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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




CASTRO ALVES

 

Antônio de Castro Alves nasceu a 14 de março de 1847 na comarca de Cachoeira, na Bahia, e faleceu a 6 de julho de 1871, em Salvador, no mesmo estado brasileiro. Fez o curso primário no Ginásio Baiano. Em 1862 ingressou na Faculdade de Direito de Recife. Datam desse tempo os seus amores com a atriz portuguesa Eugênia Câmara e a composição dos primeiros poemas abolicionistas : Os Escravos e A Cachoeira de Paulo Afonso, declamando-os em comícios cívicos.

 

Em 1867 deixa Recife, indo para a Bahia, onde faz representar seu drama : Gonzaga. Segue depois para o Rio de Janeiro, recebendo aí incentivos promissores de José de Alencar, Francisco Otaviano

e Machado de Assis. Em São Paulo, encontra nas Arcadas a mais brilhante das gerações, na qual se contavam Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, Rodrigues Alves, Afonso Pena, Bias Fortes e tantos outros. Vive, então, os seus dias de maior glória. A 11 de novembro de 1868, em caçada nos arredores de São Paulo, feriu o calcanhar esquerdo com um tiro de espingarda, resultando-lhe a amputação do pé. Sobreveio, em seguida, a tuberculose, sendo obrigado a voltar à Bahia, onde veio a falecer.

 

Castro Alves pertenceu à Terceira Geração da Poesia Romântica (Social ou Condoreira), caracterizada pelos ideais abolicionistas e republicanos, sendo considerado a maior expressão da época. Sobre o grande poeta, Ronald de Carvalho diz : "- mais perto andou da alma nacional e o que mais tem influído em nossa poesia, ainda que, por todos os modos, tentem disfarçar essa influência, na verdade sensível e profunda".

 

Suas obras : Espumas Flutuantes, Gonzaga ou A Revolução de Minas, Cachoeira de Paulo Afonso, Vozes D'África, O Navio Negreiro, etc.

Extraído de: http://orbita.starmedia.com/~poemapage/Castro.htm

 

Veja também: ANTONIO DE CASTRO ALVES EM CARTÃO POSTAL ANTIGO

 

 

Ver também: TEXTO COMPLETO de O NAVIO NEGREIRO



 

TEXTOS EM PORTUGUÊS / TEXTOS EN ESPAÑOL / EN FRANÇAIS

 

TEXTO IN ITALIANO

 

 

 

ADORMECIDA


Ses longs cheveux épars la couvrent tout entière
La croix de son collier repose dans sa main,-
Comme pour témoigner qu'elle a fait sa prière.
Et qu'elle va la faire en s'éveillant demain.
A. DE MUSSET

 

Uma note, eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.

'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.

De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos - beijá-la.

Era um quadro celeste!...A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...

Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!

E o ramo ora chegava ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio,
P'ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...

Eu, fitando esta cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
'Ó flor! - tu és a virgem das campinas!
'Virgem! - tu és a flor da minha vida!...'

 

 

É TARDE!

 

         Trad. de Arturo Corcuera

 

         Olha-me, Ó virgem, a fronte!

         Olha-me os olhos sem luz!

         A palidez do infortúnio

         Por minhas faces transluz;

         Olha, ó virgem - não te iludas

­         Eu só tenho a lira e a cruz.

         JUNQUEIRA FREIRE

 

         É tarde! É muito tarde!

         MONT’ ALVERNE

 

E tarde! E muito tarde! O templo é negro...

O fogo-santo no altar não arde.

Vestal! não venhas tropeçar nas piras ...

         É tarde! É muito tarde!

 

Treda noite! E minh'alma era o sacrário,

A lâmpada do amor velava entanto,

Virgem flor enfeitava a borda virgem

         Do vaso sacrossanto.

 

Quando Ela veio — a negra feiticeira —

­A libertina, lúgubre bacante,

Lascivo olhar, a trança desgrenhada,

         A roupa gotejante.

 

Foi minha crença — o vinho dessa orgia,

Foi minha vida — a chama que apagou-se,

Foi minha mocidade — o touro lúbrico,

         Minh'alma - o tredo alcouce.

 

E tu, visão do céu! Vens tateando

O abismo onde uma luz sequer não arde?

Ai! não vás resvalar no chão lodoso ...

         É tarde! É muito tarde!

 

Ai! não queiras os restos do banquete!

Não queiras esse leito conspurcado!

Sabes? meu beijo te manchara os lábios

         Num beijo profanado.

 

A flor do lírio de celeste alvura

Quer da lucíola o pudico afago ...

O cisne branco no arrufar das plumas

         Quer o aljôfar do lago.

 

É tarde! A rola meiga do deserto

Faz o ninho na moita perfumada ...

Rola de amor! não vás ferir as asas

         Na ruína gretada.

 

Como o templo, que o crime encheu de espanto,

Ermo e fechado ao fustigar do norte,

Nas ruínas desta alma a raiva geme ...

         E cresce o cardo — a morte —.

 

Ciúme! dor! sarcasmo! - Aves da noite!

Vós povoais-me a solidão sombria,

Quando nas trevas a tormenta ulula

         Um uivo de agonia! ...

 

*  *  *

 

É tarde! Estrela-d'alva! o lago é turvo.

Dançam fogos no pântano sombrio ..

Pede a Deus que dos céus as cataratas

         Façam do brejo - um rio!

 

Mas não ...! Somente as vagas do sepulcro

Hão de apagar o fogo que em mim arde    .

Perdoa-me, Senhora! ... Eu sei que morro           .

         É tarde! É muito tarde! ...

