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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



CLAUDIO WILLER

CLAUDIO WILLER  


Formado em Sociologia e Psicologia, é poeta, ensaísta e tradutor. Como crítico e ensaísta, colaborou em suplementos e publicações culturais: Jornal da Tarde , Jornal do Brasil , revista IstoÉ , jornal Leia , Folha de S. Paulo , revista Cult , Correio Braziliense , Xilo etc., e em projetos da imprensa alternativa: Versus , revista Singular e Plural e outros. É co-editor da revista eletrônica Agulha (www.agulha.cjb.net).

Depois de ocupar outros cargos e funções em administração cultural, desde 1994 é assessor na Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, responsável por cursos, oficinas literárias, ciclos de palestras e debates, leituras de poesia.

De seu currículo constam ainda dezenas de participações em congressos, seminários, ciclos de palestras, apresentações públicas de autores etc., no Brasil e no exterior.

Presidente da União Brasileira de Escritores, UBE, eleito em março de 2000, no cargo que já exerceu em dois mandatos anteriores (1988-1992), e também secretário-geral da UBE em outros dois mandatos (1982-1986), e presidente do Conselho da entidade (1994-2000).

Faleceu no dia 13 de janeiro de 2023

 

LIVROS

 

Anotações para um Apocalipse (poesia e manifesto), Massao Ohno Editor, 1964.
Dias Circulares (poesia e manifesto), Massao Ohno Editor, 1976.
Jardins da Provocação (poesia e ensaio), Massao Ohno/Roswitha Kempf Editores, 1981.
Volta (narrativa em prosa), Iluminuras, 1996.
Estranhas Experiências . Rio de Janeiro: Lamparina editora, 2004.

 

cjwiller@uol.com.br
www.secrel.com.br/jpoesia/cw.html


TEXTOS EM PORTUGUÊS /  TEXTO EN ESPAÑOL

 

TEXT EN FRANÇAIS

 



 

WILLER, Cláudio.  Estranhas experiências e outros poemas.  Rio de Janeiro: Lamparina Editora, 2004.   143 p.  (Coleção O bicho alfabeto) ISBN 85-98271-11-X   “ Cláudio Willer “  Ex. bibl. Antonio Miranda



POÉTICA

 

1

então é isso

quando achamos que vivemos estranhas experiências

a vida como um filme passando

ou faíscas saltando de um núcleo

não propriamente a experiência amorosa

porém aquilo que a precede

e que é ar

concretude carregada de tudo:

a cidade refletindo para sua hora noturna e todos indo para casa ou então

marcando encontros improváveis e absurdos, burburinho da multidão circulando

pelo centro e pelos bairros enquanto as lojas fecham mas ainda estão iluminadas,

os loucos discursando pelas esquinas, a umidade da chuva que ainda não passou,

até mesmo a lembrança da noite anterior no quarto revolvendo-nos em carícias e

expondo as sucessivas camadas do que tem a ver – onde a proximidade dos

corpos confunde tudo, palavra e beijo, gesto e carícia

TUDO GRAVADO NO AR

e não o fazemos por vontade própria

mas por atavismo

 

2

a sensação de estar aí mesmo

harmonia não necessariamente cósmica

plenitude muito pouco mística

porém simples proximidade

da aberrante experiência de viver

algo como o calor

sentido ao lado de uma forja

(talvez devesse viajar, ou melhor, ser levado pela viagem, carregar tudo junto,

deixar-se conduzir consigo mesmo)

ao penetrar no opalino aquário

(isso tem a ver com estarmos juntos)

e sentir o mundo na temperatura do corpo

enquanto lá fora (longe, muito longe) tudo é outra coisa

então

o poema é despreocupação

 

 

Após uma manifestação em defesa da reserva florestal

de Caucáia do Alto

por mim teria ficado por lá mesmo

no altiplano

onde tudo começou

bem acima

destes bolsões de pânico

bem longe

deste mundo coagulado

na devida distância

desta fantasia sulfurosa

na qual moramos

teria ficado por lá mesmo

mergulhado na lagoa de reencontro

escavada na superfície do planeta

em sua primitiva forma

ficar por lá mesmo

encontrar o mais puro rastro vegetal

entre samambaias sem memória

cipós de sabedoria

e círculos de névoa

ficar lá mesmo

buscar o segredo do arenito

a linguagem da pedra

percorrer o avesso da consciência

ficar por lá mesmo

nunca mais sair

deste planeta

frio e luminoso

e sempre celebrar

a redescoberta do corpo

pela planta dos pés

 

 

