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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS

W. H. AUDEN

 

Wystan Hugh Auden (York, 21 de fevereiro de 1907 — Viena, 29 de setembro de 1973) que escrevia como W. H. Auden, foi um poeta anglo-americano, tido como um dos grandes autores do século XX.

Auden cresceu em e perto de Birmingham, em uma família de classe média de profissionais que liam literatura inglesa na Christ Church, em Oxford. Seus primeiros poemas, escritos no final de 1920 e início da década de 1930, alternados estilos modernos de telegráficos e fluentes tradicionais, foram escritas em um tom intenso e dramático, e estabeleceu sua reputação como um poeta político de esquerda e profeta. Ele tornou-se desconfortável nesse papel posteriormente em 1930, e abandonou-a depois que ele se mudou para os Estados Unidos em 1939, onde se tornou um cidadão americano em 1946. Seus poemas em 1940 exploraram temas religiosos e éticos de uma forma menos dramática do que seus trabalhos anteriores, mas ainda combinando formas tradicionais e estilos com novas formas concebidas por Auden para si mesmo. Na década de 1950 e 1960, muitos de seus poemas foram voltados para as formas em que palavras reveladas escondiam as emoções, e ele tomou um interesse particular por escritos libretos de ópera, uma forma ideal para a expressão direta de sentimentos fortes.

Para os jovens intelectuais de esquerda ele foi a grande voz da década de 1930, "denunciando os males da sociedade capitalista, mas também alertando para a ascensão do totalitarismo":  algumas vezes demasiadamente político, sempre implicitamente radical e incômodo, pela frequência com que lançava mão, em seus poemas, de espiões, bordéis e impulsos reprimidos - sua homossexualidade estava por trás de várias referências pessoais, aparecendo insistentemente em sua poesia. Assim que T. S. Eliot publicou a primeira coletânea de Auden, Poemas (1930), ele foi imediatamente reconhecido como porta-voz de sua geração. Filho de médico, Auden foi educado na Escola Gresham e na Christ Church, em Oxford, onde se tornou o líder de uma "gangue" formada por Stephen Spender, Louis MacNeice e Cecil Day-Lewis (pai do ator Daniel Day-Lewis). Logo começou a colaborar com um amigo da escola preparatória, Christopher Isherwood, em peças esquerdistas que misturavam farsa e poesia. Em 1939, mudou-se com Isherwood para a América, onde conheceu aquele que se tornaria seu companheiro, Chester Kallman, com quem anos mais tarde escreveu libretos de ópera, incluindo The Rake's Progress, para Stravinsky.

Seu poema Stop all the clocks, cut off the telephone (ou Funeral Blues) foi utilizado no filme Quatro casamentos e um funeral (Título original: Four Weddings and a Funeral), de Mike Newell (1994).

Fonte: wikipedia

 

TEXTS IN ENGLISH  -  TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

Extraído de:

 

POESIA SEMPRE  - Ano 6 – Número 9  - Rio de Janeiro - Março 1998. Fundação BIBLIOTECA NACIONAL – Departamento Nacional do Livro -  Ministério da Cultura.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

The Letter

 

From the very first coming down

Into a new valley with a frown

Because of the sun and a lost way,

You certainly remain: to-day

I, crouching behind a sheep-pen, heard

Travel across a sudden bird,

Cry out against the storm, and found

The year's arc a completed round

And love's worn circuit re-begun,

Endless with no dissenting turn.

Shall see, shall pass, as we have seen

The swallow on the tile, spring's green

Preliminary shiver, passed

A solitary truck, the last

Of shunting in the Autumn. But now,

To interrupt the homely brow,

Thought warmed to evening through and through,

Your letter comes, speaking as you,

Speaking of much but not to come.

 

Nor speech is close nor fingers numb,
If love not seldom has received
An unjust answer, was deceived.
I, decent with the seasons, move
Different or with a different love,
Nor question overmuch the nod,
The stone smile of this country god
That never was more reticent,
Always afraid to say more than it meant.

 

                            December 1927

 

 

 

A carta

 

Desde a primeira descida a um novo
Vale, com um franzir de sobrolhos
Por causa do sol e dos extravios.
Nele ficas, por certo: hoje ouvi o
Grito de um pássaro inopinado
Contra a tempestade, eu agachado
Atrás de um redil de carneiros; vi
O arco do ano completar-se e aí
Refazer-se o gasto giro do amor,
Sem fim nem desvio enganador.
Há de ver, há de passar, como vimos
A andorinha no teto, o verdeprimo
Arrepio da primavera, passou
Um trem solitário, que encerrou
As manobras de outono. Mas ei-la,
Interrompendo a reflexão caseira,
O pensamento afeito ao entardecer,
A carta, a tua voz mesma a dizer
Muitas coisas, mas não que regressas.

