AGENOR SILVEIRA
Agenor Silveira nasceu em Santos, em 7 de abril de 1880, numa família de cultores da literatura: era irmão de Valdomiro Silveira e filho do dr. João Batista da Silveira e Cristina Silveira. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1905, trabalhou no santista Jornal, no jornal Commercio de São Paulo e na Revista Nova, aposentando-se na Associação Comercial de Santos. Na Academia Paulista de Letras, produziu sonetos com os perfis de amigos e colegas, numa coletânea não publicada, Acadêmicas. Faleceu em 24 de outubro de 1955, em São André/SP. É o patrono da cadeira nº 108 no Instituto Histórico e Geográfico de Santos e da cadeira nº 1 da Academia Santista de Letras.
Agenor Silveira teve publicados os livros Versos de Bom e de Mau Humor (110 páginas) e Rimas (99 páginas), ambos impressos em 1919 pela Typographia D. Escholastica Rosa, de Santos, e também Quatro Contos (Moeda Antiga).
WORMS, Pedro de Alcântara, org. 232 poetas paulistas. Antologia. Rio de Janeiro: Conquista, 1968. 403 p. 13,5x20,5 cm. Capa: Célio Barroso.
SE ELA SOUBESSE LER
Se ela soubesse ler — que bom seria!
Que bom! com que prazer
E comoção meus madrigais leria,
Se ela soubesse ler!
Se soubesse escrever – oh! que alegria
Não havia de ser!
Que páginas de amor me escreveria
Se soubesse escrever!
Mas quantas outras, quantas, não podia
De estranha procedência receber!
E então – que horror! Que grande horror seria,
Podia a todas elas responder,
Permita o justo céu que a desalmada,
Que assim me soube o coração prender,
Aprenda a amar-me apenas, e mais nada,
Porque mais nada lhe convém saber…
EPIGRAMAS
— Não mais discuto contigo!
— Das-te por vencido, então?
— Isso nunca! Não prossigo..
E ... acabou-se a discussão!
— Não pudeste refutar
Nenhum dos meus argumentos!
— Porque falas por duzentos!
E não me deixas falar...
— Medroso! — Que medo incutes
Com os teus argumentos rotos?
Eu só temos os perdigotos
Que soltas quando discutes...
Com minha eloquência viva,
Com a minha ciência, não podes!
— Venceste-me com a saliva
Que me atiraste aos bigodes...
Página publicada em maio de 2017