À tarde

 

olhar com o olhar espantado

o vôo do primeiro pássaro noturno

e saber que em breve

haverá algum tipo de confronto

de alucinação coletiva, uivo geral

saber

que por trás do olho

guardamos uma planície de risadas

dobrada em algum desvão da alma

 

- a sensação lisérgica de estar aí

e perceber

a fumaça dos últimos acampamentos

a casa na encosta do morro

o albatroz que arrepia sua trajetória

os mosquitos que zumbem e que zumbem e que zumbem

nesta tarde

em que três petroleiros se encaram

e trocam sinais ao largo

e uma memória nos persegue

de rios, cataratas e pororocas

nesta praia

que é fim e começo

de qualquer coisa já sabida e possuída

e oculta

no oco da última fibra nervosa

 

Extraídos de Estranhas Experiências . Rio de Janeiro: Lamparina editora, 2004.

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CLAUDIO WILLER

De
jardins da provocação
São Paulo: Massao Ohno; Roswitha Kempf, 1981.

 

 

“Sua visão da poesia como caminho para a libertação dos corpos e das mentes como única forma de restituir aos signos a sua verdadeira significação. Para Willer, como para Rimbaud, a festa sígnica é uma representação e um paralelo da orgia dos corpos e uma pré-figuração da sociedade na qual desejamos viver, pautada exclusivamente pelos ditames do Princípio do Prazer, pela livre manifetação de todos os desejos e paixõe. A irreverência e o deboche expressam-se, nesta obra sob forma de uma torrente de fulgurantes imagens surrealistas.” Marcos Faerman


MAIS UMA VEZ

 

mergulho no amor

com a cega convicção dos suicidas

    penetro passo a passo

nesta região misteriosa

turva

opaca

aberta pelo encontro dos corpos

e sinto outra familiaridade nas coisas

      esta calma permanência dos objetos

agora formas de lembrar-se

o mundo

que se reduz a traços da presença

a realidade

que fala ao transformar-se em memória

tudo é conivência e signo

o espaço uma extensão do gesto

as coisas

matéria de evocação

qualquer coisa treme dentro da noite

como se fosse um som de flauta

e a cidade se contorce e se retrai

MAIS UMA VEZ

 

ao abrir-se                           para este turbulento silêncio

de olhar frente ao olhar

pele contra pele

sexo sobre sexo

 

 

À TARDE

 

olhar com o olhar espantado

o vôo do primeiro pássaro noturno

e saber que em breve

haverá algum tipo de confronto

de alucinação coletiva, uivo geral

saber

que por trás do olho

guardamos uma planície de risadas

dobrada em algum desvão da alma

 

— a sensação lisérgica de estar aí

e perceber

    a fumaça dos últimos acampamentos

    a casa na encosta do morro

    o albatroz que arrepia sua trajetória

    os mosquitos que zumbem e que zumbem e que zumbem

nesta tarde

em que três petroleiros encaram-se

e trocam sinais ao largo

e uma memória nos persegue

de rios, cataratas e pororocas

nesta praia

que é fim e começo

de qualquer coisa já sabida e possuída
e oculta

no oco da última fibra nervosa

 

 

 

WILLER, Cláudio.  Dias circulares.  São Paulo: Massao Ohno Editor, 1976.  119 p.  18x21 cm. Inclui: Postfácio— Manifesto II 1976; Poemas Verticais 1973/75; Dias circulares – Poesis 1966/69; Anotações para um Apocalipse 1964; Fronteiras e dimensões do grito – Manifesto 1964.  “ Cláudio Willer “  Ex. bibl. Antonio Miranda


 

OS JARDINS SULCADOS DE ASSOCIAÇÕES — LIVRES

Cada experiência de aniquilação traz as vibrações dos mesmos ecos.

É inútil ficar repetindo o nome, nada é capaz de ativar os eletrodos

da magia negra, nada pode colocar em seus lugares estas sombras

sulcadas, nada é capaz de 

 

 

 

FRAGMENTOS 1968/70

 

E as árvores, o que dizer delas, subirão sempre pelo dorso do viajante

                                                                      cobrindo o horizonte de

folhas magnéticas e bonecos de ventríloquo despedaçados, formando

um tapete, um véu, uma névoa

 

                                                                         até onde a rosa passe

a ser uma representação do abismo e o vácuo tome conta

 

                                                 com uma sobra metálica por detrás

do olhar retorcido pela virtude

 

 


TEXTO EN ESPAÑOL

 

 

POÉTICA

Traducción de Adolfo Ruiseñor

 

 

