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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS

Biografia (fragmento) e imagens: Wikipedia

 

 

 

JUVENAL

 

 

Décimo Júnio Juvenal (em latim Decimus Iunius Iuvenalis; Aquino, entre 55 e 60 – Roma, depois de 127), foi um poeta e retórico romano, autor das Sátiras.

 

Os detalhes da vida do autor são obscuros, embora referências aos seus textos feitas no final do século I e começo do século II fixem as datas mais remotas de seus textos. De acordo com o poeta Lucílio - o criador do gênero satírico romano - e também de tradições poéticas que incluem Horácio e Pérsio, Juvenal escreveu pelo menos 16 poemas em hexâmetro dactílico cobrindo de forma enciclopédica os fatos do mundo romano. Apesar de as Sátiras serem uma fonte vital para o estudo da Roma Antiga a partir de um vasto conjunto de perspectivas, as suas hipérboles e a sua maneira sarcástica de se expressar fazem com que a utilização de suas declarações seja um fato problemático, para dizer o mínimo. À primeira vista, a obra poderia ser entendida como uma crítica ao paganismo de Roma, talvez tentando garantir sua sobrevivência dentro da monástica cristã - um estrangulamento na preservação dos textos antigos, onde a maioria dos textos antigos foi perdida.

 

O livro de Juvenal inspirou muitos autores, incluindo Samuel Johnson, que modelou seus poemas "London" (1738) na terceira Sátira e "The Vanity of Human Wishes (1749), na décima.

 

 

 

31 POETAS, 214 POEMAS.  DO RIGVEDA A APOLLINAIRE. Uma antologia pessoal de poemas traduzidos, com notas e comentários de Décio Pignatari.  Capa: Silvia Massaro.  São Paulo: Companhia das Letras, 1996.  132 p.    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

        FRAGMENTOS DA SÁTIRA VI

(Versos 115-32)


Mas conheça o caso de Cláudio, o quase-divino,
Por exemplo: assim que adormecia, Messalina
— Que preferia colchão de palha a leito imperial —
Escapulia do palácio, augusta rameira,
Com capote e capuz, sozinha ou com uma aia,
Nos cabelos negros uma peruca grisalha,
Rumo ao bordel malcheiroso e abafado, com cela
Privada e tabuleta à porta — Licisca, a Loba —,
Os bicos dos seios pintados de ouro, o ventre
(Que gestou o generoso Britânico) à mostra,
Para quem quer que viesse e para quem pagasse.
“Hora de fechar!” — gritava o dono-cafetão;
“Que pena!” — respondi, sempre a última a ir-se.
E ia triste, a xoxota a pulsar de tesão,
Cansada e insatisfeita, o rosto fuliginoso
Das lamparinas a impregnar o paço real
Com a sujeira, com os fedores do puteiro.


(Versos 32-3) (O imperador Domiciano)

A fértil cona de Júlia, a sobrinha, abortava
Fetos e mais fetos escarrados de seu tio.


(Versos 133-41)

 

        Não há por que falar de feitiços, elixires,
Ou de poções letais da madrasta aos afilhados:
É o sexo que leva a mulher ao crime, a luxúria.
Por que o marido de Cesênia a ter por santa?
Ela lhe deu um milhão: é o preço da pureza.
As marcas, as olheiras fundas, o fogo aceso
Pouco têm a ver com amor, muito com dote.
O tal preço, ela é livre, pode marcar com encontros
Ou receber recados do amante, na presença
Do marido: quem é rica e casa com pão-duro
Pode reclamar os seus direitos de viúva...



        (Versos 186-99)

                                E tudo em grego,
Não fosse vergonha maior ignorar latim.

        É grego pra tudo: ódio, alegrias, problemas,
Os sentimentos mais íntimos. E ainda há mais:
Transam em grego...  Dá-se desconto, se são jovens,
Mas há quem aguente uma velhota babujando
“SOU KAI PSYCHE!” (Minha vida, minha alma!)? Ninguém
Resiste a sussurros lascivos: eles têm dedos,
Mas por mais sensual artista de teatro
— Sobretudo em grego — nada feito. Com efeito,
A sua cara não pode remarcar os anos.


(Versos 268-85)

        Está sempre quente a cama onde se deita uma esposa:
Brigas e pontada dizem que dali o sono
Se foi. E aí o marido se ela lhe vem pra cima
Como tigresa privada dos filhotes: como
Dois e dois são quatro, é porque oculta uma perfídia;
Inferniza-o, maliciando sobre amigos
Ou uma suposta amante, copiosamente
Derramando lágrimas adrede armazenadas
E encomendadas, para encobrir a própria culpa.
E o tonto do marido, crente que são de amor,
Acode aos beijos, para enxuga-las. Um devassa
Em suas gavetas e diários logo diria
Dos torpes compromissos da adúltera ciumenta.
[...]
Em descaramento, ninguém supera a mulher
Pega em flagrantes: a chispa da culpa põe mais fogo
Em sua fúria, em sua imaginação.


(Versos 300-13)


Liga pra alguma coisa a mulher que ama e bebe?
Troca as bolas, não distingue o de cima e o de baixo,
Quando deglute dúzias de ostras, noite adentro,
Regadas a falerno perfumado, sorvido
Em conchas espumantes, enquanto o teto gira,
A mesa levita e tudo o mais se vê dobrado
Pois, então, suspeite dos risonhos zombeteiros
Dessa Maura, se passa pelo velho oratório
Da deusa do Pudor, ao lado de Túlia, irmã
De leite. De noite, é ali que param suas liteiras
Para mijarem, inundando a estátua da deusa
Com esguichos de urina. À luz da lua, as duas
Atracam-se, transam, voltam para casa. Você,
À luz da manhã, em visita a nobres amigos,
Patina na urina da esposa, pelo caminho.


(Versos 366-73)

 

        E há aqueles que adoram os eunucos glabros,
De beijinho doce, sem barbas que piquem — e sem
Perigo de aborto. Mas o máximo é aquela
Cujo prazer foi castrar seu escravo já púbere,
Um negro avantajado: esperou que os testículos
Chegassem a quase um quilo — e o passou às mãos
Do cirurgião. Só os barbeiros reclamaram...


(Versos 487-507)

 

        Mas se quer se arrumar melhor do que de costume
E está atrasada e alguém a espera no jardim
Da praça, ou junto ao suspeito santuário de Ísis
— Pobre escrava que a atende! Puxa-lhe os cabelos,
Rasga-lhe as roupas, deixa-a quase nua: “Por que
Essa mecha não está no lugar?” E tome
Lambadas de couro cru (pelo cacho rebelde).
Qual o crime de Pseca, onde a culpa, se à dona
Não agrada o próprio nariz? Logo, uma outra escrava
Enrola o cabelo do lado esquerdo, capricha
Nos cachos. É chamado um conselho consultivo,
Presidido por matrona venerável, marca
Materna, promovida de grampos a alfinetes.
Fala primeiro, falam depois as subalternas
Segundo a idade e a competência: estão em jogo,
Mais que o renome, a vida: como luta a mulher
Pela bela aparência! Mas veja: o edifício
Do penteado parece escalar tantos andares,
Que a portadora adquire um porte heroico — de frente,
ao menos. Por trás, é outra. Mas, se a natureza
A fez baixinha, pigmeia (sem saltos altos),
Pontinhas dos pés pra ter um beijo, que fazer?

 


 

Página publicada em agosto de 2020




        

 




 

 

 
 
 
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