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 CLEMENTE PADÍN (Uruguay) veja também: Hoja de vida y propuesta  estética del poeta Clemente Padín  
 
                        Extraído deDIMENSÃO  -             Revista  Internacional de Poesia
 (Uberaba – Brasil – Ano XIX – No. 28/29 – 1999)
 Editor: Guido Bilharinho
 
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 PERFORMANCE   Este verso debe  leerse de frente al público Este verso debe  leerse de espaldas al público Este verso debe  leerse caminando Este verso debe  leerse acostado boca arriba Este verso debe  gritarse Es-te ver-so  de-be si-la-be-ar-se Este verso debe  declamarse Este  verso debe repetirse SONETO
 
 He leído el primer cuarteto
 (pausa)
 Ahora he leído el segundo cuarteto
 (pausa)
 Acabo de leer el primer terceto
 (pausa)
 Finalmente he leído el segundo terceto
 (punto)
     PERFORMANCE           Tradução de Antonio Miranda
 Este verso deve ser lido diante do público
 Este verso deve ser lido de costas para o público
 Este verso deve ser lido caminhando
 Este verso deve ser lido deitado boca para cima
 Este verso deve ser gritado
 Es-te ver-so de-ve ser so-le-tra-do
 Este verso deve ser declamado
 Este verso deve ser repetido
   SONETO
 Acabo de ler o primeiro quarteto
 (pausa)
 
 Acabo de ler o segundo quarteto
 (pausa)
 
 Acabo de ler o primeiro terceto
 (pausa)
 
 Finalmente acabo de ler o segundo terceto
 (ponto)
   Poemas extraídos do livro LA POESíA ES LA POESÍA.  Montevideo: Ediciones Imaginarias,  2003exemplar gentilmente oferecido pelo autor.
   A seguir, poemas visuales extraídos de   PADIN, Clemente.  PAN/PAZ. Poemas visuales semânticos.  Montevideo: Edicones Babilonia, 2011.   44 P.   (Pliegos de la visioón, n. 33)  14,5X20,5  cm.  ilus. p&b.  ISBN 978-84-615-1117-4  Ejj. N. 070 de uma edición de 200  ejemplares.  Col. A.M.    
   Invitación para el evento, versión Xerox.   Adhesión: Clemente Padin.
     Os poetas Clemente Padín (Uruguai), Humberto Ak´Abal  (Guatemala) e Antonio Miranda encontaram-se durante do VI Festival Mundial de  Poesia da Venezuela, Caracas, 2009.   HOMBRE CAMINANTE –  UM CIBERPOEMA                                                                          José  Fernandes               A  poesia visual não pára de evoluir. Está sempre à procura de novas fôrmas e de  novas formas pautadas pela convivência necessária das velhas técnicas  composicionais com o novo fazer poético, em que entra, inclusive, a  cibernética. O discurso artístico, em decorrência, assume uma dimensão estética  singular, uma vez que confluem em sua conformação instrumentos que o  transformam em um cadinho semiosférico, formado por signos, sinais e símbolos,  responsáveis pela existência de uma linguagem densa de significados e, como  conseqüência, de uma linguagem que atinge a esfera do metafísico.   O poema Hombre caminante, do poeta uruguaio, Clemente Padim, sem  dúvida, constitui um exemplo dessa singular poesia, dessa singular  ciber-estética. Em sua configuração congelada, representa um ser conformado por  signos que mostram a inter-relação perfeita entre homem e linguagem.  Inter-relação que se adensa, à medida que os signos espatifados não formam  nenhuma palavra, levando-se a interpretar o poema como um homem que perdeu a  linguagem verbal e incorporou uma série de signos e de sinais em decorrência de  seu estado de objeto, confundindo-se com as operações de matemática financeira  típicas da modernidade.               Por  outro lado, a imagem em movimento, ou animaverbivisual, mostra um ser também  composto de signos, mas em uma dimensão mais profunda da linguagem, porquanto  materializa, realmente, um ser simbiótico, a caminhar sempre para frente, naquele  sentido de homo viator, em que se é compelido a empreender uma travessia  existencial. Ter-se-ia, assim interpretado, um homem de linguagem semiosférica,  à medida que ele incorpora todos os signos necessários para ser e revelar-se,  não dispensando os signos cibernéticos próprios da modernidade. Porém, trata-se  de um homem destituído de interioridade, à medida que caminha sempre para  frente, enquanto a perspectiva metafísica do homo viator requer que  ele caminhe, antes de tudo, para a essência, pois caminhar sempre para frente,  sob a ótica da ontologia, não leva a lugar algum. Todavia, se se observar bem a  figura em movimento, verifica-se que os signos se movimentam também para o  interior do ser, substantivando o verdadeiro sentido do caminhar, entendido  como mergulho dentro de si mesmo. De qualquer modo, o fato de os signos não  comporem nenhuma palavra, especificamente, leva à interpretação de que esse Hombre caminante é a matéria e a  substância do homem moderno, marcado por aquela angústia metafísica revelada,  segundo Heidegger, por uma linguagem espatifada. Esse espatifar-se, ao ser  contraposto à figura que caminha, não se liga a uma perspectiva metafísica, porquanto  o Hombre caminante apenas caminha.  Não apresenta aquele aspecto de figura pensante, como se vê na estátua de  Rodin. Ele está mais para um ente autômato que para um ser que se pensa: 
 
