a cabeça decepada
Imunda, envolta em pó, no chão da praça,
Contraída, amarela, ensanguentada,
Assusta a multidão  que ardente brada
E tronos despedaça!

 

O cadáver sem bênçãos, insepulto,
Lançando aos corvos do ervaçal inculto,
A fronte varonil do fuzilado
Ao sono imperial co´os lábios frios
Podem passar no escárnio desbotado
rir-te aos calafrios!

Não escuteis essa facção ímpia
Que vos repete a sua rebeldia...
Como o verme no chão da tumba escura
Convulsa-se d treva no mistério.
Como o vento do inferno em água impura
Como a boca maldita vos murmura:
“Morra! salvai o império!”

Sim, o império salvai, mas não com sangue!
Vede — a pátria debruça o peito exangue
Onde essa turba corvejou, cevou-se!
Nas glórias do passado ele cuspiram!
Vede — a pátria ao bretão ajoelhou-se,
Beijou-lhe os pés, no lodo mergulhou-se!
Eles a prostituiram!

Malditos! do presente na ruína

Como torpe,  despida Messalina
Aos apertos infames do estrangeiro.
Traficam d´essa mãe que os embalou!
— Almas descridas do sonhar primeiro
Venderiam o beijo derradeiro
Da virgem que os amou!

 

Perdoai-lhe, Senhor! nunca vencido
Se em ferros o lançaram foi traído!
Como o Árabe além no seu deserto,
Como o cervo no páramo das relvas,
Ninguém os trilhos lhe seguira ao perto
No murmúrio das selva.

 

Perdão! por vosso pai! que era valente,
Que se batia ao sol co´a face ardente,
Rei — e bravo também e cavaleiro!
Que da espada na guerra a luz sabia
E ao troar dos canhões intumescia
O peito do guerreiro?

Perdão, por vossa mãe! por vossa glória!
Pelo vosso porvir e nossa história!
Não mancheis vossos louros do futuro!
Nem lisonjeiro incenso a nódoa exime!
— Lava-se o poluir de um leito impuro,
Lava-se a palidez do vício escuro,
Mas não lava-se um crime!

           (OBRAS – H. Garnier, s/d; 7ª edição)



TEXT EN FRANÇAIS


PUJOL, Hypolyte.  Anthologie Poètes Brésiliens. Preface de M. de Oliveira Lima.      S. Paulo: 1912.  223 p.   
                                                            Ex. biblioteca de Antonio Miranda

 

                CE QUE JE DÉSIRE

      
Que ne suis-je le gant que de sa peau si fine
             Presse ta gentile petite main!
      
L´ange squi pour te voir laisse la cour divine?
              La rose qui se fane sur ton sein?

       Oh! que ne suis-je encor la chaussure mignone
              Emprisonnant tes pieds beaux à ravir?
       Et la douce espérance où ton coeur s´abandonne,
              Qui sourit à tes rêves d´avenir?

       Je voudrais être aussi la tonture discrète
              Des blancs rideaux que se ferment na nuit,
       De tes rêves témoins, gardiennne muette,
              Gardienne des mystères de ton lit!

       De ce double Collier que baise ta poitrine,
       De ce Collier de perles du Ceylan
              Crois-moi, je voudrais être encor la Croix divine
              Que le soir tu baises em te couchant.
               
       Que ne suis-je plutôt ton miroir três fidèle
              Quand, le retour des délices du bal,
       En te désabillant et devenanta plus belle
              Ta grâce nue éblouit son cristal!

       Oh! si j´étais encor de la couche discrète,
              Le lin couvrant tes charmes merveilleux,
       L´orciller moelleux où repose ta tête
              Tout parfumé de l´or de tes cheveux!

       Que vondrais-je de plus? Etre l´objet suprême
              Et le foyer de toutes tes ardeurs,
       Ton bon ange gardien, l´essence de toi-mêmes,
              Et le confort de toutes tes langueurs...

 

*

VEJA e LEIA outros poetas brasileiros em Francês em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesie_bresilienne/poesie_brasilienne_index.html

Página publicada em março de 2024,

 

 

 

 

 

Página publicada em dezembro de 2008. ampliada e republicada em janeiro de 2016. Ampliada em setembro de 2016 - Página ampliada em setembro de 2020



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