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Antonio Miranda

Antonio Miranda

ASAS

Fragmento do poema Asas de Borboleta, de Antonio Miranda, exposto numa trilha do Jardim Botânico de Brasília, com arte do designer Washington Siqueira.

Extraido de:

FERNANDES, José.  Poesia e ciberpoesia. Leitura de poemas de Antonio Miranda.  Goiânia, GO: Editora Kelps, 2011.   170 p.  ilus. col.  16x22,5 cm. Apresentação de Giovanni Ricciardi.  “Orelha” do libro por Maria Adélia Menegazzo. ISBN 978-85-400-0216-6  Capa Wellington Rodrigues com o poema-objeto “Desembarque” de Da Nirham Eros, heterônimo de Antonio Miranda. Poesia brasileira. Poesia Visual.

 

A interação da linguagem verbal com a infinidade de signos e símbolos, como vemos, transforma o texto em um cadinho de significados muito mais intenso, que se o poeta utilizasse apenas a palavra. Em outro poema, Asas, o poeta repete aquele gesto impresso ao-poema Asas do amor, de Símias de Rodes, em que a impressão de movimento constitui um de seus princípios constitutivos e, em decorrência, geradores de semias, que repetem o amor em outro tempo e em outro espaço ideológico:

 

O poema Asas, colocado em uma trilha de um bosque, incorpora mensagens concretas que se desprendem da correlação do texto com a paisagem. Assim, o simbolismo de devaneio, de necessidade de alçar vôo, inerente às asas, não se prende apenas ao relacionamento intrínseco aos casais movidos pelas flechas de cupido; mas, sobretudo, pela necessida¬de hodierna de se refugiar na natureza. A semântica do vocábulo casais, por sua vez, não se atém apenas à relação homem-mulher; mas a todo o processo referente ao fluir da vida, como o comprova a paisagem que compõe o círculo por onde as asas se movem. Primeiramente, o círculo, ao simbolizar a perfeição e a noção de infinito, imprime às árvores e aos animais, que o circundam, uma dimensão cósmica, uma vez que cada um deles não se circunscreve à concepção de espécie; mas à representação de toda a flora e de toda a fauna.

 

Depois, a semântica de casais realmente se estende a todas as espécies animais e vegetais, sobretudo verificando a correlação que ela estabelece com a simbologia de dobradiças, em que as partes, mesmo imóveis, se conjugam mediante um processo inequívoco de interdependência, tal como ocorre na natureza. Esta interpretação se robustece ao constatarmos que todas as formas de vida estão representadas nas semias de casais, uma vez que inclusive os pássaros, materialização de asas e de ar, encontram-se na paisagem e também na palavra par, repetição e reiteração do acasalamento, substantivado pelo vocábulo dobradiças.

 

A conjunção perfeita entre os elementos da natureza, notadamente os que envolvem as semias de casais, estreita-se na acepção acrescida a dobradiças, uma vez que treliças constitui a própria matéria da união necessária e imprescindível ao panta rei, Ttavxa pei, ao eterno retorno das coisas, possível através do acasalamento. E por isso que a palavra partes, em vez de carregar semas de divisão, substantiva a ação perfeita dos seres em inteira fusão, a fim de reproduzir e de conservar a vida. Não sem razão, repete-se, em seguida, a metade do vocábulo parte, pares, como a reiterar o sentido e a simbologia de união, materializada pela força do verbo casais. O desmembramento do sema pares, em par e es, mostra como que com o dedo, este nó górdio formado pela treliça, uma vez que se pode ler nele, a segunda pessoa do presente do indicativo do verbo ser, a estigmatizar a imprescindibilidade dos casais e dos pares na alquimia necessária ao ser e ao existir da natureza.

 

A confirmar nossa interpretação, de forma concreta e insofismável, a letra [e], ao simbolizar o ar e a respiração, materializa a vida e confirma o significado da pessoa verbal, és, pois significa também eis, que aponta para a importância de casais, pares e ar no movimento de ser e não-ser natureza. A evidência desta afirmação é constatada no significado da letra [s]. A partir de sua conformação hieroglífica em arco, que resultou na letra sigma e no nosso esse, ela simboliza, segundo Annick de Souzenelle (1987, 199) o poder do movimento contido e concentrado na curva do arco antes de disparar a seta. Ora, o que é, no poema, este movimento, senão o eterno fluir da vida em todas as suas possibilidades, uma vez que, no ar, até mesmo a vida aquática está representada à medida que o voar se assemelha ao nadar?

 

Além disso, não podemos nos esquecer de que a letra [s] se repete duas vezes na palavra asas, tornando-a a própria matéria do movimento de ser e de existir em nível de natureza e, em decorrência, de renovação. Esses dois [s] substantivam ainda outro signo constitutivo do poema: a ampulheta, que é o símbolo máximo da duração e do eterno retomo, da perene passagem entre sér, não-ser e ser, pois as asas compõem duas partes distintas, separadas por um ponto. Este, em vez de evocar a imobilidade, constitui exatamente a semente, o principio sobre que as partes se conectam para a formação do todo: vida, natureza. Por isso, as metades se encontram dentro de um quadrado imaginário, símbolo da terra e do universo criado.

 

Para mais demonstrar a perfeita interação entre as partes que compõem a natureza e as relativas ao poema, a ampulheta visualiza dois triângulos, figura, que se associa ao criador e à ação, inerente ao número três. Ora, esses triângulos, evocações também do número seis, símbolo do poder, apenas coroam nossa leitura do poema, já que inexiste ação sem movimento, como inexistem asas imóveis e vida, sem renovação, sem um contínuo e permanente vir a ser.

 

 

 

 

 



 

 

 

 
 
 
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