 

         Rio de Janeiro, 3 de novembro de 1869.

         (De Espumas Flutuantes)

 

 

 

OLIVEIRA, Alberto dePáginas de ouro da poesia brasileira. Rio de Janeiro: H Garnier, Livreiro-Editor, 1911.   420 p.  12x18 cm Ex. bibl. Antonio Miranda

Inclui os poetas: Frei José de Santa Rita Durão, Claudio Manuel da Costa, José Basílio da Gama, Thomas Antonio Gonzaga, Ignacio José de Alvarenga Peixoto, Manoel Ignacio da Silva Alvarenga, José Bonifacio de Andrada e Silva, Bento de Figuieredo Tenreiro Aranha, Domingos Borges de Barros, Candido José de Araujo Vianna, Antonio Peregfrino Maciel Monteiro, Manoel de Araujo Porto Alere, Domingos José Gonçalves de Magalhães, José Maria do Amaral, Antonio Gonçalves Dias, Bernardo Joaquim da Silva Guimarãaes, Francisco Octaviano de Almeida Rosa, Laurindo José da Silva Rabello, José Bonifacio de Andrada e Silva, Aureliano José Lessa, Manoel Antonio Alvares de Azevedo, Luiz José Junqueira Freire, José de Moraes Silva, José Alexandre Teixeira de Mello, Luiz Delfino dos Santos, Casemiro José Marques de Abreu, Bruno Henrique de Almeida Seabra, Pedro Luiz Pereira de Souza, Tobias Barreto de Menezes, Joaquim Maria Machado de Assis, Luz Nicolao Fagundes Varella, João Julio dos Santos, João Nepomuceno Kubitschek, Luiz Caetano Pereira Guimarães Junior, Antonio de Castro Alves, Luiz de Sousa Monteiro de Barros, Manoel Ramos da Costa, José Ezequiel Freire, Lucio Drumond Furtado de Mendonça, Francisco Antonio de Carvalho Junior, Arthur Narantino Gonçalves Azevedim Theophilo Dias de Mesquita, Adelino Fontoura, Antonio Valentim da Costa Magalhães, Sebastião Cicero de Guimarães Passos, Pedro
Rabello e João Antonio de Azevedo Cruz.   

 

 

         A QUEIMADA  

         Meu nobre perdigueiro! vem commigo.
         Vamos a sós, meu corajoso amigo,

       Pelos ermos vagar!
         Vamos lá dos geraes, que o vento açouta,
         Dos verdes capinaes na agreste mouta

       A perdiz levantar!...

         Mas não !... Pousa a cabeça em meus joelhos.
         Aqui, meu cão !... Já de listrões vermelhos

       O céo se illuminou.
         Eis súbito, da barra do occidente,
         Doudo, rubro, veloz, incandescente,

                  O incêndio que accordou!

         A floresta rugindo as comas curva...
         As azas foscas o gavião recurva,

       Espantado a gritar.
         O estampido estupendo das queimadas
         Se enrola de quebradas em quebradas,

       Galopando no ar.

      E a chamma lavra qual giboia informe,
      Que no espaço vibrando a cauda enorme,

Ferra os dentes no chão...
Nas rubras roscas estortega as mattas...
Que espadanam o sangue das cascatas

    Do roto coração!... 

O incêndio — leão ruivo, ensanguentado,

A juba, a crina atira desgrenhado

    Aos pampeiros dos céos!...
      Travou-se o pugilato... e o cedro tomba...
      Queimado... retorcendo na hecatomba

                  Os braços para Deus.

      A queimada ! A queimada é uma fornalha!
      A hirara pula; a cascavel chocalha...

    Raiva, espuma o tapir!
      E ás vezes sobre o cume de um rochedo
      A corça e o tigre — náufragos do medo —

                  Vão trémulos se unir !

      Então passa-se ali um drama augusto...
      No ultimo ramo do páo de arco adusto

    O jaguar se abrigou...
      Mas rubro é o céo... Recresce o fogo em mares:
      E após tombam as selvas seculares...

         E tudo se acabou !...

 

 

 

 

VOZES D´ÁFRICA, EM NOVA EDIÇÃO (2010)

 

 

"Vozes d´África" é um dos mais famosos poemas de Castro Alves, uma das jóias de nosso Romantismo. Mereceu recentemente uma nova edição, destacada, com ilustrações sugestivas de André Côrtes, compondo um conjunto de textos e imagens harmonioso e apropriado para a leitura do celebrado poema do abolicionista baiano. O prefácio de Nei Lopes é bastante pertinente e elucidativo. Revela que a ideia que se tinha da África era deturpada, por homegeneizar um continente tão diversificado geograficamente. Castro Alves certamente sabia disso, mas optou por referir-se a uma parcela, generalizando-a. 

         "O poema, entretanto, mostra a África desgraçada (...) " A África do poema fica só aí, nas areias do deserto, montada a cavalo, em trajes da cultura árabe. E lamentando não ter nem "uma sombra de floresta", para se proteger do sol inclemente"".  E lembra que Castro Alves se referia a uma parte do continente africano de "onde não veio, salvo exceção, nenhum cativo para o Brasil.  Fascinante, exótica, misteriosa, "oriental" (...)  Mas reconhece que "Castro Alves elevou seu canto de liberdade às mais altas alturas. "  Sem dúvida.

         Outro elemento de destaque desta edição é um "Glossário do Poema", para facilitar o entendimento por um público mais amplo.  

O texto do poema está em muitas edições, e em muitos blogues. Limitamo-nos a transcrever um fragmento e a mostrar uma das ilustrações de André Côrtes.