 

O dedo não dorme, a fala não cessa
Quando amor recebe, bem amiúde,
Uma injusta resposta que o ilude.
Eu, a par das estações, vou indo
Sempre vário e com um amor distinto;
Não questiono em demasia o aceno
E o sorriso pétreo deste ameno
Deus rústico que tem receio, sempre,
De dizer algo mais do que pretende.

 

Dezembro, 1927

 

         Tradução de José Paulo Paes

 

 

This Lunar Beauty

 

This lunar beauty
Has no history,
Is complete and early;
If beauty later
 Bear any feature
It had a lover
And is another.

 

This like a dream
Keeps other time,
And daytime is
The loss of this;
For time is inches
And the heart's changes
Where ghosts has haunted,
Lost and wanted.

 

But this was never
A ghost's endeavour
Nor, finished this,
Was ghost at ease;
And till it pass
Love shall not near
The sweetness here
Nor sorrow take His endless look.

 

         April 1930

 

 

 

Lunar, esta beleza

 

Lunar, esta beleza
É primeva, inteira,
Não tem nenhuma história.
Se a beleza mais tarde
Exibe algum traço,
Foi porque teve amante,
Já não é como antes.

 

Nisto, qual em sonho,
Vige um outro tempo,
Perdido se o dia
De tudo se apropria.
O tempo são centímetros
E mudanças de alma
Que espectro assombrou,
Perdeu e desejou.

 

Mas isto, por certo,
Não foi coisa de espectro,
Nem espectro, ela finda,
Sentiu-se a gosto, ainda,
E enquanto persista,
Nem se chega amor
A tal doçura e a dor
Tampouco lhe vem dar
Seu infinito olhar.

 

Abril 1930

 

 

   Tradução de José Paulo Paes

 

 

 

The Epigoni

 

No use invoking Apollo in a case like theirs;
The pleasure-loving gods had died in their chairs
And would not get up again, one of them, ever,
Though guttural tribes had crossed the Great River,
Roasting their dead and with no name for the yew;
No good expecting long-legged ancestors to
Return with long swords from pelagic paradises
(They would be left to their own devices,
Supposing they had some); no point pretending
One didn't foresee the probable ending
As dog-food, or landless, submerged, a slave:
Meanwhile, how should a cultured gentleman behave?

 

It would have been an excusable failing

Had they broken out into womanish wailing

Or, dramatising their doom, held forth

In sonorous clap-trap about death;

To their credit, a reader will only perceive

That the language they loved was coming to grief,

Expiring in preposterous mechanical tricks,

Epanaleptics, rhopalics, anacyclic acrostics:

To their lasting honor, the stuff they wrote

Can safely be spanked in a scholar's foot-note,

Called shallow by a mechanised generation to whom

Haphazard oracular grunts are profound wisdom.

 

 

                   1955

 

 

Os epígonos

 

Inútil invocar Apolo num caso como o deles;
Tinham morrido os deuses amantes dos prazeres
E nenhum se ergueria de novo em seu trono, jamais,
Embora o Grande Rio cruzassem tribos guturais,
Cremadoras de mortos e sem nome para o teixo;
Escusava esperar a volta de ancestrais andejos,
Com longas espadas, de pelágicos paraísos
(Teriam de ficar entregues ao seu próprio aviso,
Se algum tivessem); fora rematada tolice
Supor que o seu fim provável ninguém antevisse,
Como pasto de cães ou escravo submerso, indigente:
Que devia fazer um cavalheiro culto, entrementes?

 

Teria sido fraqueza digna de perdão

Caso houvessem rompido em feminil lamentação

Ou intentado, dramatizando a sua sorte,

Alguma parlapatice a respeito da morte;

Para crédito deles, o leitor só se apercebe

De que a língua que amavam estaria morta em breve,

Expirando em ardis mecânicos, ridículos,

Acrósticos epanalépticos, ropálicos, anacíclicos:

Para a sua hora eterna, as coisas por eles escritas

Irão, ao pé da página, numa nota erudita

Para uma geração mecanizada desprezar

Que tem, por vero saber, o grunhido oracular.

 

 

1955

Tradução de José Paulo Paes

 

 

Página publicada em janeiro de 2018


 

 

 
 
 
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