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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

 

FREDERICO MORBACH

 

 

Nasceu em Taguatins, em 1937, ainda território goiano, e com apenas um mês de vida mudou-se para Marabá. Jornalista e poeta de talento. "Barrancas", romance que ele há anos redigia bissextamente, permanece inédito. Publicou poesias e crónicas que jamais reuniu em livro. Foi redator e colaborador dos jornais Correio do Tocantins, Jornal de Vanguarda e O Marabá, desta cidade; Diário do Pará e A Província do Pará, de Belém. Trabalhou na assessoria de vários governos de Marabá, onde faleceu em 17 de janeiro de 92.

 

 

 

De
BRAZ, Ademir, org.  Antologia Tocantina.   Marabá, TO: Grafecort, 1998.   184 p  formato  14 x 20 cm.  “Inclui o poema “Marabá” de Martins Fontes (1888-1912: José Martins Fontes), p. 155-178.  Col. A.M. (EA)

 

 

 

 

 

Marabá

 

Um dia,

alguém passando ao largo

viu teu sexo exposto no vértice destes rios.

Tuas pernas grossas de Tocantins

descansando em praias.

Teu ventre coleante de Pirucaba.

E alguém te possuiu,

cunhatã rica de cauchais e castanhais

nativos, com cipós-paus descendo

em teu pescoço de árvore-mogno.

Te tornaste dissoluta- Messalina do Tocantins,

com gestos de pajelança

abrindo as pernas na porta do Cabelo Seco.

Um dia, negro Basilão te botou um olhar de quebrar

E veio da boca do Sororó

um hálito quente de malária.

Veio vindo, veio vindo, veio vindo...

começaste a plantar homens no teu ventre,

trémulos do frio da sezão do teu fascínio.

Depois os mataste com a tua cabo-de-tala,

com teu quarenta-e-quatro,

nas tuas salas de festa do povo,

Jurema, Pindura-Saia, Barro Branco...

Agora, tu te divertes com música alienígena

e assassinas em massa

na sala vasta do teu latifúndio.

 

Ficaste louca, Marabá!

Trocaste tuas tranças verdes

de árvores seculares

pela peruca rala do capim.

Os teus rios já nem correm, constrangidos por barragens

onde teu último mito se afogou de vergonha

no perau do Vita Eterna.

A sinfonia do Capitariquara foi abafada

pelas águas do rio que atrofiaram

e o rock & roll azucrina teus ouvidos.

Ainda tão nova e já és saudade.

Saudade do que tu foste

nos teus varjões, nas tuas matas,

onde o passo aveludado da onça

demarcava a fronteira da nossa herança.

Ex-amante de posseiros, puta do latifúndio,

tentas te matar ria fogueira da tua inconsequência.

E já nem és mais castanheira, caucheira,

mulher de tropeiro, colecionadora de folclore.

De ti, resta somente um tambor do Divino

batendo a nossa saudade lá da Santa rosa.

Teus dentes, brancos dos diamantes do Jaú,

estão ficando amarelos pela nicotina do ouro.

E hoje és apenas uma Serra.

Pelada. Nada mais.

 

 

 

 

Página publicada em dezembro de 2011

 

 

 

 


 

 

 
 
 
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