 

NÃO BASTA INDA DE DOR, Ó DEUS TERRÍVEL?!
É, POIS, TEU PEITO ETERNO, INEXAURÍVEL
         DE VINGANÇA E RANCOR?...
E QUE É QUE FIZ, SENHOR? QUE TORVO CRIME
EU COMETI JAMAIS QUE ASSIM ME OPRIME
         TEU GLÁDIO VINGADOR?

 

 

 

 

Extraído de: CASTRO ALVES. Vozes d´África. Ilustrações de André Côrtes.  Rio de Janeiro:  Escrita Fina, 2010.  s.p.  ilus. col.  ISBN  978-85-63248-10-7

 

 

VOZES D'AFRICA

 

Deus! ó Deus ! onde estás, que não respondes?
Em que mundo, em que estrella tu te escondes

Embuçado nos céos?
Ha dois mil annos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...

Onde estás, senhor Deus?...

 

Qual Prometheu, tu me amarraste um dia
Do deserto na rubra penedia,

Infinito galé!...
Por abutre — me deste o sol ardente!
E a terra de Suez — foi a corrente

 Que me ligaste ao pé...

 

O cavallo estafado do beduíno
Sob a vergasta tomba resupino,

 E morre no areal.
Minha garupa sangra, a dor poreja,
Quando o chicote do simun dardeja

 O teu braço eternal.


Minhas irmães são bellas, são ditosas...
Dorme a Asia nas sombras voluptuosas
           Dos haréns do Sultão,
Ou no dorso dos brancos elephantes
Embala-se coberta de brilhantes
           Nas plagas do Indostão.

 

Por tenda — tem os cimos do Hymalaia...
 O Ganges amoroso beija a praia
           Coberta de coraes...
A brisa de Mysora o céo inflamma;
E ella dorme nos templos do deus Brahma,
           Pagodes colossaes...

 

 Europa — é sempre Europa, a gloriosa !...
A mulher deslumbrante e caprichosa,
           Rainha e cortezã;
Arista — corta o marmor de Carrara;
Poetisa — tange os hymnos de Ferrara,
            No glorioso afan!...

 

Sempre o laurel lhe cabe no litigio,
Ora uma c'rôa, ora o barrete phrygio
            Enflora-lhe a cerviz;
 E o universo após ella — doudo amante,
Segue captivo o passo delirante
           Da grande meretriz!

           . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

 

Mas eu, Senhor !... Eu triste, abandonada,
Em meio dos desertos esgarrada,
          
Perdida, marcho em vão !
 Se choro... bebe o pranto a areia ardente !
Talvez... p'ra que meu pranto, ó Deus clemente,
           Não descubras no chão !...

 

E nem tenho uma sombra na floresta
Para cobrir-me, nem um templo resta

 No solo abrasador...       

Quando subo ás pyramides do Egypto,
Embalde aos quatro céos, chorando, grito :

« Abriga-me, Senhor !... »

 

Como o propheta em cinza a fronte envolve
Velo a cabeça no areal que volve

O siroco feroz...
Quando eu passo no Sahara amortalhada,
Ai! dizem : « Lá vae Africa embuçada
           No seu branco albornoz... »

 

Nem vêem que o deserto é meu sudário,
Que o silencio campeia solitário

 Por sobre o peito meu.
Lá, no solo onde o caído apenas medra,
Boceja a Sphynge colossal de pedra,

Pitando o morno céo.

De Thebas nas columnas derrocadas
As cegonhas espiam, debruçadas,

 O horizonte sem fim...
Onde branqueja a caravana errante
 E o camelo monótono, arquejante,

 Que desce do Ephraim...

 

Não basta inda de dôr, ó Deus terrível? !...
E' pois teu peito eterno inexhaurivel

De vingança e rancor? ]

E o que é que fiz, Senhor? ! que torvo crime
Eu commetti jamais, que assim me opprime

Teu gladio vingador? !

 

Foi depois do diluvio... Um viandante,
Negro, sombrio, pallido, arquejante,

Descia do Ararat...

E eu disse ao peregrino fulminado:
" Cham, serás meu esposo bem amado...

Serei tua Eloá... »

 

Desde esse dia o vento da desgraça
Por meus cabellos ululando passa

O anathema cruel;

As tribus erram do areal nas vagas,
E o nómada faminto corta as plagas

No rápido corsel.

 

Vi a sciencia desertar do Egypto...

Vi meu povo seguir — Judeu maldito —

Trilho de perdição...

Depois vi minha prole desgraçada,
Pelas garras da Europa — arrebatada,

Amestrado falcão!...

 

Christo ! embalde morreste sobre um monte.
Teu sangue não lavou da minha fronte

 A mancha original.

Ainda hoje são, por fado adverso,

Meus filhos — alimária do universo...

Eu — pasto universal!...

 

Hoje em meu sangue a America se nutre :
— Condor, que transformára-se em abutre,

 Ave da escravidão.

Ella juntou-se ás mais... irmã traidora!
Qual de José os vis irmãos, outrora,

Venderam seu irmão!

 

Basta, Senhor! De teu potente braço
Role atravez dos astros e do espaço

Perdão p'ra os crimes meus!

Ha dois mil annos — eu soluço um grito...
Escuta o brado meu lá no infinito,

 Meu Deus ! senhor, meu Deus !...

 

 

 

 

 

 
TEXTOS EN ESPAÑOL

 

 

 

Antonio de Castro Alves, retrato
por Cândido Portinari, desenho à grafite/papel
1928 – Rio de Janeiro, 16,5x13 cm.

 

 

 

ADORMECIDA

 

Trad. de Jaime Tello


Ses longs cheveux épars la couvrent tout entière
La croix de son collier repose dans sa main,-
Comme pour témoigner qu'elle a fait sa prière.
Et qu'elle va la faire en s'éveillant demain.

  1. DE MUSSET

 

 

Una noche, recuerdo… Ella dormía

Muellemente en la hamaca recostada…

Casi abierto el ropón… suelto el cabello,

Y el pie descalzo que el tapiz tocaba.

 

Por la ventana abierta un dulce aroma

Llegava de la selva y la campiña…

Y en lejano trozo de horizonte

Plácida ya la noche se veía.

 

De un jazmín los gajos recurvados

Indiscretos entraban a la sala,

Y oscilando al compás de dulce céfiro

Trémulos en el rostro la besaban.

 

¡Oh cuadro celestial! Cada caricia

Aun soñando a la moza estremecía…

La flor, al serenarse, la besaba…

Cuando ella lo iba a hacer, la flor huía…

 

Diríase que en ese dulce instante

Dos niños retozaban inocentes…

La brisa, al agitar las hojas verdes

¡Hacíale ondear las negras trenzas!

 

La rama se acercaba, se alejaba…

Mas al verla entreabrir los ojos negros,

Por no afligirla… alegre sacudía

Una lluvia de flores en el seno…

 

Yo, mirando esta escena, repetía

En esa noche trémula y sentida:

- “!Oh flor, eres la virgen de los campos!

- Virgen, ¡tú la flor eres de la vida!...”

 

 

Extraído de CUATRO SIGLOS DE POESÍA BRASILEÑA. Introducción, traducción y notas de Jaime Tello.  Caracas: Centro Abreu e Lima de Estudios Brasileños; Instituto de Altos Estudios de América Latina, Universidad Simón Bolívar, 1983.  254 p.

 

 

 

ADORMECIDA

 

         Trad. de Arturo Corchera

 

Una noche, recuerdo ... Ella dormía

Recostada en la hamaca, blandamente ...

Casi abierta la bata ... Suelto el pelo.

Desnudo el pie sobre la estera ardiente.

 

Absorta la ventana. Un vaho agreste

Exhalaba el zarzal de la campiña ...

Y venía en un trazo de horizonte

La noche, lejos, plácida y divina.

 

Los ramajes doblados, indiscretos

De un jazminero, entraban por la sala

Y al vaivén de las brisas oscilando

Trémulos como labios la besaban.

 

¡Era un cuadro celeste!. .. Como ensueño

Cada roce a la moza estremecía ...

Cuando ella se calmaba ... La besaban

Flores que si ella iba a besar, huían ...

 

Era como si en ese dulce instante

Jugaran a sonar dos inocencias ...

Mecía el aire los ramajes verdes

¡Haciendo ondear las renegridas trenzas!

 

Ora el jazmín se iba… Ora llegaba…

Mas si enfados urdía su despecho

Sólo por sosegarla… lloviznaba

Sobre su seno un perfumar de pétalos.

 

Yo, enmudecido, viéndola decía

Entre la noche de albas encendida:

“!Tú eres la Virgen —flor— de las campiñas!”

“!Tú eres la flor —Oh Virgen— de mi vida!...”

 

 

¡ES TARDE!

 

         Trad. de Arturo Corchera

 

¡Es tarde! ¡Ya es muy tarde! El templo a oscuras

En el altar el fuego santo no arde.

¡No tropieces, Vestal, entre Las brasas ...!

         ¡Es tarde! ¡Ya es muy tarde!

 

¡Traidora noche! Mi alma era un sagrario,

Su lámpara el amor velaba, en tanto

Virgen flor adornaba el borde virgen

         Del vaso sacrosanto.

 

Cuando Ella vino —fúnebre hechicera—

La libertina, lúgubre bacante,

Mirar lascivo, trenza desgreñada,

         EI traje deleznante.

 

Mi religión —el vino de esa orgía.

No un incendio mi vida —un apagar,

Y fue mi mocedad —lúbrico toro.

         Y mi alma un lupanar.

 

Visión del cielo! ¿Vienes tanteando

Abismos donde ya la lumbre no arde?

No vayas, ay, a sepultarte en fango ...

         Es tarde. Ya es muy tarde.

 

¡No quieras, no, las sobras del banquete!

¡Ni el pervertido lecho del malsano!

Mi boca -entiende- manchará tu beso

         Con su beso profano.

 

La flor del lirio de celeste albura

Busca de la luciérnaga un halago.

El cisne quiere en su agitar de plumas

         La perla de los lagos.

 

¡Es tarde! La paloma del desierto

Su nido hace en la fronda perfumada ...

¡Paloma del amor! Cuida tus alas

         De los boscajes yertos.

 

Templo que el crimen asoló de espanto,

Cerrado al fustigar del viento, inerte

Alma hecha ruinas, donde mi alma gime

         Crece un cardo — la muerte.

 

¡Sarcasmos! ¡Celos! ¡Aves de la noche

Que me pobláis la soledad umbría

Cuando en tinieblas de tormenta ululan

         Aullares de agonía! ...

 

                   ***

 

¡Es tarde! !Luz del alba! ¡Lago turbio!

Danzan fuegos en lodazal sombrío.

Pide a Dios que del cielo las cascadas

         Hagan del yermo —un rio.

 

Mas no. Sólo las olas del sepulcro

Han de apagar en mí el infierno que arde   .

¡Perdonadme, Señora!. .. Yo ya he muerto                   .

         ¡Es tarde! ¡Ya es muy tarde!. ..

 

 

Extraídos de TRÊS POETAS ROMÂNTICOS: GONÇALVES DIAS, CASTRO ALVES, SOUSÂNDRADE.  Prólogo d Luis Jaime Cisneros. Traducciones de Washington Delgado, Arturo Corcuera y Javier Sologuren.  Lima: Centro de Estudios Brasileños, 1984.  110 p.  (Tierra Brasileña. Poesía 20)

 

 

 

ANTOLOGÍA DE LA POESÍA BRASILEÑA, desde el Romanticismo a la Generación de  cuarenta y cincoSelección, introducción y traducción de  Ángel Crespo.   Barcelona: Seix Barral, 1973.   440 p.   Ex.bibl. Antonio Miranda

 

 

El barco negrero

Tragedia en el mar

 

1ª.

 

En pleno mar estamos... Loca juega
La luz lunar, dorada mariposa;
Tras ella van las olas... se fatigan
Como turba de infantes jubilosa.

 

   En pleno mar estamos... Desde el cielo
Los astros saltan como espumas de oro...
Les corresponde el mar con ardentías:
 Zodiacos de su líquido tesoro...

 

   En pleno mar estamos... Y se estrechan
Dos infinitos en abrazo insano,
Azules, de oro, plácidos, sublimes...
¿Cuál es el cielo y cuál el océano?

 

   En pleno mar estamos... Con las velas
Tendidas al jadear de las marinas
Brisas, un bergantín corre los mares,
Roza las olas cual las golondrinas...

 

   ¿De dó viene? ¿Dó va?... Del barco errante
¿Puede la ruta adivinarse acaso?
 En este Sahara corren los corceles
Pero no dejan huella de su paso.

 

   ¡Qué feliz quien pudiera en este instante
De este cuadro sentir la majestad!...
Debajo, el mar... encima, el firmamento...
¡Y en el cielo y el mar, la inmensidad!

 

   ¡Oh, qué dulce armonía trae la brisa!
¡Qué música tan suave está sonando
A lo lejos! ¡Dios mío, qué sublime
Es un ardiente canto navegando!

 

   ¡Hombres del mar! ¡Oh rudos marineros
Tostados por el sol de cuatro mundos!
¡Criaturas que acunara la tormenta
Encima de estos piélagos profundos!

 

   ¡Esperad! ¡Esperad! Dejad que beba
De esta poesía la canción salvaje...
Es la orquesta la mar que airada ruge,
Y es el viento que silba en el cordaje..

 

.............................................................................

  

¿Por qué huyes de ese modo, alado barco?
¿Por qué huyes de este pávido poeta?
¡Cómo me gustaría ir tras tu rastro
Que semeja en el mar loco cometa!

 

   ¡Alcatraz! ¡Alcatraz! Del océano
Águila, que las nubes rauda escalas,
¡Aviva el vuelo, Leviatán del aire!
¡Alcatraz! ¡Alcatraz! Dame tus alas...

 

                        2ª.

 

¿Qué importa el país del nauta,
De dónde es, cuál es su hogar?
¡Ama del verso la pauta
Que le enseña el viejo mar!
Cantad, ¡la noche es divina!
Boga el barco a la bolina
Igual que veloz delfín.
Preso al palo de cangreja,
A las olas que atrás deja
Dice adiós un banderín.

 

   De España las cantilenas
Requebradas de languor
Recuerdan mozas morenas:
Las andaluzas en flor.
De Italia el hijo indolente
Canta a Venecia durmiente

—Tierra de amor y traición—
O dice verses del Tasso,
Allá en la bahía, a un passo
Del volcánico peñón.

 

   El inglés—marino frío
Que sobre la mar nació—

 (Pues Bretaña es un navio
Que Dios en la Mancha ancl
ó),
Duro entona patrias glorias,
Recuerda, orgulloso, historias
De Nelson y de Abukir...
El francés—predestinado—
Canta lauros del pasado,
Laureles del porvenir...

 

Los marineros Helenos
que la ola jonia crió,
Bellos piratas morenos
Hombres que Fidias tallara,
Cantan en la noche clara
Versos que Homero gemía...
¡Marinos de cualquier parte!
El mar os enseña el arte
De la celeste armonía...

 

                               3ª.

 

¡Desciende del espacio, águila del océano!
Baja más, que imposible es al mirar humano
Escrutar como el tuyo el barco volador.
Mas ¿qué es lo que allí veo?... ¡Qué cuadro de amarguras!
¡Qué escena funeral!... ¡Qué tétricas figuras!...
¡Qué escena infame y vil!... ¡Oh Dios! ¡oh Dios! ¡Qué horror!

 

4ª.

 

Era un sueño dantesco... El tumbadillo,
Que de lucernas enrojece un brillo,
         Bañado en sangre está.
Tañer de hierros... látigo inclemente...
La nocturna legión de negra gente
         Horrenda danza allá...

 

   Negras mujeres cuelgan de sus tetas
Magras criaturas, cuyas bocas prietas
         Mamando sangre están:
Otras, mozas... desnudas, espantadas,
Por la turba de espectros arrastradas
         Entre ansias vanas van.

 

         Ríe la orquesta, irónica, estridente...
Y de la extraña ronda la serpiente
         Forma loca espiral...
Si el viejo cae con la garganta rota,
Se oyen gritos... el látigo le azota.
         Sigue el baile fatal...

 

   ¡A una sola cadena se halla atada
La multitud hambrienta y mareada
         Que llora y danza allá!
De rabia uno delira, otro enloquece...
Otro, que de martirios se embrutece,
         Gime... ¡y riendo está!

