Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PAULO EIRÓ

 

Paulo Emilio de Sales Chagas Eiró (Santo Amaro, 15 de abril de 1836 — 27 de junho de 1871) foi um poeta e dramaturgo brasileiro.[1]

Nasceu em 1836 e faleceu em 1871, sendo um prodígio para sua época. Algumas fontes reporta que Eiró, assim como muitos poetas do século XIX tinha uma musa inspiradora, um amor escondido e impossível. Amou sua prima desde pequeno e a teve como musa. Filho de um professor apelidado de “Chico Doce” também tomou apreço pela profissão já aos dezenove anos e construiu um teatrinho para a vizinhança santamarense. Eram concorridos os papéis para suas peças cômicas onde também atuou. Das tantas tentativas em impressionar sua musa, nada adiantou, pois ao voltar de uma de suas longas e exaustivas viagens pelos estados brasileiros vizinhos, presencia sem querer a celebração de casamento da musa platônica. A partir desse fato, foi que Paulo sucumbiu à falta de lucidez e sua sanidade já não lhe servia como amiga. Nesse período em que procura saídas para sua dor, tenta cursar Direito na Faculdade São Francisco, recebe até certo reconhecimento pela beleza de seus versos, mas abandona o curso devido a problemas de saúde. Tenta ainda o seminário, mas era um ser curioso, dotado de questionamentos humanos e libertários. Sendo assim, um dos padres ordena que queime grande parte de sua maior riqueza, as poesias revolucionárias. O escritor Henrique L. Alves acrescenta: “O poeta viveu perseguido pelo desleixo, mergulhado no esquecimento, tanto em vida quanto na morte".

Fonte: wikipedia

As crises tornaram-se frequentes e em 1866 a família o internou no Hospício dos Alienados, onde veio a falecer.

 

FATALIDADE

 

Que vista! O sangue se afervora e escalda!

Por que impulso fatal fui hoje à Igreja ?

Quer meu destino que, ao entrar, lá veja

Noiva gentil de cândida grinalda.

Nos olhos sem iguais, cor de esmeralda,

Lume de estrelas, plácido lampeja:

Seu branco seio de ventura arqueja;

Louros cabelos rolam-lhe da espalda.

Hora de perdição! Sim adorei-a;

Não tive horror, não tive sequer medo

De cobiçar uma mulher alheia.

Unem as mãos; o órgão reboa ledo;

Em alvas espirais, o incenso ondeia...

E eu só, longe do altar, choro em segredo!

 

 

 

PIRILAMPO

 

Pirilampo vagabundo,

Almenara do verão,

És como a chama encoberta

De um sensível coração:

Às vezes, do horror das trevas

Rompe súbito clarão.

 

Se na guaxima orvalhada

Reluzes, pequeno inseto,

Se, cortando manso os ares,

Te dependuras de um teto,

Quem a teu medroso brilho

Consagra um pouco de afeto?

 

Mas, se a noite fosse clara,

De que valia teu dote?

Não foste acaso criado

Para ser aéreo archote?

Deixa, pois, que o fogo humilde

Do seio da noite brote!

 

Silêncio também, mancebo,

Que tens da lira o condão!

Sufoca a febre insensata

Que te lavra o coração.

Quanto mais profunda a noite,

Maior será teu clarão.

 

 

 

O SOBRADO

 

Do céu à luz decadente

Contemplai esse sobrado

Que na face do presente

Lança o escárnio do passado:

Seu vulto negro ali está,

Nas trevas nódoa mais densa

Como sacrílega ofensa

Em alma perdida já.

 

Ei-lo! É no térreo degredo

Moço poeta a cismar,

Imóvel, como o penedo

Que escuta as vozes do mar.

Ei-lo aí! Dilacerado

Livro que o aquilão abriu,

E os segredos do passado

Aos meus olhos descobriu.

 

Esse teto quantos sonhos

Não abrigou de ventura!

Ai! quantos votos risonhos

Hoje o vento inda murmura!

Tristeza aqui não sentis?

Nestas lôbregas paredes

Tocante história não ledes

De alguma época feliz?

 

Apagou-lhe os caracteres

O tempo no andar veloz,

Imagem desses prazeres

Que deixam remorso após.

Passaste, oh quadra de amores,

Como o fumo em espiral,

E, perdendo tuas flores,

Secaste, pobre rosal.

 

Como em uma alma abatida

Por paterna maldição,

No que foi templo de vida

Hoje impera a solidão.

Aqui, a lira inquieta

Furta-se aos cantos de amor,

Embarga a voz do poeta

Um acréscimo de dor.

 

O homem sonha monumentos

E só ruínas semeia,

Para pousada dos ventos;

Como os palácios de areia

Dos seus brincos infantis,

Mal divisa o que apetece,

Que tudo se desvanece…

Feliz quem amou! Feliz!

 

 

 

VINGANÇA

 

Desejaste, infeliz, que fosse a terra

Leilão em que apreçasses teu pudor;

Preferiste a opulência a um nome puro,

E requebros a amor.

 

Fizeste muito bem! Corre, ali passa

O mundo, vai pedir-lhe um grão de incenso;

Sorrindo, abre-lhe as mãos, delas arranca

Salário que não venço.

 

Punir-te saberei! Alma como… outras,

Crês talvez que, importuno, vou seguir

Teus passos, e da ofensa, do desprezo

O fel retribuir.

 

O bardo não se vinga por tal modo,

Nem te quer ao teu ídolo arrancar.

Adeus! Que a tua sombra jamais venha

Meu coração tentar.

 

Não me quiseste partilhar a vida,

Pois vai-te, vende a tua mocidade:

Sozinho morrerei, mas de meus louros

Não terás a metade.

 

Íntima voz que imperiosa brada

Não é voz fraudulenta e transitória;

Não! Nem sempre hás de tu, minha alma, embalde

Suspirar pela glória.

 

O futuro entrelaça-me a coroa

Que cinge do poeta a fronte ardente,

Palma que a morte, respeitando, torna

Mais verde e florescente.

 

Morra tua lembrança! Que meu canto

Não diga o que meu coração não diz,

Nem se veja o teu nome a par dos nomes

De Laura e Beatriz.

 

Esquecimento, eterno esquecimento

Te corroa a existência amargurada!

No mundo o vilipêndio, e, no jazigo,

Poeira desprezada.

 

 

 

 

Página publicada em novembro de 2016

 

 

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar