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V-XAME
Poema-ensaio de
ANTONIO MIRANDA
baseado no livro
No enxame
Perspectivas do digital
de
BYUNG-CHUL HAN*
“A mídia digital como tal privatiza a comunicação,
ao deslocar a produção da informação,
do público para o privado.” HAN
I
Na rede nos enredamos!!!
Vilém Flusser: “A sociedade da informação” (...)
“a favor do conhecimento
de que existimos um para o outro
e que ninguém existe para
si mesmo.”
Byung-Chul Han contradiz:
no ENXAME neoliberal
“o amor ao próximo”
— na comunicação digital não é
uma “técnica do amor ao próximo”!!!
“Ela é, muito antes, uma sociedade
do desempenho,
que nos individualiza.”
A informação não é mais
comunicativa
é cumulativa.
Flusser: “A comunicação digital torna possível
a experiência de uma proximidade afortunada (kairós),
ao esconjurar a distância temporal-espacial.”
HAN, contraditório:
“A comunicação digital (...) faz com que a comunidade, o Nós eroda.
Ela destrói o espaço público
e aguça a individualização do ser humano – o narcisismo.”
Mídias sociais como o Twitter e o Facebook
são mídias narcisistas.
No lugar do Big Brother, entra o Big Data.
O protocolamento total e sem lacunas da vida
é a consumação da sociedade da transparência.
A vigilância e o controle são uma parte inerente
da comunicação digital.
Neste panótipo todos observam e vigiam a todos.
II
Mac Luhan:
o homo eletronicus é um ser humano de massa.
O homo digitalis é tudo, menos um “ninguém”.
Em vez de ser ninguém, ele é um alguém penetrante
que se expõe e que compete por atenção.
O enxame digital consiste em indivíduos singularizados.
Os indivíduos que se juntam em um enxame
não desenvolvem nenhum Nós.
Não a multidão,
mas sim a solidão,
caracteriza a constituição social atual.
O digital submete a tríada lacaniana
do real, do imaginário e do simbólico
— destrói o real e totaliza o imaginário.
No lugar das mãos,
o novo ser humano, passa os dedos
em vez de agir.
Nômades digitais
de um “projeto a um projétil” (HAN)
fatal: se-parar, atrofia o digi-tal...
Sim e Não, senão: Movi-mento...
— explorar-se até explodir!
III
No ágora digital, o local de eleição e mercado,
pólis e economia são o mesmo.
Eleitores se comportam como consumidores.*
Propagandas eleitorais se misturam
com propagandas comerciais.
Governar se transforma em marketing.*
Opiniões eleitorais são descobertas pelo datamining.
Somos cada vez mais agentes ativos em vez de cidadãos,
consumidores passivos.
Não há massas de verdade,
mas há massas de informação.
A informação é explicita, o saber é implícito.
Poder e informação não combinam...
O poder aparece como barreira para a informação.
A demanda pela transparência é a estratégia.
***
*HAN, Byung-Chul. No enxame. Perspectivas do digital.
Tradução de Lucas Machado. Petrópolis: Editora Vozes, 2013. 134 p.
COMENTÁRIOS:
Bello tu poema, querido amigo. Bastante conceptual y cercano a mis reflexiones desde la filosofía. Hace un par de años escribí un ensayo sobre cine teniendo como referencia a Vilem Flusser.
También me ha llevado a pensar en el bello cine-ensayo titulado "En el intenso ahora" de Moreira Salles.
En mi libro que te compartí ("Pensar es no pensar lo mismo") econtrarás afinidades, cuando hablo sobre las políticas del miedo y sobre las sociedades de control.
Así que, amigo, estamos conectados.
Va mi abrazo.
OMAR ARDILLA – Bogotá 04/12/2018
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