1

 

entonces es

cuando descubrimos que vivimos extrañas experiencias

la vida como una película pasando

como chispas saltando de un núcleo

no propiamente la experiencia amorosa

sino todo aquello que la precede

y que es apariencia

concreción cargada de todo:

la ciudad fluyendo para las horas nocturnas y todos

yendo para casa o señalando entonces encuentros

improbables y absurdos, barullo de la multitud

circulando por el centro y por los barrios mientras

los comercios cerrados todavía están iluminados, los locos

perorando por las esquinas, la humedad de la lluvia

que aún no termina de caer, hasta el mismo recuerdo

de la noche anterior en el cuarto revolviéndonos en caricias

y más de nuestro encuentro en la tempIada oscuridad de um

 bar — la hora confesional, mostrando las sucesivas

secuencias de lo que tenía para observar — donde la cercanía

de los cuerpos confunde todo, palabra en beso, gesto em

 caricia

TODO GRABADO EN APARIENCIA

y no hecho por voluntad propia

sino por atavismo

 

2

 

la sensación de estar ahí mismo

en armonía no necesariamente cósmica

en plenitud escasamente mística

con todo mera proximidad

la aberrante experiencia de vivir

algo como el calor

sentido no a gran distancia de una fragua

(tal vez debiese viajar, o, mejor, todavía, ser llevado

por el viaje, cargar todo junto, dejarse conducir

consigo mismo)

al internamos en el opalino acuario

(y eso tiene que ver con que estemos juntos)

y sintamos el mundo en la temperatura del cuerpo

en cuanto allá afuera (lejos, muy lejos) es todo otra cosa

entonces

el poema es despreocupación

 

 

Poemas extraídos de ALFORJA- REVISTA DE POESÍA, México, n. XIX invierno 2001.

 

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ANOTACIONES PARA UN APOCALÍPSIS

 

Traducción de Leo Lobos*

http://triplov.com/cyber_art/Leo-Lobos/2007/Claudio-Willer/index.htm

 

(publicado en Anotações para um Apocalipse – Anotaciones para un apocalipsis, 1964)

 

La Fiera volverá, con su rostro de trenzas de plata, desnuda sobre el mundo. La Fiera volverá, metálica en la convulsión de las tempestades, musgosa como la noche de los jarrones de sangre, fría como el pánico de las arenas menstruadas y la ceguera fija contra un reloj antiguo. Un sueño asírio, es nuestra dimensión. Un cráneo amargo, velando con la inconstancia del sarcasmo en medio de emboscadas de insectos, un cráneo azul y surcado, a la ventana en los momentos de espera, un cráneo negro y fijo, separado de las manos que lo amparan por tubos y esfumando los bronquios de la memoria – así se solidificaran las vertiginosas jugadas sobre el barro divino. El incesto es una tempestad de lunas gelatinosas y la más bella aspiración de los miembros disociados. En cada órbita una avalancha de campanas fértiles y de arcángeles terrestres por la sombra. El incesto es el sueño de una matriz convulsiva y la más profunda ansia de las cigarras. Vulvas de cemento armado y urnas ensangrentadas, vaginas impasibles contra un cielo de veludo, guardianes de océanos imposibles. Millones de láminas sirven de puente para los deseos obscuros – la más afilada traba a nuestra Verdad.

 

 

VISIÓN PARÍS 1968 AÚN INVIERNO

- fragmento –

 

Traducción de Leo Lobos*

http://triplov.com/cyber_art/Leo-Lobos/2007/Claudio-Willer/index.htm

 

 

(publicado en Dias Circulares – Días Circulares, 1976)

 

  los árboles son tentáculos fijados al suelo por el invierno

los perros de las madames se localizan en el instante

las palomas son querubines confusos en su materialización

el cielo un cobertor eléctrico

atrayendo todos los fragmentos del hielo

el margen del río un punto de interrogación

los barqueros una mirada delante del aullido del abismo

los pasantes armaduras atónitas

la multitud es el grito que traspasa el corazón del javali

a cada momento el sentido de la vertical se torna más agudo

hasta rodearnos, impulsionar, dominar

en un mismo flujo alucinado

correria de personas sin saberes de fin a comienzo

con miedo de correr el riesgo de encontrarse

en las paredes eléctricas

de las casas esverdeadas

voraces en su ambiguedad

peligrosas en sus desvaneos

cada canto oculta un paraguas en riste

y no sabemos si es encima o en bajo

contraida por los tentáculos del metro

o grudada en el cielo detentor del frío

que se esconde en la mujer

responsable por las súplicas microcósmicas

imperceptíbles para quien no posee el sentido eléctrico de las cosas

 

 

*Leo Lobos, poeta chileno, há traducido poetas brasileños , es colaborador de várias publicaciones continentales y de Brasil, y de nuestro Portal de Poesía Iberoamericana.

 

 

 

Extraído de:

 

 

 

MARTINS, Floriano.   Un nuevo continente. Antología del surrealismo en la poesía de          nuestra América. Selección, proyecto editorial, estudio introductorio y notas   Floriano Martins. Caracas, Venezuela.   Ex. bibl. Antonio Miranda.

 

Una frontera para el grito

 

Inseguro entre el cielo y la estepa, suspenso en un fluir de rueda gigante, embebido en mi nostalgia de centau­ros, yo devoro pedazos de musgo y raíces de plátano, extendido en jardines interminables donde se modelan arcángeles. Habría sido mucho más fácil escribir cartas de amor, para que fueran extendidas a lo largo de los caminos y las paredes de los tribunales —son inútiles para la vida, sin embargo, estos poços instintos que lentamente se devoran unos a los otros— nos queda apenas una memoria de fugas de amantes, la grandeza del gesto de un epiléptico, la soledad profunda de los grandes seductores. Hay sueños, pero que nos acometen con una simetria de zampoñas; hay también la necesidad de escribir testamentos, siempre oscuros, in­sultando a los jardineros de las plazas públicas, y aquellos que comen hostias con una regularidad de araña y almacenan restos de cigarrillos en arcas de acero, teme­rosos de la posteridad. Es absolutamente necesario, también, que conclamemos por la unión de los hambrientos de santidad, los guardianes de serpientes y domadores de circo, los exploradores de los subterráneos, de los puentes y viaductos, los exiliados volunta­rios, para partir juntos a la búsqueda de la inviolable libertad de los caminos seguidos al acaso, y de la verdad contenida en las escalinatas, pórticos  paredones que se derrumban.

                (de Anotações para um apocalipse, 1964)

 

 

El serpentario y sus ramificaciones

La ciudad y su esqueleto múltiple e inevitable, sus animales incendiados y torbellinos de hambres sin fin. Dentro de ella, el gran estómago absorbiendo todas las contemplaciones. Vitrales pulverizados envuelven a los grandes predios, la magia se coloca al alcance de todos como un pasamanos que apunta a la muerte de la perspectiva. Fueron setenta vidas, tal vez más, contenidas en el espacio de algunos días, límpidos, convergentes, inevitables, surcados por la proximidad de los ciclones, vivencia del gran seno plástico que abriga los deseos del alma, de las cuerdas tensas del violín; setenta vidas y después de eso la sobrevivencia. Todavía el esqueleto más deshidratado que antes, la cavidad de los ojos, el cráneo abandonado en la selva sin metamorfosis. Es preciso adornar los pasillos con láminas a cada nueva aproximación del ser amado, construir veredas de sangre definitiva, único homenaje posible, antena, precipitación, anatema, presencia, rastro fijo. La ciudad, sus diversas carnadas y esqueletos, su pulsación inquietante; sobre ella, la lluvia de horóscopos que se precipitan a cada nuevo encuentro. Se hace necesario escoger las palabras encantadas, abriendo nuevos espacios de magia (¿penetración, vértebra, succión?). Todo, sin embargo, no pasa de una incorporación más. Prosigo en la ruta
sabática. Busco los claros dejados en el bosque por el cerimonial
Máscaras de alabastro con lenguas de hielo se precipitan aún en
el cuarto, a partir de determinados puntos, lentas y solemnes como si estuviesen infladas de hidrógene.

                        (De Días circulares, 1976)

 

 

Los poetas apenas transcriben lo que otros poetas ya dijeron

                         A los amantes otra vida es concedida

                                                         HOLDERLIN

 

Despertemos en este domingo de tentáculos solares que amenazan con apoderarse del resto de la semana; con la persiana baja, el cuarto es penumbra doada, atardecer constante, sea cual fuera la hora del día. Via-jeros inmóviles miramos el hilo de humo del cigarrillo plantado en el centro del cuarto, su movimiento pausado a la manera de los sargazos, aguapes, laberintos y demás símbolos de la memoria. Como plantas acuáticas a la deriva, vinimos a parar aquí, fugitivos del excesivo mundo, prisioneros voluntarios de este mínimo espacio. A cada nueva caricia, cada pérdida de manos en los meandros del cuerpo de otro, nos transformamos en personajes del mismo sueño: el mundo finalmente reducido a la dimensión de la colcha tirada sobre la cama, a la geometría armoniosa de las sábanas y almohadas náufragas. Nuestra desnudez es un desafío al tiempo: todas las horas formas de siempre, multiplicadas por el mismo gesto de acariciarse. Poseídos de la misma calma de los ríos que desaguan en su pantano, y van reconociendo poco a poco sus nuevas márgenes de contornos imprecisos, sus raíces y troncos sumergidos, hablamos poco, pues todo tiene significado, incluso los gestos más sencillos, encender un cigarillo, tomar café. El despertar es reconocimiento y retorno a los mismos gestos rituales, manos construyendo nuevos laberintos de sensación de lo suave y lo áspero de la piel, navegación de uno para el otro para después volver a hundirse en las sábanas tibias. No insistimos en ser mucho más que esto, un archipélago de superficies del cuerpo y sensaciones de la piel. Y esta umedad que sólo el amor logra crear, impregnando el aire y recubriendo la pared. Y los olores del cuerpo, qué decir de ellos, de esta aura de sudor, esperma, perfume, hálito, secreción y misterio, que cargamos con nosotros que nos da la certeza de existir y de estar vivos. Identidad con el mar, conocimiento de las voces del atardecer, memoria de los pasos recibidos por la arena de la playa. Somos signos de la tierra, nos acompaña algo de tierra apenas revuelta, pequeños lagos con sus plantas, selvas que aún existen. Como todo, esto es difrrente del resto y nos vuelve irreversibles. Todos los poemas el mismo poema. Nos libertamos, dejamos de ser prisioneros del horóscopo. Reponemos el mundo en su debido lugar, después de tomar una poción mágica. Complicidad de samuráis que se preparan para la lucha en un juego vertiginoso de espadas, sabiduría de quienes saben moverse en la oscuridad. La percepción destrabada en esta planicie de penumbra dorada de ardecer que se refleja en la piel. No importa donde usted esté ahora, y a qué distancia. No existen saudades, sino soles que circulan en nuestras venas. Ninguna sensación de pérdida o de vacío, sino de crecimiento, algo que ganamos en este complicado errar por el planeta en la búsqueda de nuestra identidad. Y también esta niebla familiar que se posa a mi lado en la semilucidez de la vigilia, hecha de sensaciones de cuerpos, presencias, toques de la piel, pulsaciones, calentura, este confuso ovillo de memorias, de voces y de olores, que poco a poco se desata y se transforma en poema. 

                                       (de Jardins da provocação, 1981)

 

 

 

 

TEXT EN FRANÇAIS

 

Extraído de

 

POESIA SEMPRE – Revista Semestral de Poesia – Ano 2  Número 4 – Rio de Janeiro  - Agosto 1994 - Fundação Biblioteca Nacional. ISSN 0104-0626  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

Une Fois de Plus
("Mais uma vez")

 

 

Je sombre dans l'amour

                            avec une conviction aveugle et suicidaire

pas à pas je m'enfonce

           dans cette région mystérieuse

                             trouble
                                        opaque

ouverte sous la rencontre des corps

                     et je sens une harmonie nouvelle dans les choses
cette placide permanence des objets

                        devenus porteurs de souvenances
                        le monde devenu souvenir de présence
                        le réel qui bavarde en devenant mémoire
tout est signe et connivence

                        l'espace une extension du geste
         les choses

                        matière d'évocation
quelque chose frémit au coeur de la nuit

                             tel une flûte en mélodie

et la ville se tord et se retire

           Une Fois de Plus

en s'ouvrant
                                   à ce turbulent silence

                                   oeil contre oeil
                                   peau contre peau
sexe sur sexe

 

 

Traduction de Rafaël Lucas

 

 

Visiteurs
("Visitantes")

 

 

In otre espace

                      est l'espace du terrible

marécages

                            balayés par la tiédeur brûlante des vents

                                          traversant le chant des roseaux

                             et la nuit définitive          et le cri pétrifié

pénétrons lentement

                                dans ce jardin de refus

                                                         où le mot cherche l'espace

il n'y a plus grand signe de vie

                   sur la face de cette planète
       peut-être y a-t-il un lieu

              où l'on entend encore le souffle du vent dans les arbres

              des voix lointaines emplissant les vallées

              des aboiements sur un versant perdu de montagne

devenons plante

               racine

               ou mineral brut

               pour qu'il nous soit possible de parler

 

                                              Nous Survivrons

 

 

Traduction de Rafaël Lucas

 

 

 

Página ampliada e republicada em dezembro de2017

 

 


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