| Biografia: wikipedia       TRISTAN  TZARA       Tristan Tzara, nascido Samuel ou Samy  Rosenstock (Moinesti, 16 de  abril de 1896 – Paris, 25 de  dezembro de 1963) foi um poeta romeno, judeu e francês, um dos  iniciadores do Dadaísmo. Em 1916, em plena Primeira Guerra  Mundial (1914- 1918), um grupo de refugiados em Zurique,  na Suíça, iniciou o movimento artístico e literário chamado Dadaísmo, com  o intúito de chocar a burguesia.[   Seu pseudônimo significaria numa tradução livre  "triste terra", tendo sido escolhido para protestar o tratamento  dos judeus na Roménia.  Em 1917, após a partida de Hugo Ball, Tzara assumiu  o controle do movimento dadaísta em Zurique. Proclamou a sua vontade de  destruir a sociedade, os seus valores e a linguagem em obras como "Coração  de gás" (1921), "A anticabeça" (1923) e "O homem  aproximativo" (1931).  Após o declínio do movimento dadá, Tzara envolveu-se  no surrealismo, juntou-se ao Partido Comunista e  à Resistência Francesa. Tudo isto fez com que em obras como "A  fuga" (1947), "O fruto permitido" (1958), "A Rosa e o  Cão" (1958), esteja patente uma consciência lírica, na qual traduziu as  suas preocupações sociais e testemunhou a sua ânsia de defender o homem contra  todas as formas de servidão.  É considerado o principal articulador do movimento  estético-revolucionário dadá, que tem por objetivo detonar os valores  artísticos da cultura ocidental da época. Nasce em Moinesti, na Romênia, mas é  educado na França, onde começa a teorizar sobre o dadaísmo ainda durante a  Primeira Guerra Mundial.  Escreve em 1916 A Primeira Aventura Celeste do  Sr.Antipyrine e termina em 1918 os Vinte e Cinco Poemas. Com a  divulgação do manifesto do movimento, Sete Manifestos Dada, de 1924,  envolve-se em inúmeras atividades com os artistas André  Breton, Philippe Soupault e Louis Aragon. O intuito do grupo é  desintegrar as estruturas da linguagem artística da época e, com isso, chocar o  público. O movimento não sobrevive à década de 30.  Em virtude do clima político de intolerância  na Alemanha, que prenuncia a Segunda Guerra Mundial, seu fundador se  une ao Partido Comunista em 1936 e luta na Resistência Francesa, depois da  ocupação da França pelos nazistas. Produz uma poesia lírica, após essa fase,  que revela preocupação com a angústia e a tragédia da condição humana.  Morreu em Paris e foi enterrado  no cemitério de Montparnasse.     Veja  também: DADAISMO NA POESIA DE TRISTAN TZARA: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_visual/dadaismo_na_poesia.html         GÁRGULA – Revista de Literatura. No. 1 -  Brasília,  1997. [Instituto Camões. Impressão: Thesaurus Editora]   Ex. bibl. Antonio Miranda
              Tradução de FERNANDES MENDES VIANNA      L´HOMME  APPROXIMATIF    PARTE V
 De teus olhos aos meus o sol se esfola
 sobre o limiar do sonho sob cada folha  há um enforcado
 de teus sonhos aos meus a palabra é  breve
 ao longo de tuas rugas primavera a  árvore chora sua resina
 e na palma da folha eu leio as linhas  de tua vida
      o rótulo da planta que é uma garrafa de céue sobre teu coração também os rótulos  guardam seus segredos
 com o anúncio silencioso fico achatado  e colado na farmacia
 da terra gorda achatad a triunfal  doença das nuvens
 arromba o horizonte e se esboroa o  castela de cartas
 meteorológicas
 mas para que trombeta das estações
 jornal desdobrado no terraço do  firmamento
 por onde filtramos com desdém a  equívoca brisa das versões
 astrais
 
