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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
ANTONIO OLINTO

ANGELA CAMPOS

ANGELA CAMPOS

 

 

Born in Rio de Janeiro on January 1st, 1960,Angela de Campos completed her courses m literary studies at the Federal University of Rio de Janeiro (AFRJ) and at the Catholic University of Rio de laneiro. Married to a diplomat, she has lived in several cities, among them Mexico City and Madrid.

 

BOOK OF POETRY:  Feixe de Lontras (Rio de Janeiro: Livraria Sette Letras, 1996)

 

Angela de Campos nació en Rio de Janeiro en 1960. Estudió Letras. Publicó Feixe de Lontras (1996). Actualmente reside en Madrid.

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS    /   TEXTS IN ENGLISH /  TEXTOS EN ESPAÑOL

 

 

 

A corcova calva do camelo

me traz o desejo

de incendiar as vogais

e ruminar as cinzas arenosas.

 

Como a alma acalma o coração?

Talvez com dromedários.

 

         (from Peixe de Lontras, 1996)

 

 

The cames bald hump

wakes my desire

to burn the vowels

and chew the gritty ashes.

 

How does the soul soothe the heart?

Maybe with dromedaries.

 

    —Translated from the Portuguese by Michael Palmer

====================================

 

 

A tarde se estira

no dorso de um tigre

veloz—

o duro mel dos olhos

encorpa em camélias

súbitas esquinas sem beijos,—

todos os minutos se espreitam.

 

         (from Feixe de Lontras, 1996)

 

 

Afternoon stretches out

on the back of a swift

tiger—

 

the hard honey ofthe eyes

thickens into camellias

sudden corners without kisses,—

all the minutes spy on each other.

 

—Translated from the Portuguese by Michael Palmer

================================

 

 

0 tempo soluça no relógio

as rugas horizontais

que não tatuam meu rosto.

Ponteiros

agulhas invisíveis

injetam o ritmo

que infecta o dia.

 

         (from Feixe de Lontras, 1996)

 

 

Time hiccups from the clock

the horizontal wrinkles

that don't tattoo my face

Invisible needles

its hands

inject the rhythm

that infects the day

 

—Translatedfrom the Portuguese by Michael Palmer

 

 

 

Seleção de poemas publicados originalmente em:/ Poems from:

NOTHING THE SUN COULD NOT EXPLAIN: 20 CONTEMPORARY BRAZILIAN POETS, edited by Régis Bonvicino, Michael Palmer and Nelson Ascher. In> THE PIPE – ANTHOLOGY OF WORLD POETRY OF THE 20TH CENTURY.  Vol. 3.  Los Angels, USA: Green Integer, 2003.

Edição com o apoio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil e do Consulado Geral do Brasil em San Francisco, California, USA,

Página publicada em novembro de 2009

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ANGELA DE CAMPOS


 

Angela de Campos nació en Rio de Janeiro en 1960. Estudió Letras. Publicó Feixe de Lontras (1996). Actualmente reside en Madrid.

 

[Traducciones de R.J., revisadas por A.d.C.]

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS    /   TEXTS IN ENGLISH /  TEXTOS EN ESPAÑOL

 

 

ANGELA DE CAMPOS

Lume

 

De lírios não falo,

talvez umaforma de suor

que em mechas pálidas

apanha um feixe de lontras

lavadas de luz

sal e mão,

o espelho feito pedra

escama em silêncio

e esguelha intercalado

o espaço de um momento

em que cato o anjo coxo

vibrando no vôo

do fósforo decapitado.

 

 

Lumbre

 

De lirios no hablo,

tal vez una forma de sudor

que en mechas pálidas

apaña un haz de nutrias

lavadas de luz

sal y mano,

el espejo hecho piedra

escama en silencio

e inclina intercalado

el espacio de un momento

en que cato al anjo cojo

vibrando en el vuelo

del fósforo decapitado.

 

 

A tarde se estira

no dorso de um tigre

veloz –

o duro mel dos olhos

encorpa en camélias

súbitas esquinas sem beijos –

todos os minutos se espreitam.

 

 

La tarde se estira

en el dorso de un tigre

veloz –

la dura miel de los ojos

encarna en camélias

súbitas esquinas sin besos –

todos los minutos se acechan,

 

 

O olho da rua

entra pela janela

embaralha feixes e

pestaneja na parede.

Meu menino dos olhos

brilha.

 

A pestana que cai

é o desejo que voa

 

 

El ojo de la calle

entra por la ventana

baraja haces y

pestañea en la pared.

Mi niño de los ojos

brilha

 

La pestaña que cae

es el deseo que vuela.

 

 

A letra líquida

o húmus da palavra.

 

.

 

palavras

são dentes e cabelos

 

.

 

poemas

têm pés e mão

 

.

 

à margem

a mão

coça os pés

                 da página

 

 

 

La letra líquida

el húmus de la palabra

 

.

 

palabras

son dientes y cabellos

 

.

 

poemas

tiene pies y mano

 

.

 

al margen

la mano

rasca los pies

                    de la página

 

 

Correspondencia celeste. Nueva poesía brasileña (1960-2000). Introducción, traducción y notas de Adolfo Montejo Navas.  Madrid: Árdora Ediciones, 2001 – Obra publicada com o apoio do Ministério da Cultura do Brasil.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

         O tempo soluça no relógio
as rugas horizontais
que não tatuam meu rosto.
Ponteiros
agulhas invisíveis
injetam o ritmo
que infecta o dia.

 

         El tiempo solloza en el reloj
las arrugas horizontales
que no tatúan mi rostro.
Manecillas
agujas invisibles
inyectan el ritmo
que infecta el día.

                            (De Feixe de lontras, 1996)

 

*

         Congestionam-se cores
carniça dos sentidos
eixos que dobram e badalam
ouvidos—
vapores
debruçados nas janelas—
a tarde chia
hipóteses patéticas
no lapso das persianas
ergue-se um patamar
de espantos pontudos

 

         Se congestionan colores
carnaza de los sentidos
ejes que doblan y badajean
oídos,
vapores
assomados en las ventanas—
la tarde chilla
hipótesis patéticas
en el lapso de las persianas
se levanta un rellano
de espantos pontiagudos

                                      (De Feixe de lontras, 1996)

 

*    

         A língua manchada de letras
caduca
deixa escorrer a saliva
sangue e signos
à mingua.

         A vida velha
só sobrevive esquecida

 

         La lengua manchada de letras
caduca
deja escurrir la saliva
sangre y signos
minguando.

         La vieja vida
sólo sobrevive olvidada

                            (De Feixe de lontras, 1996)

*
    

         O prazer de caminhar os dias
com a noite—
sem óculos, nem relógio—
fronteira.

         (Na ausência
a concretude da palavra pérola
como a razão da concha.)

         Grilos dobrados criquilam
reboque do céu que aninha
e circular movimenta imóvel
a imagem da semente.

         Entreabro a pálpebra
e recrio o ar que respiro.


         El placer de caminhar los días
con la noche—
sin gafas, ni reloj—
frontera.

         (En la ausencia
la concreción de la palabra perla
como la razón de la concha.)

         Grillos doblados criquean
remolque del cielo que acoge
y circular mueve inmóvil
la imagen de la simiente.

         Entreabro el párpado
y recreo el aire que respiro.

                            (De Feixe de lontras, 1996)


 

 Página ampliada e republicada em dezembro de 2018

 

 

 

 

 
 
 
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