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CLOVIS BEZNOS

 

De
BEZNOS, ClovisOutros poemas. São Paulo: Massao Ohno Editor, 1973.  s.p. ilus. p&b  formato 29x31 cm. Capa planejada sobre trabalho cinético do venezuelano Jesús Soto. Ilustrações de Flávio de Carvalho. Impressão em papel Westerprint 120 gr/m2.  Planejamento gráfico de Graphic-Studio A. edição esmerada, arte gráfica.  Col. A.M.  (LA)

 

FEVEREIRO

Quem quizer que toque música
neste estranho funeral,
quem quizer plante sementes
na terra do meu quintal.
A vida finda, a terra fende, o barco afunda,
os mistérios e as mágoas,
teus olhos são gotas d´água
de uma chuva já caída,
no delta em que desaguas
a vida já consumida.
A vida, barco pertido,
um negro perseguido
por entre o canavial,
minha terra, um eterno carnaval,
um negro passa rasteira,
uma negra porta-bandeira.
A vida finda, a terra fende, o barco afunda,
a negra, apenas a bunda,
o negro é capoeira,
um negro perseguido
por entre o canavial,
quem quizer que toque música
neste estranho funeral.

 

A CIDADE

A cidade repousada, amorfa
e circunstanciada em seus limites,
não sabe o sono ou vigilia
dos seus habitantes.
A cidade não sabe dos caminos
cruzados na madrugada,
das bocas famintas, carentes de afeto,
do fato desfeito, do ventre, do feto.
Não sabe do grito, não sabe do assalto,
não sabe do corpo caindo do alto
dos seus viadutos de ferro e cimento,
não sabe o momento do esquecimento,
nascido da erva queimada,
puxada no peito.
A cidade tranquila, assim postada,
rompe a madrugada, e do sol inundada,
radiante e sem temores, ensina o camino
para a bolsa de valores.


O PRETÉRITO PERFEITO

A vida preterida,  o pretérito perfeito,
o rosto, o resto, o jeito, o tempo, o peito.
e fumaça no peito me consola.
Teus grandes olhos prenhes de madrugada.
O copo se esvazia na aflição do tempo vivido.
os olhos se fecham no ar poluído
das coisas tantas vezes vistas e vividas,
um monge se imola em sacrificio,
um sorriso anuncia um dentifrício,
a saia se encurta na distancia,
o juiz julga sua própria instancia,
e se condena à mais leve das penas.
Por entre o fruto partido ao meio
bebo o leite do teu seio, meu receio
que a noite então se acabe, e desabe
a angustia do teu peito no pretérito perfeito.

 

BEZNOS, Clovis.  Poemas do amor mais puro.  São Paulo: Massao Ohno Editor, 1960.  s.p.  (Coleção dos Novisissimos, volumen 1)  14x20,5 cm.  Capa e ilustrações de Acácio Assunção.  Obs. Este é o primeiro titulo da carreira editorial do (então) joven Massao Ohno.  Col. Bibl. Antonio Miranda

 

O MAR E EU TRISTES

 

Volto ao mar para cantar tristezas.

Incompleto e evasivo é o oceano.

Sou denso e sensível na noite,

Sou cansado de tempo, e triste

Trago a chuva de orvalho para o mar,

Venho completar o oceano,

Que vive reclamando os corpos,

Venho cantar as amarguras

Que vivem amargurando os corpos.

Lágrimas trago comigo.

Sou denso e sensível na noite,

Sou pobre e solúvel na água.

 

INSÓNIA

 

Ladra o cão na noite clara.

Como poder fugir?

Entra noite na janela,

Pactua com a lua.

Por cima da noite igual,

Alguém não pode dormir.

Era quase uma mulher,

Mas se vestia de branco,

Tinha os cabelos compridos,

Mas tinha olhos de anjo.

Vem dizer que tem sofrido,

Toda vestida de lua,

Se infiltrando na janela.

Por cima da noite igual,

Alguém não pode dormir.

 

 

AS SETE NOIVAS

 

Na casa das sete noivas,

Sete colinas no bosque,

Sete vestidos de seda,

Todos brancos e com renda,

Sete medos vão na alma.

Todas à mesa sentadas,

Contemplando o silêncio.

Sete estrelas têm o céu

Em volta da lua vermelha,

Em cima da branca estrada.

O silêncio paira e quer,

Paira e quer mas nada pede.

Sete medos vão na alma,

De serem noivas do nada.

 

 

ESTUDO No. 10

 

Vamos ate o começo ao mar,

A cidade vai morrer

No frio dos edifícios,

Monumentos erguidos   '-

As nossas sepulturas.

A noite vai ser escura,

Hoje, agora e sempre,

Nas esquinas e nas praças,

Nos lampiões apagados,

Nas ruas entrecortadas

Dos nossos últimos silêncios.

Só o mar tem sua força

Nas águas imutáveis,

Na igualdade sempre igual,

Na areia sempre branca.

Limitando nossas angústias

Há uma aurora a nossa espera

Do começo ao fim do mar.

 

Página publicada em novembro de 2011; ampliada e republicada em maio de 2014.

 


 

 

 
 
 
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