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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




PREFÁCIO DO AUTOR

  


Um autor não tem por que explicar ou justificar a sua obra. Quando muito, pode teorizar, como manda a tradição das vanguardas. Seja como for, é sempre útil dar alguma informação das propostas e concepções pessoais, embora o que vale, ao fim e ao cabo, é a obra mesma. E esta tanto pode explicitar o que o autor perseguiu, quanto despistar, como pode ainda revelar aspectos e intenções que não estavam óbvias no processo criativo. 

 

Escrevendo há mais de cinquenta anos, tenho alguma intimidade com os meus escritos. As transformações técnicas, de estilo e conteúdo, ao longo de um período tão extenso, são flagrantes, mas é possível perceber certa reiteração de temas e visões estéticas, um vocabulário recursivo, uma constância na metamorfose produtiva. 

 

Uma dessas permanências é o Brasil como matéria ideológica e plástica, como tema e como forma, pela linguagem, pela “visualização” imagético-semântica imposta pela percepção dos fenômenos. Entre o que se vê e o que se mostra no texto intermedia uma formalização própria, consubstanciada, substantivada e adjetivada. 

 

Em Tu País está Feliz o tom era mais confessional, denunciatório, vivencial, numa comunicação direta com o público. 

 

Em Brasil, brasis, mais esperpêntico, o foco é mais de crítica e escárnio, de reflexão e de desassossego com os valores nacionais, no momento da celebração dos 500 anos do “Descobrimento”, espécie de revisão do processo histórico e do estado da nacionalidade.  

 

Canto Brasília, em homenagem ao centenário de JK, também coloca o Brasil como cenário de utopias desenvolvimentistas e integracionistas dos que defenderam, nos últimos 200 anos, a construção da Nova Capital do país. A linguagem foi despojada e depurada aos seus elementos mínimos, numa arquitetura verbal “coisificante”­ — como diriam os concretistas—, ideogramática, essencial, minimalista do discurso poético. 

 

Perversos é (um texto) mais abrangente, ditirâmbico, hedonista, irado, verborrágico, iconoclasta, anárquico, versando sobre a existência e a sexualidade, assim também sobre as relações político-sociais adversas. O Brasil aparece mais difuso, atávico, conflitivo. 

 

As obras citadas levam à classificação propositiva de “livros-poemas” porque foram compostos como peças completas, embora complexas, através de unidades interrelacionadas – cantos, exórdios, etc.  

 

Retratos & Poesia Reunida pretendeu corporificar a unidade poética na diversidade temática. Os temas guardam pouca relação entre si – personalidades literárias, lugares, personagens, ideias – mas constroem um universo de referências culturais e ideológicas da formação intelectual do autor que, em certo sentido, são comuns a outros indivíduos, com os quais pode estabelecer uma sinergia. Os poemas do livro são mais extensos e discursivos do que os dos títulos anteriores.   


Terra Brasilis 
é aqui apresentado como sendo um “poema-ensaio”. Está dividida em três partes: a primeira – DE ORNATU MUNDI – aborda o ESPAÇO, o ambiente, a geografia como concepção medieval do jardim terrenal ou, na melhor acepção, como o Paraíso mas, nem por isso, desprovido de mazelas, pecados, pela ação predatória do homem e sujeito aos avatares da Natureza; o segundo – DE REVOLUTIONARI MUNDI, numa concepção copernicana, revela as transformações no TEMPO da civilização, da história e dos acontecimentos; e a última – DE ANIMA MUNDI, é a dimensão humana, metafísica, dos valores e preconceitos, das teorias e crenças que animam nossa existência como povo e como nação.  

 

Para a escritura de uma obra como a que se apresenta, foram necessárias duas abordagens de leitura do fenômeno da brasilidade. A primeira, vasta e demorada, vem de livros e de toda sorte de registros que foram consumidos ao longo de mais de meio século. Frequentador de bibliotecas e museus, colecionador de objetos – livros, postais, discos, etc.- tive-os aos milhares, li-os às centenas e, na maturidade em que me encontro, volto a vê-los com outro olhar e a interpretá-los: poesia, estudos sociológicos, históricos, pinturas, peças museológicas, sítios na Internet, etc., etc. Padre Antonio Vieira, L. Agassiz, João Francisco Lisboa, Capistrano de Abreu, Castro Alves, Ruy Barbosa, Euclydes da Cunha, Graça Aranha, Conde Affonso Celso, Conde de Keyserling, Sérgio Buarque de Holanda, Mário de Andrade, Mário da Silva Brito e tantos outros autores evocativos e interpretativos de nossas identidades nacionais e regionais. Tantas obras e tantos autores extraordinários que compõem uma amplíssima Brasiliana, um referencial do mais alto quilate para entender a nossa trajetória humana, a nossa alma coletiva, sem deixar de lado os mais recentes – Gilberto Freyre, Roberto da Matta, Pedro Braga e todos os demais, que permitem a compreensão de valores mais recentes, na continuidade de um processo civilizatório.  

