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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Fonte: www.cafecolombo.com.br

 

CÉSAR LEAL

 

 

Nasceu na fazenda Belmonte, município de Saboeiro (Ceará, Brasil), em 1924. Foi redator do “Diário de Pernambuco” e mais tarde do “Diário Literário”. Leal está reputado como um dos jornalista mais lúcidos do Brasil. Grande ensaísta e especialista em Dante. Criou o programa de pós-graduação em Letras e Linguística na Universidade Federal de Pernambuco. Foi membro do Conselho Federal de Cultura. Traduzido para vários idiomas.  

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS  / TEXTOS EN ESPAÑOL EN FRANÇAIS

TEXTOS EM ALEMÃO  (DEUTSCH)

 

 

Extraídos de

ANTOLOGÍA DE LA POESÍA BRASILEÑA

Org. y Trad.  Xosé Lois García

Edicións Laiovento

Santiago de Compostela, 2001  

 


SUTILÍSSIMO ETERNO

Sutilíssimo eterno que habita
minhas saletas interiores
onde trago o tempo guardado
noturno e resignado

sutilíssimo eterno interior
que como um tálamo é
em minha alma limpa e sofrida
como água dormida em pedra

que eterna seiva alimenta
este tempo em mim retido
plumagem livre de flor
forma exata imperecível

sinto-te assim como um trunfo
branda coroa do eterno
além das nuvens, das águas
ouço o teu metal desperto

se existes no ser completo
na cinza móvel das sombras
por que retiras de mim
tudo o que em mim não é pântano?

 


ANÁLISE DA SOMBRA

Analisa-se da sombra
seu caráter permanente:
pela manhã retraindo
a imagem, à tarde crescente.

E aquele instante em que a sombra
adelgaça o corpo fino
como se no chão entrasse
quando o sol se encontra a pino.

Quem a esse instante mira
em oposição ao lado
onde o sol era luz antes
logo vê o passo vago

da sombra que agora cresce
o corpo de onde se filtra
até fundir-se no limbo
que em torno dela gravita.

Forma esse limbo a coroa
que as sombras traz federadas:
soma de todas as sombras
num só nó à noite atadas.

 

 

OS DOIS SEMESTRES DO JAGUARIBE

Eis o Jaguaribe, rio
elegante, limpo e seco,
de janeiro à junho é água,
de julho a dezembro, areia.

É rio de muita força
e muito orgulho nas águas,
quando seco, é belo e manso;
cheio é feio e temerário.

Corre entre campos antigos,
entre móquens, molungus,
alvas roças de algodão,
gado açoreano e zebu.

Em janeiro suas águas
têm um brilho de metal,
mas em abril esse brilho
já começa a enferrujar,

todo em ferrugem vestido,
em meio o rio é vermelho,
finda junho e ele penetra
em seu semestre de areia.


 

POEMA DA NOITE MENOR

 

Desça a noite suavemente

ao encontro das auroras

movendo remos de sono.

 

Venha a linguagem das pedras

sangre o peito dos rochedos

à lança dos furacões.

 

Bandeiras de vento ondulem

na terra oculta dos sonhos

as trevas sepultem luas.

 

Nuvens caídas repuxem

meu corpo de luz suspenso

pelas cordas do arco-íris.

 

Nos labirintos da morte

— a espessura do silêncio

e a rota desconhecida.

 

===============================

 

De
OS HERÓIS
Capa e ilustrações de Francisco Brennand
Recife: Bagaço, 1996

ISBN 85.85763-06-X

 

NASSAU

Cheguei a Pernambuco, eu era  um príncipe,
nobre alemão — sem ódio nem temores —
trouxe comigo a arte dos flamengos,
junto ao canhão: cinzel, pincel, pintores...

Fiz do Recife uma cidade eterna
— com tantas pontes dei beleza ao rio
para os da terra eu fui duro na guerra
e lhes mostrei de minha espada o fio

De volta à Europa, já no mar de longo,
lembrei os canaviais  — outros o tomem!
Na Alemanha escrevi meu epitáfio:
“A morte é a última vaidade do Homem”.


DIAS CARDOSO

DE LONGE vim e aqui
                            pisei
o amado solo brasileiro
— permaneci na mata oculto
a preparar os guerrilheiros.

Era preciso amar o
                        braço
da gigantesca inusrreição
e fez-me Deus um dos
                                     soldados
a expulsar a invasão.

Assim cheguei a Pernambuco
— já tão distante a Pátria tinha
que amar a nova foi princípio
como se fora a Pátria minha.

 

 

 

De
LEAL, César
.

Os Heróis.
Desenhos de Francisco Brennand.    
Recife: Governo do Estado de Pernambuco, Secreatria de Turismo, Cultura e Esportes, 1983. s.p. ilus. p&b  formato 15,25 x 22,5 cm.   Edição supervisionada pelo arquiteto Moisés Andrade e organizada pelo pintor José Cláudio. Composição, montagem, fotolito, impressão e acabamento da Cia. Editora de Pernambuco – CEPE, em papel couchê. Col. A.M. (EE)

 

 

MATHIAS DE ALBUQUERQUE

Em minha tumba arde rubra chama
que pulsa como fogo universal,
Mas hoje no Recife já não temos
heróis como Barreto e André Vidal.
Irei levar o meu exemplo aos vivos
que mortos já se encontram  antes da morte
irei erguer de novo em Pernambuco
em outras mãos a minha espada forte.

 

 

 

 

LEAL, CésarAnimal do abismo e outras vozes do inverno. Vol. I.  Recife: Edições Bagaço, 2011.  84 p.  A trilogia pretende versar sobre os BRICs – Brasil, Rússia, Índia e África do Sul -, sendo o primeiro sobre a Rússia. Col. A.M.

 

Os dois tamarindos

 

A Aécia Leal

 

 

No sonho duas imagens: dois tamarindos

no pátio

 

onde frutos, folhas e ninhos nos galhos

se misturavam.

 

Grandes cavalos castanhos as sombras

daquelas árvores

 

batiam os cascos no solo como se pedissem

banhos.

 

As cilhas das fortes celas eram entáo

afrouxadas

 

num lado, couro curtido, noutro douradas

fivelas.

 

Em frente ficava a casa erguida diante

do tempo

 

Belmonte que já cantei nas Invenções

de 50.

 

Hoje de Belmonte restam no tempo tristes

escombros

 

mas os mortos tamarindos resistem vivos

nos sonhos.

 

 

O respirar da terra

 

O vasto sopro do mar balança as frondes,

a jardineira, no jardim de tantas flores,

me faz desafiar os espinhos das roseiras.

Há um silêncio que abranda os ruídos da Terra,

o tempo afrouxa suas horas, os momentos

deslizam nos dias, o poema se ergue irónico,

a esconder o pranto das ondas

na fronde das litorâneas palmeiras latinas.

 

 

 

SANTOS, DulcineaEntre a vigília e o sono: o processo criador de César Leal.  Porto Alegre: Editora HCE, 2012.  86 p.  Capa: foto do poeta por Heitor Cunha. ISBN 978-85-65926-02-4  Ensaio sobre a poesia de César Leal. Inclui também poemas dedicados a César Leal pelos poetas Bruno Tolentino, Emílio Moura, Tereza Tenório, Jaci Bezerra, Esman Dias, A.B. Mendes Cadaxa, Weysdon Barros Leal, Marcus Accioli, Francisco Carvalho, Deborah Brennand, José Alcides Pinto e Ariano Suassuana. Col. A.M. 

A seguir, um poema de César Leal que aparece na última capa: 

 

 

Tirésias

 

Quando o véu do futuro,

durante o nosso sono

se rompe de repente

pela força do sonho

 

Então nos é mostrado

o não acontecido

mas que pode ocorrer

por ser no sonho visto:

 

são proféticos sonhos

em símbolos mostrando

o diamante da vida

duras pedras riscando.

 

E próprio do diamante

— se encontra bem provado

riscar todas as pedras:

por nenhuma é riscado.

 

Assim quem bem trabalha

os desenhos do sono,

lapida com mais arte

o diamante do sonho!