 

   Dirige el capitán la maniobra
Y, contemplando el cielo que desdobla
         Su azul sobre la mar,
Dice, envuelto del humo en remolinos:
"Dadle al látigo fuerte, mis marinos.
         ¡No dejen de bailar!..."

 

   Ríe la orquesta, irónica, estridente...
 Y de la extraña ronda la serpiente
         Forma loca espiral...
Vuelan las sombras en dantesca escena...
¡Junto al insulto la plegaria suena!
         ¡Ríe Satán fatal!


5ª.

 

  ¡Señor de los desgraciados!
Decidme vos, Señor Dios,
Si es locura... si es verdad
Tamaño horror ante vos...
¿Por qué no quieres borrar
A fuerza de olas, oh mar,
De tu manto este borrón?
¡Astros! ¡noche! ¡tempestades!
¡Caed de las inmensidades!
¡Barre los mares, tifón!...

 

   ¿Quién son estos desgraciados
A quienes darles no os plugo
Más que el reír de la turba
Que excita al torvo verdugo?
¿Quién son?... Si calla la estrella,
Si la ola se atropella,
Como un cómplice fugaz,
 

Ante la noche confusa...
¡Dilo tú, severa musa,
Musa libérrima, audaz!

 

   Son los hijos del desierto,
Son los hijos del sol, rudos.
Allá vuela en campo abierto
La tribu de hombres desnudos...
Son los guerreros osados
Que con los tigres manchados
 pelean con decisión...
Hombres simples, fuertes, bravos...
Hoy son míseros esclavos
Sin luz, aire ni razón...

 

   Son mujeres desgraciadas
Como Agar lo fue también,
Que sedientas, quebrantadas,
Lejos de su hogar se ven...
Traen hijos en los regazos
Y cadenas en los brazos,
Y en el alma llanto y hiél.
Como Agar: sufriendo tanto
Que ya ni leche ni llanto
Le pueden dar a Ismael...

 

   En las arenas doradas
Del país de los palmares
Esas mozas agraciadas
Tenían amor y lares...
La caravana fue un día
 Cuando la Virgen sentía
Elevarse su alma a Dios...
¡Adiós monte y adiós choza!...
¡Palmares que el agua roza!...
¡Adiós, amores..., adiós!...

 

   Después, el desierto extenso...
Después, el inmenso mar...
Y en el horizonte inmenso
 Desiertos de no acabar...
La sed, el hambre... agonía...
¡Cuánto infeliz cae un día
Y no se levanta ya!
Queda un hueco en la cadena
Y el chacal, sobre la arena,
 Devorando un cuerpo está...

 

   Ayer, en Sierra Leona,
De leones cazador,
Durmiendo bajo la lona
De la tienda, sin temor...
Hoy, el sollado profundo,
Infecto, estrecho e inmundo,
Del que la peste es jaguar...
Y el sueño siempre cortado
Por el cuerpo de un finado
Que se estrella contra el mar.

 

Ayer, la más libre vida,
La voluntad por señor...
Hoy, la libertad perdida
Hasta de morir de horror...
Sólo una cadena hiriente
—Férrea, lúgubre serpiente—
Es de todos la prisión.
Danzan estos desgraciados
Del látigo al triste son.

 

¡Señor de los desgraciados!
Decidme vos, Señor Dios,
Si es delirio... si es verdad
Tamaño horror ante vos...
¿Por qué no quieres borrar
A fuerza de olas, oh mar,
De tu manto este borrón?
¡Astros! ¡noche! ¡tempestades!
¡Caed de las inmensidades!
¡Barre los mares, tifón!...

 

6ª.

 

   ¡Un pueblo hay que su bandera presta
Para cubrir la infame cobardía!...
Y hace que se convierta en esa fiesta
En manto impuro de bacante fría...
¡Oh Dios! ¡Oh Dios! ¡¿Mas qué bandera es ésta
Que al pudor en la gavia desafía?
¡Silencio, Musa!... ¡Llora, llora tanto
Que el pabellón se lave con tu llanto!...

 

   Auriverde estandarte de mi tierra
Que con la brisa brasileña danza,
Estandarte que luz del Sol encierra
Y promesas divinas de esperanza...
Tú, que en la libertad, tras de la guerra,
Luciste de los héroes en la lanza,
¡Antes te hubiera roto el adversario
Que sirvieses a un pueblo de sudario!...

 

   ¡Fatalidad que abrumas a la mente!
¡Está borrando el bergantín inmundo
El surco que Colón abrió esplendente,
Igual que un iris, en el mar profundo!...
... ¡Es demasiada infamia!... ¡Inmortal gente,
Alzaos, héroes, pues, del Nuevo Mundo!...
¡Andrada, arranca al aire ese pendón!
¡Cierra la puerta de tu mar, Colón!

 

 

 

TEXTO IN ITALIANO

 

Extraído de

MIRAGLIA, TolentinoPiccola Antologia poetica brasiliana.  Versioni.  São Paulo: Livraria Nobel, 1955.  164 p.  

 

 

ULTIMO FANTASMA

 

Chi sei tu, chi sei tu, ombra graziosa,
Che ti elevi, circonfusa e adornata,
Di rugiada notturna circondata
E sulla nebbia ti alzi vaporosa ?

 

Scendi dal cieL, volando, armoniosa,
Chi sei tu, bianca, splendida sposata,
Che con l'arancio in fior, gloria nevata,
Ti circondi la fronte, o misteriosa ?

 

Dove ci siamo visti ? In altra sfera ?
Sei tu la mia difficile consorte . . .
Per la quale il mio petto si dispera ?

