POESIA INFANTIL – POESIA  INFANTO-JUVENIL  
                  Colaboração de Liliane Bernardes 
                   
                    
                   
                    Sidónio Muralha 
                    (1920-1982) 
                      
                    Sidónio  Muralha nasceu em Lisboa (Portugal), em 1920 e faleceu em Curitiba em 1982. Dedicou  grande parte da sua obra à literatura infantil, tendo recebido vários prêmios  nacionais e internacionais. É considerado um dos melhores poetas para crianças  em língua portuguesa. 
                    Entre  os livros editados para crianças estão: 
                    A Dança dos Pica-Paus, A  Revolta dos Guarda-Chuvas, Sete Cavalos na Berlinda, Todas as Crianças da  Terra, O Trem Chegou Atrasado, Os Três  Cachimbos, A televisão da bicharada, O Companheiro, A amizade bate à  porta, Valéria e a vida, Bichos, bichinhos e bicharocos, Um personagem chamado  Pedrinho, Voa pássaro, voa, Catarina de todos nós, Helena e a cotovia, Terra e  mar vistos do ar, O rouxinol e sua namorada.  
                      
                    Xadrez   
                      
                    É branca a gata gatinha 
                    É branca como farinha. 
                    É preto o gato gatão 
                    É preto como o carvão. 
                    E os filhos, gatos gatinhos, 
                    São todos aos quadradinhos. 
                    Os quadradinhos branquinhos 
                    Fazem lembrar mãe gatinha 
                    Que é branca como a farinha. 
                    Os quadradinhos pretinhos 
                    Fazem lembrar pai gatão 
                    Que é preto como carvão 
                    Se é branca a gata gatinha 
                    E é preto o gato gatão, 
                    Como é que são os gatinhos? 
                    Os gatinhos eles são, 
                    São todos aos quadradinhos.  
                      
                    Prisioneiro 
                      Numa gaiola de pau 
                      um pica-pau 
                      fica mau. 
   
                      Fica 
                      mau, 
                      fica, 
                      e o pau 
                      pica 
                      o pica pau. 
                     
                     
                          As  grades 
                           
                          Um pássaro entrou na gaiola vazia 
                            e a gaiola fechou a alegria. 
   
                            Canta a gaiola de contentamento 
                            e canta o pássaro contra as grades 
                            mas só canta porque tem saudades 
                            das montanhas, do sol e do vento. 
   
                            Cheia de pássaro a gaiola 
                            cantarola, cantarola, 
                            mas o pássaro tem asas 
                            e vai deixar a gaiola. 
 
                     
                          Pássaro Livre 
                           
                      Gaiola aberta. 
                      Aberta a janela. 
                      O pássaro desperta. 
                      A vida é bela. 
   
                      A vida é bela. 
                      A vida é boa. 
   
                  Voa, pássaro, voa.  
                     
                     
                     Boa  Noite 
                           
A zebra quis 
ir passear 
mas a infeliz 
foi para a cama 
 
— teve que se deitar 
porque estava de pijama. 
                     
                   
                    A  Caminhada 
                           
                      Nessa mata ninguém mata 
                      a pata que vive ali, 
                      com duas patas de pata, 
                      pata acolá, pata aqui. 
   
                      Pata que gosta de matas 
                      visita as matas vizinhas, 
                      com as suas duas patas 
                      seguidas de dez patinhas. 
   
                      E cada patinha tem, 
                      como a pata lá da mata, 
                      duas patinhas também 
                      que são patinhas de pata. 
                      
                    Pintassilgo 
                    O  pintassilgo diz: 
                      - nada me consola, 
                      eu não sou feliz 
                      nesta gaiola. 
   
                      Do céu azul e da amplidão 
                      eu sinto muitas saudades. 
                      Não quero esta solidão 
                      cada minuto e segundo. 
   
                      Crianças, quebrem as grades 
                      de todas as gaiolas do mundo.  
                      
                    Dia de Festa 
                      A  floresta 
                        acordada 
                        pela madrugada 
                        de um dia 
                        de festa 
                        abria 
                        a saia rodada 
                        e a madrugada 
                        sorria 
                        sorria à floresta 
                        na madrugada da festa. 
   
                        A alegria  
                        estava lá 
                        a poesia 
                        estava lá, 
                        mas onde estava a alegria 
                        mas onde estava a poesia 
                        só sabia 
                        o sabiá. 
   
                        Só o sabiá 
                        sabia 
                        sabia 
                        o que havia  
                        lá 
                        - era um sábio o sabiá. 
                        Dono  
                        do dia 
                        da festa 
                        e dono 
                        da madrugada 
                        só por ele a floresta 
                        despertada 
                        do seu sono 
                        abria 
                        a saia rodada. 
   
                        E tudo o que lá 
                        havia, 
                        e tudo que havia 
                        lá, 
                        que se chamasse alegria 
                        que se chamasse poesia 
                        só sabia 
                        o sabiá. 
                        Ouçam como ele assobia, 
                        assobia 
                        o sabiá. 
                    
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