JOÃO BATISTA PRATA
                                                                                
                                                                                
                                                                                Conhecido  como J. Prata, João Batista Prata nasceu em 24 de junho de 1904, em Capivari.  Era filho de Anna Augusta Rodrigues Prata e de Francisco Laudelino de Jesus.
                                                                                Autodidata,  fez o curso primário em Capivari, encerrando a sua vida de estudante logo no  terceiro ano para trabalhar em cartório.
                                                                                Redigiu,  desde jovem, diversos periódicos, entre os quais a Gazeta de Capivari, A  Cidade, O Município, Capivari Jornal e o Correio Paroquial (hoje Correio de  Capivari), do qual foi fundador.
                                                                                Redigiu  também o Correio da Semana e o Correio da Noroeste de Bauru, e o Correio da  Sorocabana, de Botucatu. Colaborou ainda com o jornal Progresso, de Rafard, e  foi agente do jornal O Tempo, de São Paulo.
                                                                                Poeta,  publicou Pétalas (1926), O município e Últimas românticas (1947) e Revista dos  Tribunais, prefaciado por Menotti Del Picchia. Em 1957, a Prefeitura Municipal  fez publicar a obra póstuma Culto interior.
                                                                                É  autor do Hino Capivariano, cuja letra compôs para o centenário do município, em  1932. Foi autor também de peças de teatro: Rosa, a filha do cego, A mulher e a  política, Jesus e a samaritana e Um anjo nas trevas (peça radiofônica).
                                                                                João  Batista Prata morreu em 17 de abril de 1955 e é o patrono da Biblioteca  Municipal de Capivari.    Fonte: http://capivarisocial.com.br
                                                                                 
                                                                                VIA CRUCIS
                                                                                 
                                                                                Quando eu for velho abandonado, um dia, 
                                                                                  Com meu filho eu irei morar, de esmola. 
                                                                                  Doente. Não tenho aposentadoria. 
                                                                                  Quase mesmo um pedinte de sacola...
                                                                                 
                                                                                Mas a nora   "é de briga" e me judia.
                                                                                Sofro, calado. Nada me consola.
                                                                                Vou ter com a filha. A mesma vida fria.
                                                                                Um genro mau, que nunca teve escola...
                                                                                 
                                                                                E os netinhos?... Dá-me este cada murro! 
                                                                                  Outro: — "Vovô, vamos brincar de burro?"
                                                                                  Eu, bucéfalo humano, pele e osso!?
                                                                                 
                                                                                —E a espora?"— Traz um... garfo! E me  castiga,
                                                                                  Logo ao montar, grudado ao meu pescoço:
                                                                                  —"Vovô ! Lá vai roseta na barriga!...
                                                                                 
                                                                                 
                                                                                 
                                                                                SUICÍDIO 
                                                                                 
                                                                                A tentação me trouxe até o Viaduto. 
                                                                                  E aqui estou, afinal, desiludido, 
                                                                                  Alma exânime, o coração vencido, 
                                                                                  Sob o império de um pensamento abrupto.
                                                                                 
                                                                                Seduz-me estranha voz ao meu ouvido:
                                                                                —"Vamos, salte! Decida o seu minuto! 
                                                                                  Amor? Ora, isso um caso já perdido. 
                                                                                  Ela não chorará, nem porá luto."
                                                                                 
                                                                                Eis que surges, Amada! E me enobrece 
                                                                                  Teu pulcro olhar, como se me dissesse:
                                                                                —"Que fazes, poeta? Que é que estás  pensando?"
                                                                                 
                                                                                Quanto é o amor mais forte que Satã! 
                                                                                  E a Tentação se afasta, disfarçando:
                                                                                —"Bem. Eu vou indo, sabe? Até  amanhã!"
                                                                                 
                                                                                 
                                                                                Página publicada em  junho de 2017