Fonte: www.escoladecomunicacao.com.br  
                  
                  
                RODOLFO  WITZIG GUTTILLA 
                  
                  
                Nasceu na cidade de São Paulo, em 1962.  Formado em Comunicação e em Ciências Sociais,  é mestre em antropologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.  Foi repórter, editor, pesquisador e professor. Especialista em marketing. 
                  
                Obra: apenas (1986) e de antologias de  haicais. Além do livro UNS E OUTROS (duas edições, a primeira 1984 e a segunda pela Landy Livraria e editora, em  2006)com distribuição gratuita dentro do programa do livro do FNDE/ PNEBE do  Ministério da Educação, de onde extraímos os poemas seguintes). 
                  
                “Do  aprendizado do haikai tira, além da concisão, a capacidade de saborear cenas do  cotidiano, absorvendo sua finesse e, através do humor, se liberta da solenidade  das grandes questões, que, ainda assim, permeiam todo o livro, mas sem pesar a  mão e o coração. Poemas permeados do Zen eu o haikai ensina mas que,  irreverentes, evitam ser vistos assim. “    ALICE RUIZ 
                  
                  
                
                GUTILLA, Rodolfo Witzig.  Uns & outros. Poemas 1985-2005.   São Paulo:   Landy Editora,  2005.  [FNDE]   98 p.  15x24 cm.  Col. Bibl. Antonio Miranda    
                  
                Acróstico mal-humorado para José Bento 
                ou dor-de-cotovelo é quase zelo 
                  
                juventude logo  passa 
                (ouro que o tempo  corrói) 
                sabe como a lã à  traça — 
                ex-ofício a lar rói 
                  
                  
                orwelliana 
                  
                as pessoas são  todas iguais 
                ( 
                umas menos 
                         outras mais 
                ) 
                  
                  
                matinas 
                  
                5 da matina 
                logo estará claro 
                — dá para desligar  o galo?! 
                  
                  
                muito prazer 
                  
                árvore centenária 
                veja o que nos  aconteceu 
                eu não sei seu nome 
                                            nem você o meu 
                  
                  
                vazio 
                  
                no peito este vazio 
                oco como o estômago 
                de um cão vadio 
                  
                  
                estrelas 
                  
                solidão sem fim 
                nem as estrelas no  céu 
                piscam para mim 
                  
                  
                moças 
                  
                crise de solidão 
                ando piscando para  as moças 
                da televisão 
                  
                  
                desatento 
                  
                ando tão desatento 
                que não sei se sou 
                ou apenas tento 
                  
                  
                30 
                  
                passei dos trinta 
                dor renitente nas  juntas 
                mas ainda cheirando  a tinta 
                  
                  
                o mestre aos 60 
                  
                         para Carlos Felipe Moisés 
                  
                celebre amigo a sua  sina 
                você é da grei dos  que aprendem 
                enquanto o resto  ensina 
                  
                  
                meia idade & meia 
                o vate perplexo aos 40 
                  
                no meio do caminho 
                                   de minha vida 
                descubro que o bilhete 
                                            é só de ida 
                  
                   
                
                GUTTILLA,  Rodolfo Witzig.  Ai!  Que preguiça!... O Brasil em 39 poemas fabulosos & alegóricos.  Ilustrações de Fido Nesti.  São Paulo: Companhia das Letras,. 2015.  69 p. 15x22 cm.  Contracapa assinada por Roberto DaMatta. ISBN  978-85-359-2605-7   “Rodolfo Witzig  Guttilla “ Ex. bibl. Antonio Miranda 
                  
                a entrada 
                as terras minerais 
                             desde sempre Vossas 
                  que por anos escavamos 
                                       por de cima 
                  pelo meio 
               e pelas fossas 
                se encontravam livres 
                                   sem eira 
                                               beira 
                  ou mantimento 
                       para que Vossos vassalos 
                  houvessem 
                  bom repartimento 
                  
                digo:  
                a bandeira 
                 em sua jornada 
                  com a cruz e o facão 
                                rompe mata 
                  abre picada 
                   em viril execução 
                 
                o trabalho 
                e a ventura 
                  seguem sempre 
                         em união 
                  com a dor 
                e a clausura 
                  da mais bruta 
                      reclusão 
                  
                e aquele 
              em que grassa 
                  a mortífera sezão 
                           será posto em  desgraça 
                  sem provento 
                      ou quinhão 
                  
                dito isso ó Meu Senhor 
                  encilhando meu cavalo 
                  sem remendo ou temor 
                  o abandono sem abalo 
                  
                falsa lira de Pedro I, o “demonião” 
                releva 
          meu amor 
                  esta imperfeita 
                       glosa 
                a fruta 
           é fina 
                  posto que a casca 
                            seja grossa 
  
                  
                Página  publicada em junho de 2006 
                Haikai  haicai poesia infanto-juvenil 
                Ampliada e republicada em novembro de 2015. 
                  
                  
                
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