Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 





HEIDEGGER E
AS MÃOS DE NILDO

  R E
A
Poema de Antonio Miranda  

Arte gráfica de Carmen Fulle (Chile)


I

Mãos enormes, leves, fortes, delicadas,

como asas, ásperas pelos exercícios

na academia.

 

Mãos tímidas, calmas, limpas, falazes

mas discretas, repousadas sobre a mesa,

em dádiva.

 

Dedos grandes, lisos, grossos, perfeitos

no ofício da afeição, no gesto contido

mas perseverante.

 

Dedos diuturnos, sossegados, pressionando

teclas solícitas de um computador,

horas a fio.

 

Mãos pacientes quando não agitadas

nas práticas esportivas, ou meditando

parcimoniosamente.

 

Um ensaio, traços de Leonardo da Vinci

em esquema sugestivo, detalhe,

uma reverência.

 

Mãos castas, dedos exultantes, sutis

em seus devaneios, ânsias, manifestações,

acenos juvenis.

 

Mãos pacatas, generosas, afagantes,

limpas, bem cuidadas, quietas mesmo

quando despertas.

 

Brancas, sossegadas, assim cruzadas

sobre o corpo dormido, imobilizando

dedos inquietos.

 

Acenando, apertando outras mãos,

ou em repouso de tarefas pacientes,

despedindo-se.

 

Mãos benfazejas, reverentes, recatadas,

em gestos amenos de aproximação

e solidariedade.

 

Mãos silentes quando assim prostradas

sobre o umbral da tarde declinante;

aquiescentes.

 

II

Heidegger: “Mas o ofício da mão é mais rico

do que geralmente se imagina(...)”. Ela

estende-se.

 

A mão distende, direciona, descontrola-se

na extensão da idéia ou sua ausência

inconsciente.

 

“Recebe sua própria saudação pela mão

dos outros”, interrelação de sentidos, ou

introspectiva.

 

“Duas mãos se enlaçam em uma”. Projetam-se,

reconstituem-se, redimem-se, dão, negam-se

e recuperam.

 

Sua linguagem é fundante, minuciosa,

valha a hipérbole: portanto direcionada

de sentidos.

 

“Cada movimento das mãos” (...) !”carrega

a si mesmo através do fundamento de

pensar.”

 

Mão que é o símbolo de outras mãos,

representando-as e no representa-las,

justificando-as.

 

“Todo trabalho da mão é fundamentado

pelo pensar”: a mão fala e pensa por

nós outros.

 

Ainda Heidegger: “pensar é o mais simples,

e por tal motivo o mais árduo de todos os

trabalhos da mão.”

 

Metafísicas, ônticas, oníricas, e concretas

as mãos confabulam, sentenciam, decidem

independentes.

 

A mão que antecede o pensamento

que inventa a linguagem, indicando

e nomeando.

 

Que é da mão o ato constituinte,

consumante, o sinal que antecede

a palavra.

 

É forma e conteúdo, também é causa e efeito,

mágica e realidade na sua materialidade,

e poesia.

 

 

Extraído do livro RETRATOS E POESIA REUNIDA ,. Brasília: Thesaurus, 2004.
Título da obra: “El lado oscuro de Da Vinci”, da artista chilena Camen Fulle. Outros trabalhos em:

http://www.geocities.com/carmenfulle/index.html

 


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar