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Foto: https://infonet.com.br/

 

JOSÉ AMADO NASCIMENTO

(1916-2017)

 

Nascido no dia 1º de agosto de 1916, José Amado Nascimento foi técnico de contabilidade, bacharel em Direito, e nomeado juiz conselheiro do TCE em 1970 pelo então governador do Estado, Lourival Baptista. Fez parte da primeira turma de conselheiros do Tribunal, que chegou a presidir. Desempenhou a função até 1985, quando se aposentou.

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Em 1961, diplomou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Sergipe, da qual foi professor. Também ensinou na Faculdade de Ciências Econômicas e na Faculdade Católica de Filosofia. Era poeta, jornalista e pensador cristão, chegando a dirigir o jornal diocesano “A Cruzada”.

Era imortal da Academia Sergipana de Letras desde 1971, ocupando a cadeira nº 6, que pertenceu a Gilberto Amado. Em homenagem ao serviço prestado à Corte Sergipana, a Escola de Contas do Tribunal foi batizada com seu nome. José Amado Nascimento era viúvo de Maria José Santos e deixa cinco filhos e netos.

 

 

                O POETA VAI DE ÔNIBUS

 

                Estações rodoviárias
inspetores de veículos
polícia motorizada
sinaleiras nas esquinas
despreocupai-vos, despreocupai-vos:
o poeta vai de ônibus.

O tempo é democracia
social.
O tempo baixou do Olimpo
Vai ombro a ombrão com o povo
sentou nos bancos dos ônibus.
O poeta é povo com o povo
viaja anexo ao povo.
O poema também é ônibus
e a poesia vai de ônibus.


Ó, deuses imortais de Grécia e Roma!
Ó, flauta de pan literariamente inaudível!
Ó, ninfas de Camões e musas insepultas!#
O poeta vai de ônibus
invade as cidades
anônimo e invisível.

 

        Rodas de vento e borracha
devoram chão de piçarra
de pedregulho ou de areia
de macadame e de asfalto.

 

        A poesia tem rodas
toca na terra e no céu,
vai com destino traçado
outras vezes roda ao léu.

O poeta em cima de rodas:
figura nova, de hoje,
que o mundo antigo não conheceu.
Nos tempos que já se foram.

 

        A poesia era angélica
e asas tinha o poeta.
Hoje o poema é veículo
e o poeta vai de ônibus.

A caminho do infinito
por entre a terra e o céu
a poesia dos ônibus
cria uma mitologia nova.

 

        Inspirações de petróleo
Kilometragens permanente
dança inflada das estradas
moto-contínuo poemático
volantes, freios, pneumáticos,
e o poema apostando velocidade.

 

        O poeta vai de ônibus
vai sentado
refestelado
em silêncio
enquanto o mundo gira com as rodas de ônibus
e a buzina é um grito de desafio para o céu.

 

 

 

        PEREGRINOS DO ABSOLUTO

 

                Um dia o homem sentiu a saudade do futuro
e saiu em busca de promessas esquecidas
para encher os olhos de paisagens estranhas.

 

                Não há satisfação tão completa
que conserve fechadas as portas
e os sapatos adormecidos debaixo do leito.

 

        Há uma voz invisível
que não se ouve lá fora,
chamando todos os homens
de dentro das entranhas.

Mas a paisagem que não se vê nunca
se afasta sempre,
e a mãe-d´água continua a chamar os que se debruçam
à beira da corrente da vida.

 

                O filho pródigo sofrerá a decepção
e voltará para casa com desejos ainda maiores.
Os que se unem, perpetuar-se-ão
perpetuando o desejo infinito nos filhos e em si mesmos.

 

        Caminharemos todos
por caminhos tão diferentes
que serão sempre os mesmos.

 

                Caminharemos sôfregos
Caminharemos trôpegos
Caminharemos ao peso de cruzes impossíveis
Caminharemos com as pernas, com os olhos, com o sexo
Caminharemos os caminhos da morte.

 

        Até que os tribunais enviem ao nosso encontro
um condenado arcando em baixo de uma cruz.
Até que um homem inerme e esbofeteado
se proclame Rei.

 

 

 

Página publicada em janeiro de 2020

 

 

 

 


 

 

 
 
 
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