 

 

LEAL, César.  A águia e o Simurgh: imagens poéticas.  Organização, apresentação e notas Luiz-Olyntho Telles da Silva.  Porto Alegre HCE editora, 2011.  103 p.  11,5x19,5 cm. Capa: Retrato de Dante Alighieri, por Giodotto di Bondone. Retrato de César Leal na orelha, por Gil Vicente (1995).  Textos adicionais de Weysdon Barros Leal e Dulcinea Santos.  Textos de César Leal sobre Dante Alighieri. Inclui também o poema “A Oriental Safira”, de César Leal em homenagem a Nélida Piñon.  Col. A.M. 

 

A ORIENTAL SAFIRA

         à Nélida Pinon

 

La gloria de colui che tutto move

faz ondular no céu o seu rebanho

- limpos diamantes a girar na luz —

rugem vulcões nos abissais do mar,

treme o horizonte quase a rebentar,

ouço o rumor da nuvem que se move.

 

Sobre minh'alma agora aberta em cruz

penetram sombras altas como a noite,

trazendo aos sonhos só águas barrentas,

onde fixos estão alvos secretos,

do firmamento os seus mais altos tetos,

rubros cristais no azul do mar só luz.

 

A sombra me conduz a outras paisagens,

a Montanha de Kaf (cerca a Terra),

os rios, os ciprestes inclinados,

as cidadelas brancas onde a Morte

joga com seu punhal e afina o corte,

levando a todos a cruel mensagem. .

 

Alvos astros ao sul desenham a cruz,

enquanto o Tempo vai medido em anos,

e céu e mar ocultam seus mistérios!

Sinto que o dia avança e leva a face

que mostra ao mundo o seu olhar fugace

- a Terra argila azul banhada em luz.

 

Vencido o nevoeiro chego ao ponto

onde são vistas brisas na folhagem

e aves a construir os altos ninhos...

a música do Sol no sentimento

me faz chegar à voz um canto lento

de cujas notas sou o contraponto.

 

Vejo no Limbo a trágica beleza...

o passado que volta é só lembrança

do Planeta banhado pelo Sol.

Sinto Francesca o Amor que fez maldita

a tua sorte expressa em fala aflita

neste lar onde o Tempo é só tristeza.

 

No Flegetonte um Sábio me aconselha

a não parar às margens desse rio

onde as águas ardentes brotam chamas!

Reconhecendo aquela voz amiga,

lembro, é meu mestre nesta casa antiga

que tem o firmamento como telha.

 

E conversamos como antigamente,

nada direi do rosto requeimado,

que vejo em fogo — máscara de brasas —,

aceito o que me diz, muito o admiro,

das lições que me dá conclusões tiro:

tem violinos na voz eternamente...

 

Aos sólios do solstício eis-me lançado

e de seu trono em calma fito o mundo

com tantas lutas e ódios tão ferozes,

arranco a voz todo falar futuro,

as trevas já me rondam feitas muro

- subitamente vejo-me cercado.

 

O Tempo ao mundo vai ficando espesso,

a suave luz do mar no mar se oculta

e o canto muda em notas de aspereza,

Eneias busca a gruta de Sibila,

a precisão do Oráculo destila,

a flecha acerta Dido no arremesso.

 

Lança-se ao mar no lenho a recordar

as Portas de Marfim vistas no sonho

apaziguando velhas cicatrizes!...

e lembra Tróia e a guerra não vencida,

a Ílion de altos muros jaz perdida

sem Dido novo reino vai fundar.

 

Como no palco as vozes vão subindo

e o semblante do coro vai baixando

até que da plateia chega o aplauso...

Assim sobe na morte o sol futuro

e baixa as duras pedras deste muro

quando da vida o tempo for fugindo!

 

A brisa, a planta, a folha, a rosa, o fim,

a brasa, a vela, a dança, a nuvem, o ar,

a vaga, a ilha, a selva, o lago, a cinza,

o promontório, a pluma, o voo, a asa,

a forma, o Sol, e novamente a brasa,

a voz do amor, o cósmico marfim.

 

Qual braseiro coberto pelas cinzas

ao sopro matinal mostra o rubor

que no sono das brasas se ocultava,

o sono assim ferido pela voz

desperta esse braseiro oculto em nós

e lança no ar da tarde suas cinzas.

 

Flóridas águas, onduladas cores

que a forma toma de claras vogais

saltando limpas de exiladas vozes...

Sobre o horizonte da linguagem chove

azulada neblina que se move

levando águas à terra e à vida, amores.