 

A segunda experiência de nossa realidade vem de sucessivas e longas viagens por todo o Brasil, desde o dia em que minha família tomou “um Ita no Norte”, em São Luis do Maranhão, e veio pro Rio morar. Desde muito jovem, saí a andar pelo país: de trem, de caminhão, de barco, de ônibus e, nos últimos tempos, de carro e de avião. Por toda parte, por todos os estados e territórios (quando haviam, incluindo Fernando de Noronha). Do Amapá ao Rio Grande do Sul, do Paraíba ao Acre, de São Paulo ao Pantanal.  

 

Uma combinação de leituras e viagens garantiram-me uma visão de Brasil que estimo válida para a aventura poética de meus próprios livros, em particular do presente Terra Brasilis. É fantástico para um autor ver através de outros escritores. Andar pela caatinga com as reminiscências do Graciliano Ramos e as imagens de Vidas Secas do Nelson Pereira dos Santos; ir a Salvador, depois de ler Jorge Amado e de ver a estréia do Pagador de Promessa do Dias Gomes e do Anselmo Duarte; de percorrer os pampas gaúchos depois de desfrutar dos textos do Érico Veríssimo ou de andar pelos sertões mineiros na companhia imaginária dos personagens do Guimarães Rosa ou, por último, dentre tantos exemplos, de andar pelas ruas antigas de Ouro Preto em seguida à releitura do Romanceiro da Inconfidência da extraordinária Cecília Meireles, dos versos de Alvarenga Peixoto e de Cláudio Manoel da Costa e, se não bastasse, de ler as memórias de Afonso Arinos de Melo Franco. Um verdadeiro privilégio. É ver com muitos olhos e observar com muitas inteligências.  

 

Não quis escrever um texto sobre a História do Brasil: os fatos históricos são o fundo, o pretexto. Nem pretendemos interpretar, no sentido antropológico, sociológico ou filosófico, uma nação (ainda) em formação, tarefa que muitos tentaram sob as vaias e os aplausos das plateias.  A visão aqui é a poética, por mais que os fatos históricos, geográficos e as ideias comandem a temática. Não aspiramos a defender uma tese específica mas, sim, evocar as noções (às vezes contraditórias, às vezes até irracionais) de nossos entranhamentos e estranhamentos com o espaço, o tempo e os valores desses relacionamentos. Sem dúvida – se é que tenho alguma certeza... – convivem o racional e o fantástico, o erudito e o ingênuo nos limites de um pensamento complexo, variado, multifacetado, fascinante.  

 

A feitura do texto é uma ação errática, caótica, apesar de ter um plano diretor: é como a colcha de Penélope, que é feita de dia e desmanchada de noite, nos delírios da criação. Os temas surgem sem qualquer cronologia, as visões se dão descontinuamente, impondo revisões constantes... Um caleidoscópio, uma miríade de imagens e ideias que perpassam, entrechocam, reverberam na mente do escritor. Um processo doloroso, crítico, nervoso e inseguro, assustador. Como disse meu amigo Affonso Romano de Sant´Anna – a quem também epigrafei mais de uma vez na presente obra – “um país não é um monumento”, está espantosamente vivo e é extremamente complexo. Se fossem abordadas todas as facetas, todos os temas, todas as idiossincrasias, precisaria de muitos Lusíadas ou Brasilíadas. Tarefa para mais de uma vida. Basta-me com expor um documentário literário, numa linguagem sintética, um relicário de ideias e alucinações que povoam as mentes iluminadas que percorri ao longo de minhas próprias leituras e observações.  

 

Poderia valer-me da escusa de Oscar Canstatt, autor da obra Brasil: Terra e Gente (1871 para justificar minhas limitações:

 

 “Aproveito a oportunidade para frisar que este livro não tem pretensões a  puramente científico, e que seu assunto não é tratado de modo exaustivo nesse sentido; foi, ao contrário, difícil, diante da tarefa que me impus e da quantidade do material, salientar só aquilo que era indispensável para apresentar a terra e  a gente do Brasil sob verdadeira luz”.

