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POESIA PARNASIANA – PARNASIANISMO

POESIA PARNASIANA – PARNASIANISMO


VALENTIM MAGALHÃES

VALENTIM MAGALHÃES

Antônio Valentim da Costa Magalhães (Rio de Janeiro, 16 de janeiro de 1859 — 17 de maio de 1903) foi um jornalista e escritor brasileiro, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Formou-se em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco, em São Paulo, onde ingressara em 1877.

Registra Manuel Bandeira que o autor participara, ao lado de Teófilo Dias, Artur Azevedo, Fontoura Xavier e outros, da chamada "Batalha do Parnaso", uma reação ao romantismo, iniciada ainda na década de 1860, e que ganhou força com a agitação promovida por Artur de Oliveira. Este misto de boêmio e intelectual conhecera em Paris os intelectuais parnasianos, e influenciara os autores brasileiros.
 

ÍNTIMO

Esta alegria loura, corajosa,
que é como um grande escudo, de ouro feito,
e faz que à Vida a escada pedregosa
eu suba sem pavor, calmo e direito<

me vem de tua boca perfumosa,
arqueada, como um céu, sobre o meu peito;
constelando-o de beijos cor-de-rosa,
ungindo-o de um sorriso satisfeito...

A imaculada pomba da Ventura
espreita-nos, o verde olhar abrindo,
aninhada em teu cesto de costura;

trina um canário na gaiola, inquieto;
a cambraia sutil feres, sorrindo,
e eu, sorrindo, desenho este soneto.

 

TORTURA

Ante a mesquita d´áureos minaretes
açoitam dois telingas a traidora:
as vergastas, sutis como floretes,
sibilam sobre a carne tentadora.

À vibração das varas, estremecem
seus níveos membros firmes, delicados,
e, nos espasmos do sofrer, parecem
das contorções do gozo eletrizados.

Geme aos golpes, que as carnes lhe retalham,
e aberta a rósea boca, os olhos belos
pérolas vertem, que seu peito orvalham;

dobram-se as curvas, soltam-se os cabelos,
e do alvo colo, amargurado e exangue,
— como esparsos rubis — goteja o sangue

 

OLIVEIRA, Alberto dePágina de ouro da poesia brasileira.  Rio de Janeiro: Livrria Garnier, 1929?   419 p. 11,5x18 cm.  capa dura.  Impresso em Paris por Imp. P. Dupont.  “ Alberto de Oliveira “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

(com atualização ortográfica:)

 

VISITA A UM TÚMULO

 

Tudo é paz; tudo repousa,

A própria luz, merencória,

Parece querer fugir...

A cada passo uma lousa,

E em cada lousa uma historia

E um coração a dormir...

 

Quantos mundos de ventura,

Quantos áureos paraísos,

Quanta ilusão, quanto amor

.Não devora a sepultura:

Livro de prantos e risos,

Sem leitores, sem autor.

 

É, todavia, um piedoso

E doce consolo á mágoa

Que n'alma a saudade faz,

Desse livro misterioso,

Ler, com os olhos rasos d´água,

Na capa o triste —- « Aqui jaz. »

Duas palavras apenas,  

Que são duas marteladas

Profundas, longas, cruéis...

E adeus, ilusões serenas,

Adeus, crenças estreitadas,

Adeus, sonhos infleis!

 

Tudo afundam, quebram tudo !

De uma vida, há pouco em flores,

Fazem um pouco de pó.

Depois... um deserto mudo,

Em que só vegetam dores

E correm lágrimas só.

 

À noite, á lua tristonha,

Pálidos lumes escassos

Tremem sobre os mausoléus...

Cada mármore então sonha,

Frios olhos, pétreos braços

Erguem-se lentos aos céus,

 

Dormem vilas e cidades...

Silêncio enorme! no entanto,

Eis surgem brancas visões...

São as pálidas saudades

Que vêm visitar em pranto

Esses mortos corações.

 

Como as saudades, agora,

Vou, de saudades pungido,

Um coração visitar;

Coração morto na aurora,

Quando ia, alegre e querido,

Abrir as azas, voar!

 

Vou levar-lhe este punhado

Das lindas flores singelas

Que tanto no mundo quis;

No seu túmulo gelado,

Aos olhares das estrelas,

Talvez a façam feliz.

 

Coitada! passou na terra

Como irisada falena

Que numa luz se perdeu;

Dos homens por entre a guerra

Passou, cândida e serena:

Cantou, sorriu... e morreu.

 

Quem foi? Um sorriso, um hino,

Uma benção consolante...

Uma estrela, um rouxinol.

Fez de um lar — pouso divino,

Que sem seu olhar brilhante,

E' como um dia sem sol.

 

Vou levar-lhe este punhado

Das lindas flores singelas

Que tanto no mundo quis;

No seu túmulo gelado,

Aos olhares das estrelas,

Talvez a façam feliz...

 

 

DOLOROSA

 

Como essas velhas santas dos altares,

Pálida estás, e esguia como os círios;

Tens nos magoados olhos singulares

Relâmpagos de sonhos e martírios.

 

Nas ondas brancas dos lençóis revoltos

Pareces afogar-te, pomba mansa,

As mãos pendidas, os cabelos soltos,

Num abandono de desesperança.

 

 

Imerges vagarosa, tristemente,

Gemendo apenas, naufraga da dor,

Mas esperando, numa crença ardente,

A todo instante o lenho salvador.

 

Ha quantos meses em teu corpo airoso

À que a alegria as azas emprestava,

Se insinuara um mal insidioso,

Que te fez, pobre amiga, sua escrava.

 

Ha quantos meses que, pregada ao leito,

Na sombra de uma câmara, padeces;

E cada vez mais se te oprime o peito,

E mais gemes e mais empalideces !

 

Da febre as garras rasgam-te, candentes,

As vísceras, e eu sinto-te escaldar,

Ouço-te as tristes falas incoerentes,

Vejo-te o seio férvido ofegar.

 

B as mãos torcendo e os prantos engolindo,

Quedo-me ao lado teu sem poder nada;

Contemplo, mudo, o teu sofrer infindo,

E sinto a alma transida, enregelada.

 

Não raro, tristemente o olhar erguendo,

Amargurado, e a boca descerrando,

« Oh! Deus ! — perguntas — "Porque estou sofrendo ?

Que delito ou pecado estou purgando'?! »

 

O de haveres nascido, amada minha.

Já que Deus não te pôde responder,

Respondo-te eu : — «O crime da avezinha,

O imperdoável crime de nascer! »,

 

Sofrem as mães, aos filhos dando vida,

E estes compartem do sofrer materno,

Se o prazer pouco dura, a dor, querida,

Cada breve minuto torna eterno.

 

Não julgues penas as horríveis dores

Que no teu leito curtes, dolorosa,

Deus não pode punir anjos e flores;

Pois não foi ele que te fez e a rosa?

 

Sofremos todos os que te adoramos,

Vendo-te assim sofrer, meu doce amor.

És uma santa, sim, que te enxergamos

Em torno á fronte a aureola da dor.



Página publicada em Dezembro 2008; ampliada e republicada em julho de 2015.



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