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SANTOS PERES



José Carlos Santos Peres, jornalista e escritor, nasceu em Avaré, Estado de São Paulo, Brasil.

Mais informações em https://aestancia.com.br/jose-carlos-santos-peres

 

 

 

COLETÂNEA DE POESIAS – PRÊMIO SESC  DE POESIA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE 2008.  Brasília. DF:  Serviço Social do Comércio do Distrito Federal SESC DF, 2008.  185 p.  Ilus. fotos dos poetas e do júri.

 

 

 

I
Quando a lua descolorir as espigas de trigo
da noite final dos meus dias e a morte —
imensa serpente — saltar do olhos do abismo
para recolher meu último alento,
direi da melancolia
que no barro dos meus anos
cravou sua cicatriz.

(então
minh´alma
buscará naus
desgovernadas
no exílio do
que fui
quando o
mundo se fazia
mar estendido
ao navegante)



II
Quando a lua descolorir as espigas de trigo
na noite final dos meus dias
o pássaro-sem-asas cultivado
no desamor do meu peito
recusará o campo aberto,
para entoar o seu canto de adeus
na noite final dos meus dias.


III
Quando as mulheres inventadas
nos delírios da solidão
perfilarem suas mágoas e saudades,
dores e lamentos
por sobre meu corpo inerte,
o cão-sem-telha que fui
haverá de chorar as lavadeiras
à camisa de quem partiu...



IV
Quando a lua descolorir as espigas de trigo
na noite final de meus dias
e a imensa serpente estender seu hálito
quente e definitivo,
alguém haverá de descansar o suor
para desenhar no meu peito uma cruz
ao homem que não cultivou quintais,
esqueceu-se de apascentar sonhos
e fez navalha dos olhos
aos corações deserdados.

 

 

 V
Quando os cachos amarelos do trigal
confrontarem-se com a luz da tarde
e o silêncio se fizer pelo campo
em oração de brisa anunciando chuvas,
o homem receberá seu punhado de flores e terra
como um beijo de despedida
e recolherá da hora derradeira
a inutilidade pálida do seu não ser
para que o sol não deixe de inaugurar
uma nova manhã ,
indiferente ao trigo e à canção dos ancinhos
no sagrado labor da colheita.

 

  

Página publicada em agosto de 2020

 


 

 

 
 
 
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