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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ROBERTO SCHWARZ

 

Nasceu em Viena, Áustria, 1938.  Licenciado em Ciências Sociais pela USP. Fez pós-graduação em Literatura Comparada nos RUA. Ensinou literatura durante alguns anos, e depois mudou-se para a França. Livros publicados: Pássaro na Gaveta, A Sereia e o Desconfiado e Corações Veteranos.

Crítico de literatura e cultura, poeta e dramaturgo. Filho de Käthe e Johann Schwarz, Roberto Schwarz muda-se para o Brasil com a família, de origem judaica, no início de 1939, quando ocorre a anexação de seu país natal pela Alemanha. No Brasil, nos anos 1950, trava contato com o também emigrado Anatol Rosenfeld (1912 - 1973), que desempenha, em sua formação, o papel de mentor literário e filosófico. Entre 1957 e 1960, Schwarz estuda ciências sociais na Universidade de São Paulo (USP). Nessa instituição, participa, de 1958 a 1964, de um seminário de leitura da obra de Karl Marx que reúne intelectuais como o filósofo José Arthur Giannotti, o historiador Fernando Novais e o sociólogo Fernando Henrique Cardoso. Schwarz cursa mestrado em teoria literária na Universidade de Yale, Estados Unidos, de 1961 a 1963. De volta ao Brasil, em 1963, torna-se assistente de Antonio Candido (1918) no Departamento de Teoria Literária da USP. Com a ditadura militar, parte, em 1968, para o exílio em Paris, onde, anos depois, obtém o doutorado em estudos latino-americanos na Sorbonne (Universidade de Paris III) com a tese "Ao vencedor as batatas", sobre a obra de Machado de Assis (1839 - 1908). Quando retorna ao Brasil, em 1978, começa a lecionar literatura e teoria literária na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pela qual se aposenta, em 1992. Nesse período, sua atuação intelectual é marcada por algumas polêmicas importantes, como a que trava com Augusto de Campos (1931) sobre o legado da poesia concreta. Alguns de seus mais significativos ensaios são publicados em língua inglesa em forma de livro e em importantes periódicos, como a New Left Review. Um dos últimos ensaios do crítico se ocupa, aliás, da repercussão internacional mais recente de Machado de Assis.

Mais em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa1879/roberto-schwarz

 

Extraído de

 

HOLLANDA, Heloisa Buarque de, seleção e introdução. 
26 POETAS HOJE. Rio de Janeiro: Editorial Labor do Brasil, 1976.  206 p.  ilus.   18 cm. (Coleção de Bolsos Labor, 1) 

Inclui os poetas: Adauto, Afonso Henriques Neto, Ana Cristina César, Antonio Carlos de Brito, Antonio Carlos Sechin, Bernardo Vilhena, Carlos Saldanha, Chacal, Charles, Eudoro Augusto, Flávio Aguiar, Francisco Alvim, Geraldo Eduardo Carneiro, Isabel Câmara, João Carlos Pádua, Leila Miccolis,s Leonardo Fróes, Luiz Olavo Fontes, Ricardo G. Ramos, Roberto Piva, Torquato Neto, Vera Pedrosa, Waly Sailormoon, Zulmira Ribeiro.

 

         Ulisses

        A esperança posta num bonito salário
corações veteranos

         Este vale de lágrimas. Entre píncaros de merda.

         ....

 

         O cidadão que vejo no espelho
é mais moço que eu
mais eriçado que eu
mais infeliz que eu

 

         Já já

Luís Inácio Trella, é verdade. Não sei bem se quer escrever o ensaio
que planejo escrever, ou se quer seduzir Alice. Se fico aqui
ronronando, é certo que escreverá antes de mim. Se saio, entretanto,


ocupará o meu lugar Alice, como você atrapalha. Luís Inácio, conte lá
o que anda fazendo. Ouvi dizer que tem projetos? Não? Modéstia sua,
tenho certeza. Não quer nos fazer companhia? Aqui embaixo da mesa, é mais confortável. Não se incomode comigo; primeiro as visitas. Preciso sair um instantinho.
Não, não. não se incomode.
Vou à venda comprar cigarros. Não fumo, de modo que não vou também à venda. Acho que não volta mais para casa.
Fique lá o Luís Inácio, grudado.

 

Sr.

Estripou a mulher querida
deixou a amada a ver navios.
Querida e amada então não
são a mesma? A que se quer e
a que se ama são duas. Nem
a querida e a que se quer são
a mesma, a primeira ninguém
sabe mais se quer, a segunda
também não. Mas por que, por que
não estripa a amada e deixa a
mulher querida a ver navios?
Fica vendo navios, que fe-
licidade, melhor deixá-
la à mulher querida, que já
sossegou, e merece ter
o que ver até que chegue a
velhice. E além do mais, como, como
deixar a amada viva?
Mas se amada e querida são
uma só, estripar é mostrar navios
melhor que mostrar navios sós
que era cruel demais.

 

Jura

Vou me apegar muito a você
vou ser infeliz
vou me chatear

 

Primavera

Lá fora a boquirrota, a fraudulenta e festiva
Paris troca de pele pela enésima vez
e mostra à freguesia atônita os seus
múltiplos charmes catalogados.
Pela janela aberta entra o amor e se mistura
na luz do sol espalhada pelo quarto.
Alegre música muda.
O poeta ri porque está de pau duro.

 

Convalescença

Hoje cedo saí para o jardim
um pouco de sol, brisa
na penugem do antebraço
estou barrigudo como na infância
por causa da perna quebrada
cadeiras de lona amarela e vermelha
a poucos passos o portão
em surdina
ligeira passa a felicidade pelas minhas
pernas trêmulas e o súbito, embargado
soluçante desejo de viver
os automóveis parados dos dois lados da rua
o céu coberto
a despeito de tudo a beleza
quantos amigos presos
visto o casaco.

 

Macunaíma nos ajude

Barriga de minha perna
onde estás?
na barriga do gorila

Dedos de minha mão
onde estão
na barriga do gorila

Lobos de minha orelha
onde estais?
na barriga do gorila

Cabeça do meu pau?
na barriga do gorila

Meu alegre coração
onde estás?
na barriga do gorila

 

Não olhe para trás

        Caiu no buraco
saiu de quatro
se arrastou um pouco
levantou dum pulo
disparou dez passos
riu para a galeria
caiu de quatro, como
um cavalo machucado
como um filho da puta
como água usada.

 

        Conto de fadas

         O ratão transformou-se num príncipe encantado
/ de pau duro.
A bocetinha falante de Cinderela babava pelos bigodes.

         ...

 

         Um reputado economista afirma
que assim como veio
a ditadura vai.
Escuto maravilhado.

         ...

 

         12 O Armando é uma Boa Cabeça

         Ele é excelente, efetivamente bastante bom
Acho maravilhosa a Luisinha
Não acho que ela seja fascista
Para mim foi-se o tempo
De ler Le Monde e mexer a bunda
Você vai me achar boba
Mas não consigo me livrar
Dos sentimentos românticos
Minha cuca está fundida
Caralho

 

         Inoxidável

        Escovou os dentes até que sangrassem. Parou de escovar
quando começaram a sangrar. Não escove até que sangrem!
Meus dentes sangram tão logo comece a escová-los. Antes,
precisava escovar muito, agora é só começar e já estão san-
grando. Basta aproximar a escova e começam a sangrar.
Às vezes penso numa escova mais mole, mas sei que mês-
mo um pincel de barba esfregando bastante, não faz menos
efeito que o arame.

 

        Emigração 71

         A mulher de um marinheiro trucidado conta ao pai de uma
menina presa, aguardando julgamento, a depressão nervosa
de um amigo comum, deputado federal, que agora vive no
Chile. Será que o Allende vai dar certo...  As chicrinhas
vão pela sala, de mão em mão. Há uma bandeja de bolo
e outra de doce de leite. Lá fora, imensa e silenciosa,
dança fantástica de outono incendeia a tarde fria. O garoto
brincando no tapete já nasceu em Paris. Aqui e ali o mur-
múrio é interrompido por uma expressão mais nortista.s Um
menino loiro, que participou no rapto dalgum embaixador,
pede açúcar para pôr no chá. Na vitrola Caetano canta a
sua versão da Asa Branca. Todos ficam quietos.

 

 

SCHWARZ, RobertoCorações veteranos. Rio de Janeiro: Coleção Frenesi, 1974.  s.p.  16x22 cm  Capa: Ana Luiza Escorel

 

         Digo o que  penso, mas não penso que  o senhor deva fazer
que penso  e digo,  nem digo para que  faça,  pois se digo o
que penso é para não dizer nada que não penso, e não para
que faça o  que digo  como penso.     Penso e digo  que deve
fazer o que penso e digo que não deve fazer.F azendo o que
digo que  não deve,  fará   devidamente o que  digo e penso
indevido. Está dito o que penso do que faz, e está feito o de
que digo o que penso.Embora indevidamente, somos amigos.


 Página publicada em junho de 2018

 


 

 

 
 
 
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