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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

JOSÉ SAMPAIO

 

José de Aguiar Sampaio, nascido em Carmópolis, em 12 de

maio de 1913, faleceu em Aracaju em 3 de abril de 1956. No curto lapso de sua vida (43 anos), teve atuação de relevo na literatura sergipana. Foi cie quem, com maior vigor, descortinou novos caminhos da poesia em Sergipe, desencilhando-se da métrica tradicional, e estruturando sua poesia na fusão do verso lírico com o sentido participativo de sua mensagem estética. Tão destacada foi sua atuação, que o jornal Símbolo, cm 1939, já o qualificou de melhor poeta sergipano, e o escritor Paulo de Carvalho Neto, em artigo publicado na Gazeta de Sergipe (28-04-93) fala na existência de uma "Geração de Sampaio", que reunia um grupo de jovens escritores e poetas, entre os quais se incluíam Santo Souza, Enoch Santiago Filho e Walter de Mendonça Sampaio. Apesar de sua importância cultural, somente em 1954 foi publicado seu livro Nós Acendemos as Nossas Estrelas. Após sua morte, foram editados, em Sergipe: Esparsos e Inéditos (Nova Editora de Sergipe); Obras Completas (Movimento Cultural de Sergipe) e Poesia e Prosa (Sociedade Editorial de Sergipe). É em sua homenagem, no quadragésimo ano de sua morte, que esta revista reúne poemas de sua autoria e de outros poetas de sua geração.

 

 

REVISTA DE LITERATURA BRASILEIRA – LB 1 São Paulo, SP: 1996.  Conselho Editorial: Aluysio  Mendonça Sampaio – Henrique L. Alves.  
Ex. bibl. Antonio Miranda

 

        A RUA DAS VÍTIMAS 

Eu mesmo vou levá-lo pela mão
pra mostrar a rua desse povo
Primeiro aqui,
o trecho das perdida.
Esta é Rosa,
marcada de feridas,
beleza morta
que as suas mãos mataram. 

Dê uma esmola a esta, é Sílvia.
E esta outra, conhece?
Não. Eu sabia.
Ana Maria morreu
dentro desta mulher.
O que foi que você fez de Ana Maria? 

Rua escura e nojenta
Ponha o lenço no nariz
e entremos nessa rua.
Esses vulto
que se movem como sombras

é gente
e era uma gente forte.
É porque a força desse povo
ficou nos alicerces da cidade
equilibrando as contruções.
 

Há nestes homens magros, cabeludos,
poetas, arquitetos, pintores,
e outros artistas mais
que morreram como animais
nesta rua esquecida.
Vamos vê-los de perto,
mas não lhes vá temer
as caras hediondas:
é o tormento das fisionomias,
raiva guardada há muitos anos
apontando nos rostos
como um grito espontâneo de revolta. 

Vamos vê-lo de perto,
não fazem mal nenhum,
é um povo morto...
 

 

SARJETA 

Eu olhei muito a sarjeta
a agua correndo mansa e clara
sorrindo no cristal dos caracóis. 

Mas, cu vi lá no fundo
a tristeza do lodo
cobrindo o chão de luto.
 

E me lembrei tanto da humanidade. 

Por que é que não limpam
o fundo das sarjetas?
 

 

MARIA BONITA

Lampião,
a alma seca como um osso
dentro do quadro murcho do nordeste. 

Maria Bonita, moça e bela,
a alma ignorante como uma rosa,
um oásis onde o bandido descansava. 

Ela trazia o amor nos olhos e nos seios,
fresco e leve

como a primeira luz do dia.  

Lampião
começou fitando diferente
as lágrimas das resinas
escorrendo no rosto das juremas.
 

Um delicado sentimento,
como um fio de água,
chorava num rochedo.
 

O bandido riscou outros caminhos
com o bico da alpercata,
na parede do chão.
 

Os dedos sanguinários
começaram brincando com as folhas úmidas da
                                               /manhã.

Maria Bonita chegou,
os olhos pretos cheios de esperança. 

Antes, só acordara o amor
no coração de infelizes homens humildes. 

E veio para achar a felicidade
na valentia do grande cangaceiro...
 

Quando Lampião caiu para morrer,
Maria Bonita morreu sobre ele, as lágrimas caindo.
abençoando o seu corpo
como as contas de um rosário de brilhantes
rezadas pela noite morta dos seus olhos. 

 

Página publicada em setembro de 2019

 

 


 

 

 
 
 
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