                      
                        |  |                Outra  interpretação possível, considerando o fato de a cabeça da figura humana,  formar-se pelo número um, repetido três vezes, e por zeros colocados à  esquerda, também três vezes, e o cifrão, objetiva o homem voltado apenas para a  matéria, para o lucro e o consumo, tal como se observa na atualidade. O número,  ao apontar para a unidade, constituiria uma atitude louvável, não fosse ele  repetido três vezes. O ternário, símbolo, por excelência, da ação, materializa,  nessa interpretação, um homem sem interioridade, porque conformado à ação e,  não, à busca da essência. Essa ação se confirma pela presença do vocábulo ON a significar que ele está sempre  ligado aos números, aos cifrões de forma mecânica, apenas como matéria e, não,  como busca do humano. Assim entendido, a linguagem se espatifa exatamente  porque não lhe interessa a sua dimensão metafísica, mas a sua transformação em  instrumento de lucro, materializado pelo cifrão e pela seqüência numérica. Essa  leitura se reforça, ao verificarmos que, além da cabeça, a parte que  corresponde ao pescoço, sustentáculo da cabeça e ligação entre ela e o corpo,  se compõe de pontos, vírgulas e outros signos matemáticos, que substantivam  nossa interpretação de ser esse homem apenas um caminhante destituído de  dimensão metafísica. Não o fosse, e esses signos não se sobreporiam às letras  responsáveis pela formação das palavras, entendidas como forma e matéria do humano.                  Ainda  corroborando com nossa interpretação, observamos que a maioria dos signos que  conformam o Caminante são símbolos  utilizados nas operações matemáticas. Em decorrência, o indivíduo que caminha  seria muito mais números e cifras que letras conformadoras de palavras. Assim  entendido, esse ente caminhante realmente está caminhando sempre para frente,  uma vez que não revela nenhum sentido essencial do humano, mas a dimensão da  matéria, de que os números, atualmente, são a mais perfeita representação. Essa  simbologia se torna ainda mais evidente, ao observarmos que os dois únicos  ponto e vírgula existentes nesse discurso, encontram-se nas costas exatamente  porque, a cada passo que ele empreende, está mais longe de si mesmo, naquele  sentido de substância humana.              A  dimensão da matéria, representada por sinais matemáticos, torna-se ainda mais  evidente, quando observamos que os sinais de = criam uma ambigüidade imensa, à  medida que nunca anunciam um resultado perfeito, porquanto o um ou está  antecedido pelo sinal de – ou por sinais que não representam positividade em  relação à essência do indivíduo, considerando que se trata de um ente  incógnito. Mas, esse estado de matéria do Caminante se torna perceptível, como que com o dedo, ao constatarmos que não vê em  sua composição matemática o sinal de +, a mostrar que se trata de uma pessoa  que acumula números, mas nada soma à sua essência. Mesmo porque o centro de seu  ser é formado por cifrão e arrobas, símbolos essencialmente relacionados aos  bens materiais.              A  circunvolução dos signos nos movimentos empreendidos pelo caminhante não se  revestiria dos mesmos efeitos semânticos se a figura não fosse animada, porque  não se observaria o vai-e-vem das cifras na cabeça e no corpo. Esse ir-e-vir  dos signos, mormente aqueles típicos da matemática, materializa um estado de  perda e ganho, de ser e não-ser, à medida que a matéria tende a ser imatéria,  não porque a persona atingiu um  estado de ser; mas exatamente por caminhar entre o número e o número, entre o  igual e o negativo, entre a arroba e o cifrão. Não sem razão, o ente criado por  Padim caminha no vazio, a materializar a viagem para o nada, visto ser essa persona inteiramente destituída de  interioridade, de valores permanentes, que o faça caminhar, também, para a  verticalidade do sublime, entendido como o encontro do homem com o humano.             Verificamos,  por essa análise, que o poema visual passou pelas mesmas transformações  construturais verificadas no discurso poético verbal, a fim de acompanhar as  diversas circunstâncias existenciais sofridas pelo homem e pela sociedade ao  longo do tempo, uma vez que elas implicam, também, transformações nos padrões  estéticos de todas as artes. Assim, o advento da multimídia exigiu, não apenas  que o poema seja visto em sua conformação estática; mas, sobretudo, em  movimentos, que imprimem ao discurso novas dimensões semânticas, tornando-o  mais expressivo, visto que a imagem em movimento incorpora a polissemia  inerente ao poético.                             II  BIENAL INTERNACIONAL DE POESIA DE BRASÍLIA – Poemário. Org. Menezes y Morais.   Brasília: Biblioteca Nacional de Brasília, 2011.  s.p.   Ex. único.   Cabe  ressaltar: a II BIP – Bienal Internacional de Poesia era para ter sido  celebrada para comemorar o cinquentenário de Brasília, mas Governo do Distrito  Federal impediu a sua realização. Mas decidimos divulgar os textos pela  internet.        Poética   Los artículos determinantes, los sustantivos masculinos o femeninos, los verbos flexivos, los complementos directos, los adicionales de tiempo o modo, los adverbios de lugar, los pronombres personales, los declarativos de situación, los puntos y comas; la sintaxis, el verbo, la rima, la antirrima, la métrica,  las  expresiones interrogativas, el texto, la poesía, las poéticas: todo a la basura.     Poética    Os artigos determinantes, os substantivos masculinosou femininos,
 os verbos flexíveis,
 os complementos diretos,
 os adicionais de tempo ou de modo,os advérbios de lugar,
 os pronomes pessoais,
 os declarativos de situação,
 os pontos e as vírgulas;
 a sintaxe, o verbo,
 a rima, a anti-rima,
 a métrica,
 as expressões interrogativas,
 o texto, a poesia, as poéticas:
 tudo para o lixo.
 
 Paratexto    De cómo las palabras AMOR, MUERTE, REVOLUCIÓN, ESPERANZA, ALEGRÍA, YO,TÚ, NOSOTROS y otras...  se reúnen y se niegan a ser usadas como paños de  lágrimas o banderas desplegadas por algún poeta...    Eso fue el título        Paratexto    De como as palavras AMOR,  MORTE, REVOLUÇÃO,ESPERANÇA, ALEGRIA, EU, TU, NÓS e outras...
 se reúnem e se negam a serem usadas como lenços para as lágrimas
 ou bandeiras empenhadas por algum poeta...
   Isso era o título       La poesía es la poesía    P expresión artística de la belleza O arte de componer  versos E expresar lo bello por medio del  lenguaje S cierto indefinible  encanto I obra de arte que suspende el alma infundiéndole suave y puro deleite A h!     A poesía é  a poesia   P expressão artísticada beleza
 O arte de compor versos E expressar o belopor intermédio da linguagem
 S um certo indefinível encanto I obra de arteque eleva a alma
 inculcando-lhe
 suave e puro deleite
 A h!     Ying - Yang   Plenitud, desdichas, alegrías, manos tendidas, crepúsculos, caricias,  ganas  de morir, esperanza, mi vida.   Palabras, letras, puntos suspensivos... metáforas, retórica, versos, comas, enumeraciones, inflexiones verbales, mi vida.     Ying – Yang   Plenitude, desditas,alegrias,
 mãos estendidas,
 crepúsculos, carícias,
 desejo de morrer,
 esperança,
 minha vida.
   Palavras, letras,reticências…
 metáforas, retórica,
 versos, vírgulas,
 enumerações,
 inflexões verbais,   Palabras, letras, puntos suspensivos... metáforas, retórica, versos, comas, enumeraciones, inflexiones verbales, mi  vida.       Lugares comunes   El viento sopla  Los ríos corren  Las estrellas  brillan  El mundo gira  El tiempo fluye  La poesía es eterna El hambre mata  La vida continúa  Nada cambia  Todo cambia  Ellos se aman  Yo soy.       Lugares comuns    O vento sopraOs rios correm
 As estrelas brilham
 O mundo gira
 O tempo flui
 A poesia é eterna
 O homem mata
 Nada muda
 Tudo muda
 Eles se amam
 Eu sou.
 
     DIMENSÃO – REVISTA INTERNACIONAL DE  POESIA.         ANO XI – No. 21.  Editor Guido Bilharino.    Uberaba, Minas Gerais, Brasil: 1991.  130 p.                     Ex. biblioteca de Antonio  Miranda     DIMENSÃO. Revista Internacional de  Poesia.  Ano XV No. 24. Editor  Guido Bilharino, Uberaba, MG: 1995.  150  p.Ex.  biblioteca de Antonio Miranda
     DIMENSÃO – REVISTA INTERNACIONAL DE POESIA. ANO XII. No. 22.  Editor Guido           Bilharino.  Uberaba, MG: 1992.  147 p. Ex. biblioteca de Antonio Miranda
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