 

       Chi sei tu ? Chi sei tu ? Sei la mia sorte ?
       Sei forse l'ideal che Palma spera ?
       Sei la gloria, chissà! Chissà, la morte!

 

CREPUSCOLO RÚSTICO

 

II vespro moriva ! Nell’acqua intorbata,

Dai margini, l’ombra si estende e s'allonga

E, dalle vedette degli alberi secchi,

Il triste s'udiva pianto d'Araponga.

 

Il vespro moriva ! Dai rami, dai fusti,

Da pietre, dai lichen, dai rovi, dai cardi,

L'ombre striscianti, col ventre per terra,

Escono e sembrano neri leopardi.

 

Il vespro moriva ! Nei fondo dell’acqua,

Si lavava il ramo dei nero "ingazeiro"

E, al brivido fresco dli vento tagliante,

In musico scroscio, strideva il "coqueiro".

 

Sussurro profondo ! Marosi giganti !

Chissà se un silenzio. Chissà se un'orchestra

Di foglie, di calici, d'ali, d'insetti . ..

Dall’atomo a stella ... alia pace silvestra ...

 

Le gazze nascondono il becco vermiglio
Dal vento, con l’ale sfuggendo alie lotte;
La terra, nel flutto d'azzurro infinito,
Nasconde la testa con penne di notte.

 

Soltanto, alle volte, dal grigio, dell'orlo
DeI golfi, si enormi, di quel paesaggio;
Alzava la testa, sorpreso ecl inchieto,
Coperto di melma — un toro Selvaggio.

Allora le anitre, intorno fluttuando,
Il volo incurvando, paurose, ribelli,
E il timido stormo, cercando altro lido,

Passava gridando disopra ai battelli.

 

---O---

 

Araponga — Uccello del Brasile

Ingazeiro — Albero del Brasile

Coqueiro — Palma del Brasile

 

 

 

EN FRANÇAIS

ALVES, Antonio de CastroNavio Negreiro.  Tragédia no Mar.  Xilogravuras de Hansen Bahia.  Salvador: CED/|Gráfica Universitária da UFBA, 1979.  s.p.  ilus.     30,5 x 30, 5 cm /Coll. Antonio Miranda

 

ANTONIO DE CASTRO ALVES

 

LE NAVIRE NÉGRIER

(Tragédie sur mer)

 

Trad. VAN DER HAEGEN

 

Gravures DE HANSEN

 

 

 

I

Le navire s'avance... Il est en pleine mer!

Le clair de lune, tel qu'un papillon volage,

Folâtre tout tremblant dans les champs de l'éther;

Les nues après lui courent, offrant l'image.

D'une troupe d'enfants inquiets qui le suit...

Navire en pleine mer! Le firmament ruisselle

De la poussière d'or des astres de la nuit;

La mer phosphorescente à grands flots étincelle

Au-devant du navire, ouvrant de longs sillons

En écumes d'argent, allumant ses furolles,

— De l'océan en feu belles constellations... —

Navire en pleine mer!... Épaules contre épaules,

L'un sur l'autre appuyés, le ciel et l'océan,

Deux infinis, dans le cercle de leur étreinte

S'embrassent... Mais, des deux, quel est le firmament?

Lequel est l'océan?

 

                            Le brick voguant sans crainte,

Gaillard, léger, alerte, aux brises de la mer

Glisse, voiles au vent, sur la plaine liquide,

 Comme hirondelle, qui sur l'océan désert

Effleure à peine l'eau de son aile rapide.

D'où vient-il? Où va-t-il? Des navires errants

Qui peut savoir la route? Oh! si vaste est l'espace,

Désert dont les coursiers sur les flots écumants

Courent, volent sans fin, et sans laisser de trace!

Heureux celui qui peut sentir la majesté

De ce tableau: là-bas, une mer sans rivages...

En haut le firmament... partout l'immensité...

L'océan, un miroir... et le ciel sans nuages.

 

 

Mon Dieu! quels sont de loin ces sublimes accents?

Entre deux infinis l'âme se divinise...

Flottant au hasard sur le dos des flots changeants.

Oh! quel chant merveilleux que m'apporte la brise!

O vous, ô nautoniers, ô rudes loups de mer,

Hâlés, brûlés par le soleil des quatre mondes!

Enfants dont l'âme est prise au liquide désert,

Que berça l'ouragan au sein des mers profondes!

Attendez! attendez! que je boive à longs traits

Cette sauvage, libre, étrange poésie:

Orchestre, c'ést le vent sifflant dans les cordages,

C'est la mer qui rugit comme bête en furie!

 

 

........................................................................

 

Ah! pourquoi fuir ainsi, léger comme un éclair,

Vaisseau, qui semblés fuir du timide poète?

 Que ne puis-je courir après toi sur la mer,

Suivant tes traces, folle et brillante comète!

Albatros! Albatros! Aigle de l'océan!

Toi qui t'endors bercé dans les nues éternelles,

De l'empire des mers puissant Léviathan,

Albatros! Albatros! oh! prête-moi tes ailes!

 

 

 

II

 

Aigle de l'océan, descends de ces hauteurs!

Descends plus bas...plus bas... Mes regards scrutateurs

Comme les tiens, n'ont point le pouvoir salutaire

De bien fouiller dans la fugitive galère!...

Mais là, que vois-je, ô Dieu! quel tableau de douleur

 

Il n'eut jamais de foyer paternel...

Il se complaît au rythme des cantiques

Que dès l'enfance, au sein des nuits mystiques

Il apprit, à la cadence des flots.

