| POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS Retrato  de Anna Akhmátova por Kuzma Petrov-Vodkin em 1922     ANNA AKHMATOVA     Anna  Akhmátova (em russo e ucraniano: А́нна Ахма́това, Odessa, 23 de junho de 1889 —  Leningrado, 5 de março de 1966) é o pseudônimo de Anna Andreevna Gorenko  (russo: А́нна Андре́евна Горе́нко; ucraniano: А́нна Андрі́ївна Горе́нко), uma  das mais importantes poetisas acmeístas russas.   Começou  a escrever poesia aos onze anos de idade, mas o pai, um engenheiro naval, temia  que Anna viesse a desonrar o nome da família, convencido de estar a adivinhar  hábitos decadentes associados à vida artística. Assim, assinou os seus  primeiros trabalhos com o primeiro nome da sua bisavó, Tatar.   Apesar  do seu pai ter abandonado a família, quando Anna contava apenas dezesseis anos,  conseguiu prosseguir os seus estudos. Portanto, não só estudou no liceu  feminino de Tsarskoe Selo e no célebre Instituto Smolnyi de São Petersburgo,  como também no Liceu Fundukleevskaia de Kiev e numa faculdade de Direito, em  1907.   A  obra de Akhmatova compõem-se tanto de pequenos poemas líricos como de grandes  poemas, como o Requiem, um grande poema acerca do terror estalinista. Os temas  recorrentes são o passar do tempo, as recordações, o destino da mulher criadora  e as dificuldades em viver em escrever à sombra do estalinismo.   1989 Os  seus pais separaram-se em 1905. Ela casa-se com o poeta Nikolai Gumilev em  1910. O filho deles, nascido em 1912, é o historiador Lev Goumilev.   Akhmatova  teve uma longa amizade com a poetisa Marina Tsvetaeva, sua compatriota. Estas  duas amigas trocaram uma correspondência poética.   Nikolai  Gumilev foi executado em 1921 por causa de actividades consideradas  anti-soviétes; Akhmatova foi forçada ao silêncio, não podendo a sua poesia ser  publicada de 1925 a 1952 (exceptuando de 1940 a 1946). Excluída da vida  pública, vivendo de uma irrisória pensão e forçada a ir fazendo traduções de  obras de escritores como Victor Hugo e Rabindranath Tagore, Akhmatova começou,  após a morte de Stálin, em 1953, a ser reabilitada, tendo-lhe sido autorizada  uma viagem a Itália para receber o prémio literário Taormina e a Oxford para  receber um título honorário, em 1965.   Na  generalidade, a sua obra é caracterizada pela aparente simplicidade e  naturalidade e pela precisão e clareza da sua escrita. Fonte:  wikipedia       ANNA AKHMATOVA   (1889-1966)     Extraído de     POESIA SEMPRE – Ano 7 – Número 10, Rio de Janeiro,  abril 1999.  Rio de Janeiro: Fundação  Biblioteca Nacional, Departamento Nacional do Livro, Ministério da Cultura,  1999.  255 p., ilus., col. Editor-geral  Antonio Carlos Secchin.  Ex. bibl.  Antonio Miranda       Em lugar de prefácio    Nos anos terríveis de ejóvchinà passei dezessete meses nas filas da prisão de Leningrado.
 Uma vez alguém me "identificou". Então  uma mulher de lábios azuis que estava atrás de mim e que nunca, é claro, ouvira o
 meu nome despertou do torpor peculiar a todos nós e me
 perguntou no ouvido (lá todos sussurravam):
 —E isso você é capaz de contar? E eu disse: —Sou. Então algo
 como  um sorriso passou por aquilo que outrora foi seu rosto.
 
 Ia de abril de 1957. Leningrado.
      De Ejov, comissário do povo e chefe de polícia da  Rússia da Stalin cujo nome permanece associado aos inúmeros expurgos e  deportações que marcaram a época. (Nota das tradutoras)   Tradução de Aurora Bernardini e Madasa Cytrynowicz         Para Natalia  Rikova   Tudo  saqueado, traído, vendido, Da morte negra a asa passava  veloz,
 Tudo pela tristeza faminta  roído,
 Por que ficou iluminado para  nós?
   De dia  o sopro a cerejeira em exalações Do bosque inusitado em baixo  da cidade,
 De noite brilha com as novas  constelações
 Dos céus de julho a profunda  claridade,—
   E tão  próximo o milagroso vem Ao  sujo casario desmoronado... Não é  conhecido por ninguém, por ninguém, Mas  pelo século para nós desejado.               Junho de 1921                 Tradução de Joaquim Magalhães e Vadim Dmitriev     ANTOLOGIA RUSSA MODERNA. Traduções de Augusto e Haroldo de  Campos com a revisão ou colaboração de Boris Schnaiderman. Apresentação,  resumos biográficos e notas de    Boris  Schnaiderman.  Rio de Janeiro: Editôra  Civilização Brasileira S. A., 1968.. Desenho de capa:Marius Lauritzen Bern.  (Coleção POESIA HOJE, Série Antologias Volume 17.         Direção de Moacyr Felix.    Ex. bibl. Antonio Miranda 
                    Lendo “Hamlet”     O  cemitério.  Inflete um rio anilÀ direita, no vazio do terreno.
 Tu me disseste:
 “Vai para um  convento!
 Ou se queres desposa um imbecil...”
 
 Estas coisas só um príncipe diz,
 Discurso que se grava na memória
 Por séculos a fio e que desliza
 Manto de zibelina pelas costas.
       1909
   (Tradução de Haroldo de  Campos)   VEJA E LEIA outros poetas clássicos e  modernos do MUNDO em Português:http://www.antoniomiranda.com.br/poesiamundialportugues/ANDReI%20BIeLI.html Página publicada em março de 2021   Página publicada em  fevereiro de 2018 
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