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                   Foto:  https://br.images.search.yahoo.com  
                    
                  CEES NOOTEBOOM 
                  ( Holanda )  
                         (  1933 -      ) 
                    
                  Cees  Nooteboom (pseudónimo de Cornelis Johannes Jacobus Maria; Haia, 31 de  julho de 1933) é um novelista, ensaísta, poeta, tradutor e hispanista  neerlandês. Biografia 
                   A sua formação escolar foi marcada por  mudanças constantes por várias escolas. 
                  
                    - Cônjuge: Simone Sassen
 
                    - Nacionalidade: Países Baixos 
 
                    - Nome completo: Cornelis Johannes Jacobus Maria
 
                    - Nascimento: 31 de julho de 1933 (89 anos)
 
                   
                    
                  
                  REVISTA DA ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL. Ano 3, Número 5,  jan./jun. 2021        Brasília,  DF: Editora Cajuína, 2021.   168 p.   Presidente: Flavio R. Kothe.   ISSN 1674-940-905       
                  Ex. bibl.  Antonio Miranda 
                    
                  TRADUÇÕES DO HOLANDÊS, por  MARCOS FREITAS: 
                    
                    
                  Sem imagem 
                     
                    Sem  imagem surge um poema 
                      uma forma que ainda não emergiu 
                      do reino das palavras, 
                      herdada de que nunca conheci. 
   
                      Linguagem, esculpida em sonhos, em púlpitos, 
                      moldada em camas, quartos solitários, 
                      útil na vida e na morte, arma 
                      na luta contra o acaso, a artimanha 
                      do destino. 
   
                      Quem éramos, nossa caminhada 
                      para o enigma, 
                      está escrito em palavras, 
                      escrevendo como filha da fala, 
                      sussurros, lamentos, a medula 
                      dos pensamentos, 
   
                      testamento de uma emoção 
                      perdida, tom de decretos para um futuro, 
                      quando a multidão se perde 
                      em sua muda 
                      casa. 
   
   
   
  Noite 
   
  à noite, por entre edifício de nuvens, 
                      e um último terraço do luar, 
                      o sonho de viagens proibidas, 
                      uma porta, sempre fechada, 
                      agora entreaberta, o perigo de outra 
                      vida, um poema 
   
                      de uma existência de cabeça para baixo, 
                      onde a morte não tem foice, 
                      é uma amante com douradas ferraduras 
                      que lhe acaricia os seios 
                      e lhe estende o tapete de estrelas 
                      para você se deitar ali. 
   
                      luz por toda parte, até os dentes do predador, 
                      nas unhas do assassino e na faca brilhante que  
                      escreve a última pa- 
                      lavra, 
                      atire, e então com seus olhos de ninguém 
                      veja sem nunca chegar a um fim, 
   
                      veja que você era. 
   
   
   
  Isca 
   
  A poesia nunca pode ser sobre mim, 
                      nem eu sobre a poesia. 
                      Eu sou solitário, o poema é solitário 
                      e o resto é dos vermes. 
                      Eu estive nas ruas onde vivem as palavras, livros, 
                      cartas, mensagens, 
                      e esperei. 
                      Eu sempre esperei. 
   
                      As palavras, em formas claras ou escuras, 
                      transformaram-me em uma pessoa mais escura ou  
                      mais clara. 
                      Poemas passaram e se reconheceram como coisas. 
                      Eu os vi e me vi. 
   
                      Esse vício nunca vai acabar. 
                      Esquadrões de poemas buscam seus poetas. 
                      Vagam sem comando pelo vasto 
                      território das palavras 
                      e aguardam a isca de sua perfeita, 
                      hermética, condensada, acabada e irredutível 
   
                      forma. 
                    
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                  http://www.antoniomiranda.com.br/poesiamundialportugues/poesiamundialportugues.html  
                    
                  Página publicada em setembro de 2022 
                    
                
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