 

Tentei fugir da organização cronológica dos textos, mas alguma cronologia impõe-se em cada parte da obra. No entanto, como são três as partes constituintes do texto, há como que um regresso e uma continuidade, um iniciar e um regressar aos mesmos períodos históricos... Onde colocar um texto sobre as nossas origens (no poema SAMBAQUIS)? Achei por bem coloca-lo ao final da segunda parte... Até porque a consciência arqueológica veio depois, ou seja, recentemente; não era uma questão colocada pelos historiadores pioneiros e primitivos. 

 

Livrando-me de mitologias e alegorias simbolistas... Deixando para trás nacionalismos exacerbados, ufanismos ultrapassados e criticismos pessimistas de estruturalistas empedernidos... Lendo pelo avesso as crônicas da Colônia: como um piaga ou um nheengaçara, reinterpretando a História e seus presságios libertários, reinstaurando o indigenismo de um sempiterno romantismo, com ressábios de arcadismo (mas em moldes neomodernistas...) e sem abdicar de certo barroquismo... Sem cair no conservadorismo de um Policarpo Quaresma, nem irromper num novoversismo de epopeia patrioteira... Sem um plano definido, como um piguara na acepção de José de Alencar, que faz caminho ao caminhar (ideia depois internacionalizada nos versos célebres de Antonio Machado: Caminante no hay camino / se hace camino al andar...).  

 

 Um país não cabe num texto.  

 

Eu conhecia a capa da volumosa coletânea de ensaios Nenhum Brasil  existe, organizado por João Cezar de Castro Rocha e namorava a obra que via na livraria sempre embrulhada em plástico de difícil remoção. Já estava dando por concluído o primeiro momento de meu próprio livro (com os 60 cantos) quando decidi adquiri-lo. O título vem de um verso alegórico do poema “Hino Nacional”, de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1934, durante o governo Getúlio Vargas, de que o nosso grande poeta participou. Na contradição entre o pensador e o funcionário público surgiu a indagação:

 

                 “O Brasil não nos quer! Está farto de nós!

                   Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil.

                   Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros?”

 

Quem analisa os versos drummondianos que inspiraram o título do livro é o próprio prefaciador Castro Rocha, que levanta a questão recorrente de que o Brasil oficial não coincide com o Brasil real e que portanto inexiste: 

         “há um Brasil que precede o Estado e, consequentemente, não pode ser reduzido à imagem oficial. É como se o Brasil fosse um signo tão pleno de sentido que não pudesse ser apreendido por uma simples operação hermenêutica. O velho clichê  parece prevalecer nessa leitura: tão exuberante quanto sua natureza, o Brasil, o Brasil-em-si-mesmo, o Brasil bem brasileiro das declarações ufanistas, só pode ser sentido com o coração e não interpretado racionalmente, pois, ante a plenitude do objeto, a linguagem parece incapaz de expressá-lo.  


Mas o autor da coletânea percebe que não se resolve o paradoxo drummondiano assim. Uma nação é também um discurso significante, construído e reconstruído permanentemente e sempre incompleto: “como toda narrativa necessita apoiar-se numa seleção inicial  de elementos, não pode ser uma representação totalizante”.  Sem dúvida. Consequentemente, reconheço o risco inevitável da “fracionalidade” no conteúdo de uma empresa de tal envergadura. No entanto, ainda continuo aceitando parcialmente o que o autor observou antes, ou seja, a impossibilidade de uma interpretação apenas racional do fenômeno. Acho que a poesia leva alguma vantagem sobre a narrativa histórica, sociológica ou antropológica, por seu caráter metatextual por excelência, pela necessidade de transcender o racional – mesmo no caso da poesia-ensaio – e de valer-se de elementos supra-linguísticos.  

 

Não havia como escapar a determinadas escolhas, pontos de vistas e teorias, a partir das leituras, considerando que os textos lidos muitas vezes discordavam uns dos outros, às vezes de forma irreconciliável. Noutras oportunidades, eu discordava de todos e partia para interpretações pessoais, com o risco de minha ousadia. Mas o leitor não deve ler poesia como quem lê uma tese ou um artigo científico, mesmo no caso de uma pretensa poesia-ensaio. Deve deixar as ideias e os pontos de vista como meros elementos de um corpus poético determinado.  Foi o aquinhoado Vilém Flusser – que viveu quase três décadas no Brasil e escreveu sua notável obra Fenomenologia do brasileiro – que desenvolveu uma visão muito singular de nossa vida. Queria que o leitor “suspendesse “ sua descrença diante da poesia e da ficção antes de “embarcar” no texto, atitude indispensável para poder escolher e decidir sobre o conteúdo da leitura, sem maiores preconceitos (daí a suspensão e não a eliminação). No momento anterior à leitura mesma, antes de deixar-se levar pelas palavras e pelo raciocínio do autor.  Ideia que ele tomou emprestada, certamente, do fenomenologista Husserl, da lógica de Wittgeinstein – para “surpreender o fenômeno no momento imediatamente anterior ao seu congelamento pela palavra”, como tão oportunamente considerou Gustavo Bernardo Krauser, na análise da obra de Flusser.  

