1808
Poema de Antonio Miranda
Não tomava banho e fedia a alho
e cebola e as ceroulas ferviam
nas tardes tórridas
de sua Quinta
sexta, sábado e domingo.
Era o VI
o centésimo
dia sem banho,
meu nobre João,
rei expatriado,
sentado em seu trono
de vários continentes.
Entrementes,
ardia e todo mundo sabia
de suas manhas
para fugir dos asseios
quando então
construíram em São Cristóvão
por artimanhas de médico
e curandeiro,
uma Casa de Banhos
— aromáticos, profiláticos —
em que metia suas banhas.
Dom João VI inaugurou
o nosso primeiro spa,
entre outros incontestes
pioneirismos.
(Lima, Perú, 11.10.2007)