 sono espesso de árvores lassas
 surdas torturas os folguedos das carnes  na sua casca machucada
 crepúsculos furtivos as avalanches de  angélicas nudezas
 martelam os días com o pesado passo de  teus amores
 deixar no ninho de sonho o grão alado  teu gigante pássaro
 sono espessos ded árvores lassas
 coroas trançadas de picos entrelaçados  com as nuvens
 longe longe bem perto da norte e perene
 no ventre do sono que fecha sobre ti os  dedos humildes
 assombrações
 escavan no mapa do pasado os ríos da  vida geográfica
 sono espesso de árvores lassas
 com um olho único virado para dentro
 válvula das dnaides não encherá nunca o  saco a claridade
 e sobre teu esmalte lunar deus de sonho  eu arranharei a marcha
 das caravanas
 cujos longos apitos garantem a partida  brumosa
 uma fonte no peito e inesgotával sabor  no interior
 em direção  às margens insolencias das palabras que não  cobrem
 qualquer sentido
 cabalgando as torturas presas no seu  espartilho de vales aos saltos
 e soluços
 quando abro a gaveta de tua voz sem  nome
 fitas rendas das idades pulseira dos  dentes
 coloco-a no meu pulso quando arrombo a  porta do sonho
 para sair no limiar do dia lacerado de  palpitações de peito e de
 tambor
      mal acordam minhas carnes francas sobre a lousa plantadasflorem a tumba aberta de uma Páscoa e  lençóis solares
 no céu recolhi todo o céu supérfluo
 nos arredores da aldeia reunido aos  animais
 céu férvido onde boiam os pergaminos e  os esqueletos
 e que leva às avessas os troncos de  árvores à serraria
 eu deixei a verdadeira vida  transbordando da pose de gentleman
 em devaneio  travestido
 os peixes das nuvens subindo o curso  das veias plenas
 os licores arrancados às flamas que  mãos de ferro torceram
 nas aciarias dos vulcões onde se  preparam satélites para os
 canhões
 impalpáveis roupas acariciando a pele  dos país incerto.
      pela janela aberta as casas entram no meu quartocom quartos em desorden dos despertares  e das janelas abertas
 as garrafas das torres de sino esgoelam-se  no frescor das gengivas
 sob a lupa de aumento do coração a erva  trança seu vitral
 a erva ofrece tecidos o sistema e o  detalhe
 mas parti frescas lembranças e  previsões de primaveras pasadas
 e outras por vir
 deixai-me com meu inverno de couro em  meu subterrâneo trabalho
 nervos nutridos de ociosa constancia a  unidade dos astros vivos
 da raíz à pedra vê o mal
 o vento ceifa a cabeleira de nossas  esperanças
 
 despertar no limites das pontas de  frases suspeitas
 despertar limite eu entro no dia o sono  às avessas
 no lado desembocando na espaçosa festa do ar  carregado de
 sinônimos
 eu caminhei sobre o céu de cabeça para  baixo
 entre os arbustos de fumaça de algas os  sendeiros lácteos
 onde brotam os bonés os faróis e  pavilhões de gramofones
 a cadeia de montanhas em ouro sobre o  ventre
 o sol um relógio e a dianteira do mundo
 as tesouras das agulhas cortam a sombra  até à noite
 o homem encolhe com o ano infinitamente
 
 os ríos desenrolam seu filme através da  paisagem
 o caubói ornamenta a fazenda de árvores  de laços
 o horizonte cabeça nua serve-lhe de  guarda-chuva e seu coração
 seu amor jorra do calor do geiser crina  ao vento
 e a vida encarquilha-se quando ele  vende sua pele ao diabo
 eu caminhei sobre o céu com o ano  infiminitamente
 seguimos as florestas anatómicas onde  plantamos notas
 o homem se encolhe com a sombra até a  noite
 e a chuva cai de baixo para cima  salpica de lama a trio dos deuses
 nómades
 eu caminhei sobre o céu à dianteira do  mundo
 onde as estrelas voam de uma flor à  outra e sugam o mel de sua
 primavera de pluma
 
 no fundo la no fundo que ele difarça  ele vê
 ele vê um outro olho escondido no  interior
 na intersecção dos cursos de carnais  tendenciais
 esquece-se o caroço em suas pálpebras e  pétalas
 enquanto os cartazes dilaceram o forro  do muro
 porém eis os anúncios que dizem não  estar tudo do lado de fora
 e ele recolhe as folhas que seu outono  pôs no chão
 e a neve já cai e as igrejas expõem-se  nas ruas com cuidado
 e os gatos nos braços convertem-se em  pequeñas locomotivas
 envoltos como nós próprios de pássaros  e de fortificações
 silêncio boreal silêncio de olho aberto  como uma boca
 e os dentes de neve no lugar dos cílios
 
 pacote de casas imóvel amarrado prestes  a afundar
 no abismo luminoso do mar explêndido catarata  e crise
 embora os galhos tenham insinuado sua  cristalina nudez um pouco
 em toda parte gelado
 quantas estranhas matemáticas brincam  em teu sorriso perto de
 fogo embandeirado
 e navios sulcam a lembrança de tuas  artérias
 as latitudes de teu corpo mordidas nas  carnes deslumbradas
 sob o degelo de tuas finas palabras  tombando do canto de teus
 olhos navegáveis
 
 mas que a porta se abra enfim como a  primeira página de um libro
 teu quarto pleno de indomáveis de  amorosas coincidencias tristes
 ou alegres
 eu cortarei em fatias a longa rede de  olhar fixo
 e cada palabra será um feitiço para o  olho e de página em página
    meus dedos conhecerão a flora de teu corpo e de página em páginade tua noite o secreto estudo se  esclarecerá e de página em página
 as asas de tua palabra me serão leques  e de página em página
 leques para espantar a noite de tua  face e de página em página
 tua carga de palabras ao largo será  minha cura se de página em
 página
 os anos diminuirão em direção ao  impalpável sopro que a tumba
 já  aspira.
     POESIA SEMPRE.  Minas Gerais.   Número 22. Ano 1.  Janeiro – Março  2006.  Rio  de Janeiro: Biblioteca Nacional,   2006.   ISSN 0104-0626.                      Ex. biblioteca  de Antonio Miranda   TRADUÇÃO de MARCOS SILVA   Desgosto
 Aqui  se encontram litorais de mar morto
 restos de asfalto, nuvem de pedra
 aqui o horizonte é deserto de  navios
 as águas de algas de baleia de  corais
 e dói, dói em mim, como o grito  das sereias
 nas colinas amarelas
 pululam tantas espécies de animais
 nos tanques verdes
 na fábrica abandonada com  fantasmas de fumaça
 alma doente
 não te queres perder?
 
 Os beirais de argila
 beberam a neve de vários invernos
 e quero beijar-te beijar-te
 como carícias de verme
 Dúvidas
 
 Peguei  o velho sonho da caixa como quero pega um chapéu
 quando veste o paletó cheio de  botões
 como quem pega a lebre pelas  orelhas
 depois da caça
 como quem escolhe entre as ervas  daninhas a flor
 e o amigo entre os cortesãos.
 
 Veja o que me aconteceu
 Quando caiu a tardinha lenta qual  uma barata
 a minha benvinda como remédio,  quando suave em mim
 se acende o fogo dos versos
 eu me deitei. O sono é um jardim  cercado de dúvidas
 não sabes o que é verdade e o que  não é
 acha que um ladrão e atiras
 vens a saber depois que era um  soldado
 é o que se passa comigo
 por te chamei para que me digas  —  sem erro
 o que é verdade e o que não é
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 Página publicada em julho de 2024    Página publicada em maio de 2021 
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