Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




  ROSANI ABOU ADAL

Rosani Abou Adal, editora do jornal LINGUAGEM VIVA é nome destacado da nossa poesia. A biobliografia da autora será acrescentada à presente seção em edição futura, embora dispense apresentação...

Veja também>>> POÈMES EN FRANÇAIS



Acalanto

(ao meu pai in memória)

  

Perdi minha jóia do Eufrates

meu tesouro sem ouro

A pedra mais preciosa

não habita as relíquias

Não sinto o seu calor

não posso tocá-la

não tenho olhos para vê-la

Meu deserto está frio

o sol sempre encoberto

a lua a minguar

O inverno presente

nas quatro estações

Durante séculos procurei

minha jóia do Eufrates

e agora a perdi

Para meu acalanto

irei encontrá-la

noutra dimensão  

 

 

Futuro Neon

 

Flores brotam no coração da Sé,

a Catedral sorri em uníssono.

O chafariz ilumina e acolhe

os homens sem teto e sem fruto.

Os sonhos refazem a vida que colhe

esperanças no altar mor das ilusões.

O evangelho é proclamado

pelos fiéis no banco da praça.

Menores fumam craque e cheiram cola

em busca de um futuro neon.

As calçadas de plástico clamam em nome da paz.

Eremitas vendem sonhos nas ruas.

A Catedral da Sé, um poliedro de esperanças.

Os pratos vazios amanhecem no ventre

da cidade desvairada

e, nas escadarias, Mário de Andrade

canta Salmos e bebe Kyries.

Fome - grita alguém do outro lado.

Sede - exclama o comedor de fogo.

Milhões de pessoas a naufragar

no silêncio da melodia muda.

Ninguém escuta os filhos da mesma aurora.

Pausa - a cidade ensurdece e emudece.

A fome e a sede, as cores vivas do País. 

 

 

GOSTO DE AVELÃS

 

Dirigindo o veículo que me conduzia

às minhas quatro paredes,

viajei nas rodas de Lenoir

rumo à rua Roquette.

No café em frente ao terminal,

observava através das cortinas transparentes

os chapéus que passeavam na calçada.

Tentava te perceber meio à multidão,

não via o vulto de tua imagem.

Sobre a mesa Uma Paixão no Deserto,

nos tipos de Didot, Balzac me acompanhava.

Entrastes pela alta porta de vidro

com um buquê do campo nas mãos

como fosse este o primeiro instante.

Sentastes ao meu lado,

beijastes suavemente minhas mãos.

Não falastes nada, mas teus olhos

disseram-me frases inesquecíveis.

Tomamos um café, nosso beijo

com gosto de licor de avelãs.

Voltei ao meu Corcel, à grande avenida

que me conduzia à região leste.

Na minha memória Delacroix

guiava-me à Catedral do meu Silêncio.

Emudeci no cruzamento,

teu cheiro se fez presente no ar.

Dentro do meu peito tua voz

acalentou-me no tráfego.

Minha boca com gosto de avelãs.

 

(In “Catedral do Silêncio”, João Scortecci Editora, 1996.)



Luz e Vida

 

Para o Caio Porfírio Carneiro  

 

Os olhos vão perdendo o brilho

quando os anos pesam sobre os ombros.

Os teus acentuam a luminosidade

com o envelhecimento do tempo,

fazem brilhar o sol de Iracema,

as estrelas do céu do Futuro,

dão mais vida à flora

e aos meninos marinhos

das águas salinas de Fortaleza,

reluzem de esperanças

os homens do agreste,

germinam frutos

nas terras do Pau Caído,

dão mais forças aos poetas

para plantarem flores

nos blocos de concreto.

És a poesia dos escritores,

A prosa da vida na cidade,

O romance das crianças do sertão,

as palavras machadianas

que iluminam a criação dos homens.

   

 

Praia  do  Futuro

 

O quebrar das ondas sobre o meu corpo.

Êxtase, estás entre o sal e o iodo.

Nenhum pássaro sobrevoa a Praia do Futuro,

o vento leste me traz o bater de tuas asas,

plainam sobre o mar e me fazes de alimento.

O vento oeste leva minha solidão

para saciar a Rainha do Mar.

Não estou mais só dentro de mim,

teu verde habita meu corpo,

o silêncio da minha catedral é melodia,

acordes dissonantes em pleno mar.

Sinto teu cheiro nas águas,

minh’alma se envolve no manto da paz.

Estás a pintar aquarelas em meu deserto,

um arco-íris brota em meu ventre.

Sinto o gosto da tua boca,

tua língua me navegando,

teu pulsar em minhas veias,

tuas mãos invadindo minhas florestas,

teu corpo me acalentando.

Estamos em êxtase nas águas do futuro.

 

Fortaleza 3/06/00


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 


Voltar à página DE São paulo Voltar ao topo da página

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar