| POESIA CATARINENSE – POETAS DE  SANTA CATARINAColaboração de Marco Vasques
 
 
 VINICIUS  ALVES
 
 Nasceu em Florianópolis em 1961. É editor, blogueiro e escritor.  É editor da Bernúncia Editora desde 1992.     minha palavra é coisaminha coisa é palavra
 coisa palavra é minha
 palavra minha é coisa
 coisa minha é palavra
 minha é coisa palavra
 é coisa minha palavra
 palavra é coisa minha
 é coisa palavra minha
 é minha palavra coisa
 
 (do livro coisa, 1991)
 
 
 eu sou eus
 não quero ser deus
 eu somos muitos
 não somos mitos
 eu somos o que sou
 sou o que menos semos
 som o que mais vimos
 signos que mais ouvimos
 
 (do livro coisa, 1991)
 
 
   "esse sou eu: isso"(Octávio Paz)
 
 és isso: osso a osso
 assim como sói ser
 esses ossos sós
 silenciosos
 assim sem som
 
 somos isso: nossos ossos sós
 nossos sombrios ossos
 sem sol ou sal
 insossos - sem sumo
 secos como o sol
 
 sim: assim: isso
 como os ossos são
 sem sócio ou sósia
 como todo osso
 só ócio
 
 (do livro coisa, 1991)
 
 o abismo virou paisagem
 ou a paisagem virou abismo
 este
 meu obscuro objeto de linguagem
 esta
 minha linguagem de objetos
 abjeta paisagem
 linguagem abjeta
 estes
 meus obscuros objetos de paisagem
 o abismo virou linguagem
 estas minhas paisagens de objetos
 abismáticas linguagens abjetas
 isto
 :toda linguagem é um abismo
 :todo objeto uma paisagem
 :todo abismo, objeto
 :toda paisagem, abismática.
 
 (do livro uivo vivo,  2001)
     Página publicada em  outubro de 2008
 
 |