Chantez! chantez! pendant qu'à la bouline

Comme un dauphin léger le brick chemine,

Bercé par le chant des gais matelots...

 

Du marin espagnol les chansonnettes

Où règne un ton d'amoureuse langueur

Célèbrent les séduisantes brunettes,

Célèbrent les Andalouses en fleur.

De son côté le fils de l'Italie

Chante les nuits de Venise endormie:

Pays d'amour, pays au coeur ardent,

Pays rappelant la muse du Tasse

Au sein d'un golfe, bien en face

Du grondement souterrain d'un volcan!

 

Le marinier fils d'Albion la blonde,

Sans feu, sans âme et froid comme un tombeau

Autre alcyon, qui vit le jour sur l'onde

(Car l'Angleterre est un vaste vaisseau

Dont Dieu fixa l'ancre dans l'Atlantique),

Chante à son tour la gloire britannique,

Les lauriers de Nelson et d'Aboukir...

Le Gaulois du passé redit la gloire,

De son pays chantant la longue histoire

Et chante encor les gloires à venir.

 

Les Grecs, fils des îles iontennes,

Écumeurs de mer de tous les climats,

Épaves des rives messéniennes,

Types humains que sculpta Phidias,

Chantent au sein d'une nuit calme et claire

Les vers pompeux que gémissait Homère!

 











O ADEUS DE THEREZA

A vez primeira que eu fitei Thereza
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos.. E depois na sals
"Adeus  eu disse-lhe a tremer co´a fala...
E ela, corando, murmurou-me: "Adeus".

Uma noite... entreabriu-se um reposteiro...
E da alcova saía um cavalheiro
Inda beijando uma mulher sem véus...
Era eu... era a pálida Thereza!
— Adeus! — lhe disse conservando-a presa...
E ela entre beijos murmurou-me "Adeus".

Passaram tempos... sec´los de delírio
Prazeres divinais... gozos de Empírio...
Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse — "Voltarei! ... descança!..."
Ela chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: "Adeus"!!

Quando voltei... era o palácio em festa!...
E a voz d´Ela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei... Ela me olhou branca... surpresa!
Foi a última vez que eu vi Thereza!...
E ela arquejando murmorou-me: "Adeus"!!

 

A VOLTA DA PRIMAVERA

Ai! não maldigas minha fronte pálida
E o peito gasto ao referver amores.
Vegetam louros — na caveira esquálida
E a sepultura se reveste em flores.

Eu sei que um dia o vendaval da sorte
Do mar lançou-me na gelada areia.
Serei.. que importa? o D. Juan da morte,
Dá-me o teu seio — e tu serás Haydéia!

Pousa esta mão — nos meus cabelos úmidos!...
Ensina à brisa ondulações suaves!
Dá-me um abrigo nos teus seios túmidos!
Fala!... que eu ouço o pipliar das aves!

Já viste às vezes, quando o sol de Maio
Inunda o vale, o matagal e a veiga?
Murmura a relva: — Que suave raio!
Responde o ramo: — Como a luz é meiga!

                             *

E ao doce influxo do clarão do dia
O junco exausto, que cedera à enchente,
Levanta a fronte da lagoa fria...
Mergulha a fonte da lagoa ardente...

Se a natureza apaixonada acorda
Ao quente afago do celeste amante,
Diz! ... Quando em fogo o teu olhar transborda,
Não vês minh´alma reviver ovante?

É que teu riso me penetra n´alma,
Como a harmonia de uma orquestra santa;
É que teu riso tanta dor acalma...
Tanta descrença!... tanta angústia!... tanta!

Que eu digo ao ver esta tua celeste fronte:
— O céu consola toda a dor que existe.
Deus fez a neve para — o negro monte!
Deus fez a virgem para — o bardo triste!
 

 

TRADUÇÕES DE
Heitor P. Fróes:


FRÓES, Heitor P.  Meus poemas dos Outros. Traduções e versões.  Bahia, 1952.  312 p.          Ex. bibl. Antonio Miranda
 

L´"ADIEU" de THEREZE

Au bal où j´ai d´abord fixé Thérèse
Une valse nou prit, tout à son aise,
Comme deux fleurs dans um courant fièvreux;
Plus tard, épris d´une passion troublante,
"Adieu" — je lui ai dit, la voix tramblante,
Et toute rouge elle me dit: "Adieu".

Une nuit... un rideau qui se soulève...
Une chambre d´où sort, comme en un rêve,
Um couple qui s´embrasse tour heureux:
C´était nous deux; Thérèse tour blême,
Pleure de joie. Je dis: "Adieu, je t´aime"...
Elle soupire et puis répète: "Adieu".

Le temps passe; des siècles de délire...
Mais tout-à-l´heure il m´a fallu lui dire
Que je davais partir vers d´autres lieux.
J elui demande d´um baiser la grâce;
Thérèse, alors, en sanglottant, m´embrasse
Et, tout em pleurs, Me dit encore: "Adieu".

À mon retour, chez elle, quelle fête!
Sa voix, la voix d´un autre!... En tête-à-tête...
Leurs dous propôs d´amour montaient aus cieux.

J´entrai:Quelle pâleur et que malaise!
Pour la dernière fois je vis Thérèse...
Qui murmura, comme en um souffle: "Adieu!"


LE RETOUR DU PRINTEMPS

Ne maudis pas ce pauvre front, si blême,
Ni ce couer ravagé par tant d´amours;
La vie existe après la mort, quand même,
Et sur la tombe il est des fleurs, toujours.

 

*

Página ampliada e republicada em junho de 2022

 

 

 

 

 


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