AMOR (DE ALUGUEL) À MODA ANTIGA
Poema de Antonio Miranda escrito em 09.03.2003
- Este corpo jovem, cinzelado
de arestas e deslizes sutis
— por que não dizer primaveris
mesmo sendo verso viciado.
Este corpo fugaz ou falaz
que reverbera e é fausto
e fátuo, melhor: exausto
de tanto arfar, tanto faz
Possuindo ou sendo possuído,
atuando ou sendo consumido
nunca está no ato praticado
estou apenas eu, assumido
comprador de produto difundido
que não é assim nem é assado.
2. Nestes versos de pés quebrados
de um amor assim sem eira
nem beira, por alguns trocados
é-se capaz de qualquer besteira:
de dianteira ou mesmo por detrás
por encima ou até por debaixo
corresponde e é sempre eficaz
rapaz! isso é coisa de macho!
De quem cumpre o que promete
— performance de profissional!
em que tudo é isso e se repete
com cada freguês satisfeito:
vai-se ao orgasmo mais funcional
para garantir o sagrado direito.
3 Sendo tudo como é: uma farsa
sendo a mais pura imaginação
havendo ou não havendo comparsa
baste o poema da consumação
que o verso sublinhe o desejo
que o poema sublime o refúgio
que movimenta ou dá ensejo
ao puro ser e seu subterfúgio.
Ter medo de nossa fantasia
medo de que não seja verdade
o amor que se está praticando
medo de ser apenas poesia
de encobrir apenas a maldade
de estar só e apenas sonhando.
COMENTÁRIOS
Tu no te imaginas cuan presente estas tu en la vida, pensamiento o ideas de muchos venezolanos. / En mi caso hay poemas tuyos que han sido como "mantras" que he utilizado en la formación de mis hijos. Con Orfila solemos recordar anécdotas tuyas o relacionadas contigo.
OSCAR MARQUEZ, 23/09/2017
|