| FELIPE FRANCO MUNHOZ   (São  Paulo, 4 de março de 1990) é um escritor brasileiro. Formado em Comunicação  Social pela Universidade Federal do Paraná, recebeu uma Bolsa Funarte de  Criação Literária para escrever seu primeiro romance, Mentiras. Já participou  de importantes eventos literários — como o Festival Literário de Macau e o Printemps  Littéraire Brésilien  — e é considerado  um dos melhores talentos da nova geração de ficcionistas brasileiros. É autor  da peça Identidades 15 minutos e do romance Identidades. Foto  e biografia na wikipedia.   MUNHOZ, Felipe Franco.   Identidades. São Paulo: Editora Nós, 2018;.  176 p.   12 x 22 cm.    Projeto gráfido BLOCO GRÁFICO.   ISBN 9780-85-69020-31-8   Ex.  bibl. Antonio Miranda   “O presente  livro é apresentado como um “romance”. Perfeito. Por que não? Tem até  personagens.  A montagem dos textos em  design avançado, arquitextura nada convencional... A frasalidade escapa à  discursividade sequencial do discurso tradicional... Tem até texto bustrofédico  ou palindrômico! E a visualidade – poema visual? – da montagem “Chuva” (que  reproduzimos mais abaixo). O editor, como de costume, adverte sobre os direitos autorais reservados... Com  todo o direito! Queremos, aqui, apenas antecipar uns fragmentos do livro, a  título de promoção do autor, por sua inventividade... Quem quiser continuar — e  vale a pena, para quem se atrever...— o livro está à venda na Livraria Cultura  e em outras livrarias, inclusive as internetianas. Ou diretamente na editora:
 editoranos.com.br/fale-conosco/       Entra um carro, pela coxia, com Mulher  jovem dirigindo. O carro ê estacionado no canto oposto à cama. O poema  Aniversário acontece no interior do carro.     2. Aniversário --------------------------------------------------------       Cantamos Parabéns à vela-isqueiro  (memórias não gritavam no penhasco:  transposto o aço, tudo frio, silente - o carro imerso em túnel estrelado -,  afora as ondas quase ao nosso  alcance);  complexo qual floresta verde e vidro,  em filtro Fogo, um par de guilhotinas,  olhava-me com ímpeto, com ímã.   Nesta data querida;  muitas felicidades,  muitos anos de vida.   Um fole-ardor: sussurro fresco, doce   Mfffffffffffffffíffffffffffffffffffmmm;   a brisa que oscilou-nos cada poro.  Estamos em completo Agora escuro.   [Confluímos eclipses.]   Perdida a forma pura de amizade - que falha!, foi-se embora e sem  regresso -,  ao fim da festa, um fardo, uma  couraça;  em cada poro, cada passo, resta  rancor, saudade, fel, revés, derrota.           Do lodo, junto ao cadáver de Camila,  despontam lápides. Uma pá fincada. Entra o porteiro do Castelo.       Réquiem ----------------------------------------------------------       Identifique-se, o nome - ou Indigente na rocha -;  abaixo, breve sinopse:  Amada filha Procede?,  esposa e mãe Negativo.  Nunca Mãe.  Camaleão Aleluia:  alternativa anulada.  Esfinge?, mero fiapo;  anatomia?, colapso  de antifaz.  Calidoscópio-limite  em crânio, fémur, bacia:  sem matiz. Don´t you ever stop  long enough to start? ( ainda Costas, ainda  Espécie); apenas enquanto,  espera o bote, repousa  minha pá.Identifique-se, necro.       O porteiro começa a cavar - e começa a  tocar Mozart: Réquiem em Ré Menor, K. 626, L Introitus; (ref. gravação da  Berliner Philharmoniker, de 1999, conduzida por Cláudio Abb ado) a partir de  44", Réquiem aeternam dona eis, Domine,/ et lux perpetua luceat eis, até,  i'50".   |