 

A cruz no azul do céu do meu país

que aumenta a Fé no sonho dos meninos

- meridionais na morte e no nascimento —

é o lampadário ao Sul que a noite acende

e seu desenho pelo céu resplende

simbolizando a força que Deus quis.

 

A eterna luz no olhar é puro engano,

uma ilusão que as flores negariam

ao se inclinar no caule a cada tarde,

a Ursa em seu voar deseja menos,

ainda que tenha a altura que não temos

nem mede seu viver ano por ano!

 

Mas a treva nos cerca como o Tempo

nesse rodar veloz das estações

que vão mudando a fala das crianças,

até que nosso corpo verga ao peso

que atrai do jovem olhar pena e desprezo

e a mente nega forma ao pensamento.

 

A sombra é sono, o sono esmaga a mente

com sonhos-pesadelos de quem sofre

nos campos do sonhar sono sem fim

onde o sonho no sono aponta a morte

e a Morte ao produzir seu fundo corte

recorda o sono forte a toda gente.

 

Se a vida foi ao homem consentida,

as coisas que as virtudes aniquilam

vivê-las plenamente todos querem...

Mas quem foi para a morte destinado

e o mais que fez fiou no já passado

a vida pouco vale em ser vivida!

 

Prateadas vozes, luminosos dedos,

neblina azul no fundo azul das águas,

pés orvalhados, alvos tornozelos!...

Olhar pesado e cego ao céu profundo,

deixar o lar, o mar, o sol, o mundo

— saber-se unido ao sono dos rochedos.

 

Cego leopardo! Garra de leão,

exasperante loba no poente,

cascavel ébria que me habita os sonhos,

é o sono quem nos governa o futuro,

eu sei que tudo é pó, é pedra, é muro,

nem sombra ficará, tudo é carvão.

 

As belas formas jazerão sem cores,

feitos de lírios pareciam os dedos,

dentro das tumbas soltas cabeleiras,

antes do pó é limo o corpo todo,

o ventre claro agora é um pardo lodo

hormônio e sangue alimento das flores.

 

A você pelo céu resplende e canta,

em seu delírio de neblina e sombra,

topázio triste que consola os campos...

Os ramos pesam sobre o caule e a Terra

sustenta o sol nas asas dessa guerra

onde a voz de Spandau o mundo espanta.

 

Do Templo das palavras me retiro

para deixar no mundo esta linguagem

que, se diz muito, pouco ainda diria!

No céu, eis o luzeiro constelado

e todo o alvorecer vejo banhado

na doce cor d'oriental zaffiro.

 

 

LEAL, César.   Der Triumph der Wasser und ander Gedichte. O Triunfo das Águas e outros poemas.  Edição bilíngue.  Aus dem brasilianschen Portugiesisch mit einer Einfuhrung und einem Glossar von Curt Meuer-Clason.  Recife: Edições Bagaço, 2008.  198 p.  ilus.  Textos em português e alemão.  Inclui glossário.  Capa: Cristiane Lacerda. Foto da capa: Majela Colares.  ISBN 978-85-373-0477-8   Col. A.M. 

 

 

O eterno fluir do sangue

 

NÃO importa a montanha, a altura das árvores
                                           e das armas,

nem o rochedo solitário à margem direita
                                              do rio,

o Cisne olha o céu nas águas e não vê mais
                    do que nuvens finíssimas e fixas

cujas sombras nas ondas se movem apenas
                    por estarem o Sol e
                    a Terra em movimento.
                                                         Em movimento...

Planetas e estrelas nunca param, assim como o sal e

o sangue ancestral - navegantes da carne - num eterno fluir

chegaram

                ao
                              coração ( ) ( ) ()  () ( ) da

humanidade.

 

 

 

Libertação

 

          A Oswaldino Marques

 

Vejo um oceano de luz

banhando o linho do mar

é o fogo dos raios vivos

que estão sempre a navegar

 

pelos caminhos da treva

celeste, luz a reinar

por entre os montes da terra

e os fundos vales do mar

 

Do sol se nutre o seu fogo

buscando sempre alcançar

o amor, limite do ódio,

o ódio limite do amar

 

e essa luz que no ar cintila

é o diamante das mágoas

cintila em meu sangue aceso

Já que sou parte das águas.

 

E sendo poeta sou águia

e voo na luz Transbordante

dos astros que cruzam os céus

guardando ordem constante

 

Por ser águia irei voando

e abismos de Eternidade

minhas asas irão cortando

em busca da Liberdade

 

Sei que o Porto não está longe
e seu cais hei de alcançar:
Pois a vida só é vida
quando se vive a lutar.

 

E mais livre ainda serei
- livre do voo e da dor -
quando a morte me atirar
no seu vasto Corredor.

 

 

LEAL, César.  Quatro estudos de poesia & quatro poemas.  Recife: Bagaço, 1998.  136 p.  11x18 cm.  Inclui: Universalidade de Jorge de Lima; As fontes clássicas e populares da poesia de Ariano Suassuna; Dimensões temporais da poesia; O universo poético de Joaquim Cardoso.  Col. A.M. 

 

 

ANTÔNIO CONSELHEIRO

 

Cheguei à Terra e em Canudos fiquei.

Cercado pelo muro das colinas

A missão do destino comecei.

 

Uma Igreja de rústica beleza

De pedra e cal ergui até os céus

Ao Ministro maior da natureza.

 

Ao concluir a enorme Catedral

Olhei a torre, levando até o bronze

A força do metal contra o metal.

 

Quando o sino vibrou tremeu a Terra.

A luz do Setestrelo se apagou

E contra os meus moveu-se o anjo da guerra.

 

(Uma guerra com um tiro se inicia

E logo se propaga como um fogo

Assim a de Canudos principia.)

 

Não quis lutar nem luta desejei

E se lutei foi para honrar a vida

Ao ver banhada em sangue a minha grei.

 

A arte da guerra eu ensinei aos meus

Ao enfrentar canhões com espingardas

— Tal arte o militar não aprendeu.

 

Por nove luas o sol da artilharia

Descia com seus raios sobre o vale

— À noite nossa prece ao Céu subia.

 

Quando o arraial de obuses foi coberto

Saí ao campo e um mar de baionetas

Eu enfrentei de peito descoberto.

 

E aqueles cuja face foi banhada

No branco olhar da morte viram a Vida

Da carne ainda aos ossos agarrada.

 

E foi descendo em nós treva profunda

Enquanto a cada dia novos corpos

Já carne aos brancos ossos não circunda.

 

Baixaram até o solo o meu povoado

E o Sacrário tão caro a nosso povo

Pelo inimigo foi despedaçado.

 

Soube o Brasil assim quanto eram fortes

Aqueles cujo sangue misturaram

Ao sangue dos irmãos, juntos na morte.

 

Sei que ganhei porque não fui vencido:

Nas minhas mãos a Cruz jamais tremeu

Ante a Espada feroz do inimigo

 

Do meu viver sempre haverá memória.

Lembro os algozes: dizem " Tiradentes!"

Sem exemplos seguir, de sua história

 

Aqui estou meu Deus com Vossa Lei

E com meu povo vivo eternamente,

Tomei-me um Mito e um mito

                         é mais que um Rei

Por isso estou aqui com minha gente.

 

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          TEXTOS EM ALEMÃO
               ( DEUTSCH )

 

 

Das Ewige Fliessen des Blutes

 

Unwichtig ist der Berg, die Höhe der Bäume
                    und der Waffen,    
auch der einsame Felsen auf dem rechten Ufer
                    des Flusses,
der Schwan betrachtet den Himmel im Wasser und sieht
                    nur hauchdünne und unbewegliche Wolken
deren Schatten sich kaum auf den Wellen bewegen

                    weil die Sonne und die Erde
                    in Bewegung sind.

                                                 In Bewegung...                 

 

Planeten und Sterne halten nie inne, so wie das Salz und
das uralte Blut - Seefahrer des Fleischs - im ewigen
                                                                               Fließen

                    Zum

                                 Herzen ( ) ( ) ( )  ( )  ( )  der
Menschheit gelangten.

 

 

Befreiung

 

          Für Oswaldino Marques

 

Ich sehe einen Ozean aus Licht

der das Leinen des Meeres badet

es ist das Feuer der lebendigen Strahlen

die stets dahinsegeln

 

auf den Wegen der himmlischen

Finsternis, Licht das über den

Bergen der Erde herrscht

und den tiefen Tälern des Meeres

 

Von der Sonne nährt sich ihr Feuer

und sucht immer die Liebe zu erreichen

die Grenze des Hasses,

den Hass Grenze des Liebens

 

und jenes Licht, das in der Luft funkelt

ist der Diamant der Schmerzen:

es funkelt in meinem entbrannten Blut

da ich ja Teil der Wasser bin.

 

Und da ich Dichter bin bin ich Adler

und Flug im überbordenden Licht

          der Sterne welche die Himmel durchqueren

und dabei ständige Ordnung bewahren

 

Da ich Adler bin werde ich fliegen

und Abgründe der Ewigkeit

werden meine Flügel durchkreuzen

auf der Suche nach der Freiheit

 

Ich weiß dass der Hafen nicht fern ist

und ich seine Kais erreichen muss:

Denn das Leben ist nur Leben

wenn man lebt um zu kämpfen

 

Und ich werde noch freier sein

— frei vom Flug und vom Schmerz -

wenn der Tod mich in

seinen weiten Flur wirft.

 

 

 

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

 

 

 

Retrato de César Leal na orelha, por Gil Vicente (1995).

 

 

Extraídos de

ANTOLOGÍA DE LA POESÍA BRASILEÑA

Org. y Trad.  Xosé Lois García

Edicións Laiovento

Santiago de Compostela, 2001

 

SUTILÍSIMO ETERNO

 

Sutiliísimo eterno que habita

Mis espacios interiores

donde tengo el tiempo guardado

nocturno y resignado

 

sutilísimo eterno interior

que como un tálamo es

en mi alma limpia y sufrida

como agua dormida en piedra

 

que eterna sabia alimenta

este tiempo en í retenido

plumaje libre de flor

forma exacta inmortal

 

mesiento así como un triunfo

blanda corona de lo eterno

más allá de las nubes

escucho tu metal despierto

 

si existes como ser completo

en la ceniza móvil de las sombras

¿ por qué retiras de mí

Todo lo que em mi no es pantano?

 

 

ANÁLISIS DE LA SOMBRA

 

Se analiza de la sombra

su carácter permanente:

por la mañana retayendo

la imagen, a la tarde creciendo.

 

Y aquel instante enj que la sombra

adelgaza el cuerpo fino

como si em el suelo entrase

cuando el sol se encuentra en su cénit.

 

Quien en ese instante mira

en oposición al lado

donde el sol era luz antes

observa al vagaroso paso

 

de la sombra que ahora crece

el cuerpo de donde se filtra

hasta fundirse en el limbo

que en torno a ella gravita.

 

Forma esse limbo la corona

que las sombras traen federadas:

suma de todas las sombras

en un sólo nudo a la noche atadas.

 

 

LOS SEMESTRES DE JAGUARIBE

 

E aquí el Jaguaribe, río

Elegante, limpo y seco,

de enero a junio es água,

de Julio a septiembre, arena.

 

Es río de mucha fuerza

y mucho orgullo en sus aguas,

cuando está seco, es bello y manso;

lleno es feo y temerário.

 

Corre entre campos antiguos,

entre parrilladas y molungos

blancos campos de algodón,

ganado azoriense cebú

 

En enero sus aguas

tienen un brillo de metal,

pero en abril ese brillo

ya se comienza a oxidar,

 

vestido todo de óxido,

en mayo el río es rojo,

termina junio y penetra

en su semestre de arena.

 

 

POEMA DE LA NOCHE MENOR

 

Descienda la noche suavemente

al encuentro de la auroras

moviendo remos de sueño.

 

Venga el lenguaje de las piedras

sangre el pecho de las rocas

bajo la lanza de los huracanes.

 

Banderas de viento ondule

en la tierra oculta de los sueños

las tinieblas sepulten lunas.

 

Nubes caídas sustentan

mi cuerpo de luz suspenso

de las cuerdas del arco iris.

 

En los laberintos de la muerte

la espesura del silencio

y la ruta desconocida.

 

 

         (Tambor Cósmico, 1978)

 

 

 

Página publicada em dezembro de 2007, ampliada em 2011, 2012.




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