| Foto: Jamil Foto e Vídeo   ANÍZIO CANOLA( BRASIL – SÃO PAULO )
 
 (  Araçatuba, SP ) Anízio Canola ocupa a cadeira 5 da Academia Araçatubense de Letras desde  2014, cujo patrono é Osmair Zanardi. Participou de várias coletâneas, inclusive  de nível nacional, escreveu "Contos, poesias e crônicas" e "A  princesinha da Alta Sorocabana (coleção de dois volumes).    ANTOLOGIA DELICATTA VIII :  poesia, contos.    O rganização Luiza Moreira.  São Paulo: Editora Delicatta, 2013.       154 p.   ISBN 978-85-64167-S83-4  Ex.  gentilmente enviado por Zen-monk HAKUSAN K.白山高元師                       FRIO NA ALMA    
 Na TV, o boletim do tempo
 — “Previsão para esta semana  em todo o território nacional.
 Tempo bom”.
 — Mas, como? Agora mesmo  coloquei duas blusas grossas e
 ainda tremo muito A moça na tela  acrescenta:
 — “Céu claro. Céu de  brigadeiro”.
 — Não pode ser. Está errado. Vejo lá  fora nuvens plúmbeas.
 Sinto o vento cortante. Vesti por cima  outra blusa. De couro, pesa-
 da, de motoqueiro. Estou entanguido!
 — “Umidade relativa do ar  “40%, estiagem severa”.
 — Ah, para. Acho que vai  chover logo. Que frio, meu Deus!
 Esta tortura será motivada  pela ausência da minha querida?
 Ela demora tanto! Cadê as luvas e o  cachecol?
 
 
 LENIRA
 
 A  porteira range, solidária à minha alma.
 Na beira da estrada vicinal deserta, começo a cismar.
 Dizem que sou capiau.
 Mas neste sertão, consegui tudo que minha ambição queria.
 As plantações verdejantes vão além do horizonte.
 Perto do rio, as pastagens de gado, com milhares de cabeças.
 Tenho todo conforto em casa.
 Pena que perdi o motivo maior da minha felicidade. Lenira, meu
 mel. Cabelos longos, olhos negros como duas jabuticabas maduras,
 Voz macia, cativante. Prometeu amar-me sempre. Disse que nunca
 precisaríamos sair desta terra. Pois nos bastávamos.
 De repente, deixou-me.
 Agora, juro.
 Não vou morrer de saudade!
 Errei por escancarar a porteira. Lenira, com certeza, viu a ilusão pas-
 sar na vicinal. E perdeu-se. Ó amor eterno.
 Vou trancar a porteira. E o meu coração. Ninguém me verá chorar...
   *
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 http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sao_paulo/sao_paulo.html  Página publicada em setembro de 2023
 
     
   
   
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