 

Caberia também recordar a visão de “estrangeiro” de Flusser e de muitos autores que eu li durante minha trajetória de humanista. Aliás, somos quase todos estrangeiros no Brasil, produtos de uma ocidentalização — com ressabios africanos e orientais, com matizes locais— e é difícil sair desse enquadramento na hora de qualquer análise de nossa cultura e de nosso meio-ambiente.  


João Cabral de Melo Neto em seu metapoema sobre W. H. AUDEN comenta a transmutação da poesia, ao converter prosa em verso, indagando sobre a capacidade de “devolver” o “mundo de que se falou”  no corpo do poema. A poesia é mais sintética que a prosa, trabalha mais holisticamente seu discurso. Mais ainda, a poesia assume as contradições e espelha a diversidade e o próprio conflito como soluções no processo de apreensão e comunicação do objeto. No esperpentismo de meu livro Brasil, Brasil eu tentei uma apreensão mais global da brasilidade. Aqui em Terra Brasilis, o recurso é mais sutil mas não está ausente.  

 

Devemos também considerar a confusão entre poesia e lirismo, que João Cabral de Melo Neto lamentou, conforme a interpelação crítica de Antonio Carlos Secchin: “Até o século XVIII, a poesia não tinha vergonha de contar uma história. Além de lírica, podia ser didática, narrativa, pastoril... Com a inflação do “eu” no século XIX, a lírica se assenhoreou de todo o latifúndio do verso e relegou ao quintal da literatura, como forma menor, todas as demais manifestações do poético”.  Seria a hora de restabelecermos todas as formas disponíveis de poesia, do cordel ao soneto, do concretismo à metafísica, do gramatical ao visual, e de inventarmos outras mais. 

Desde o primeiro poema, comecei a enviar os textos de Terra Brasilis  pela Internet para amigos e para desconhecidos. Queria ouvir críticas, sugestões, orientações. Vieram em considerável quantidade, até mesmo algumas ácidas e destrutivas. Faz parte do jogo. Os textos foram publicados na página  http://www.antoniomiranda.com.br/terrabrasilis.htmcom os  respectivos comentários, sempre que possível.  

 

Depois apresentamos o projeto Terra Brasilis no VII CONGRESSO DE HUMANIDADES, Universidad Metropolitana de Ciencias de la Educación, Santiago de Chile, 2004 para um público interessado na proposta de um poema divulgado pela web enquanto estava sendo produzido. 

Vamos colher os derradeiros subsídios. É possível que futuras mudanças nos textos se imponham. Acho isso absolutamente natural. Não pretendemos criar uma obra-prima nem definitiva: ela faz parte de um processo que pode transcender ou esgotar-se em seu curso imediato. É assim mesmo.

 

Antonio Miranda

(Obra escrita entre 2004-2005)

 

P.S. Meu amigo Carlos Alberto Xavier me cobrou atualização nos poemas, ou seja, o livro não deveria “parar” em 2005. Tem razão, mas ainda não é a hora de mexer nestes originais. Não estou no clima para isso... Mas cabe um comentário. O Canto 47 “Caixa Dois e Metástese” antecedeu o processo do Mensalão, que descambou no Petrolão. Ou seja, a metástase levou ao Mensalão, ao Petrolão, aonde mais? Recentemente, publiquei o texto

 

PROPINODUTO DO PETROLÃO

Poema do Barão de Pindaré Júnior
(pseudônimo de Antonio Miranda
para canções de escárnio e maldizer)

 

O delator revelou com convicção:
não existe doação de campanha...
só mesmo a maldita barganha
em tamanha malandragem
o dinheiro vem da “engrenagem”:
ou estão pagando vantagem devida
ou a cobrança vem depois da eleição...
Desgraça: dinheiro não vem de graça.


 Os versos conclusivos do Canto 47 ousam propor o Parlamentarismo. De fato, a Constituinte montou um texto constitucional parlamentarista, mas Lula, Brizola (que aspiravam a uma presidência forte e mais autocrática do que a figura de um primeiro-ministro, em país onde o Congresso não goza de prestígio) conseguiram impor o Presidencialismo em que agora estamos afundados. Tirar um presidente só com impeachment...


 





 

 

 
 
 
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