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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



LUÍS DELFINO 

Luís Delfino dos Santos em Desterro, Ilha de Santa Catarina, Brasil, e 1834 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1910.  Político e poeta brasileiro, considerado “o segundo poeta mais importante de Santa Catarina, superado apenas por Cruz e Sousa.”  Formado em Medicina, foi também senador por Santa Catarina no início da República Velha.

Não publicou livros em vida, distribuindo-os em jornais e revistas da época. Sua obra é, no entanto, vasta — mais de mil poemas —e considerada perfeita. Foram reunidos em catorze volumes e publicados pelo filho, Tomás Delfino dos Santos, entre 1926 e 1943.

Considerado um parnasiano, mas sua poesia chega até ao simbolismo.

 

VER também: LUIZ DELFINO (poema e cartão postal antigo)

TEXTOS EM PORTUGUÊS    /    TEXTOS EN ESPAÑOL

TEXTO EN ITALIANO

 

TEXT EN FRANÇAIS

 

ALTAR SEM DEUS

Inda não voltas? — Como a vida salta
Destes quadros de esplêndidas molduras!
Mulheres nuas, raras formosuras...
Só a tua nudez entre elas falta ...

Pede-te o espelho de armação tão alta,
Onde revias tuas formas puras;
Pedem-te as cegas, lúbricas alvuras
Do linho, que a Paixão no leito exalta.

Pedem-te os vasos cheios de perfume
Os dunquerques, as rendas, as cortinas,
Tudo quanto a mulher de bom resume,

Escolhido por tuas mãos divinas...
E sai do teu altar vazio, ó nume,
A tristeza indizível das ruínas ...

 

CADÁVER DE VIRGEM

Estava no caixão como num leito,
Palidamente fria e adormecida;
As mãos cruzadas sobre o casto peito,
E em cada olhar sem luz um Sol sem vida.

Pés atados com fita em nó perfeito,
De roupas alvas de cetim vestida;
O tronco duro, rígido, direito,
A face calma, lânguida, dorida...

O diadema das virgens sobre a testa,
Níveo lírio entre as mãos, toda enfeitada,
Mas como noiva, que cansou na festa.

Por seis cavalos brancos arrancada...
Onde irás tu passar a longa sesta
Na mole cama, em que te vi deitada?!...

 

TELA APAGADA

 

Tecum vivere amem.

Horácio

 

Como isto aqui mudou!... Agosto, o ano passado,

Tinha mais sol, mais luz, mais calor, menos frio;

Mas tudo o mais é o mesmo: a água do mesmo rio,

A ponte de madeira, as mangueiras, ao lado,

 

Velhas, grandes, em flor, o lanço esburacado

Do muro, e o líquen nele, e a avenca, e o luzidio

Lacrau, que salta, e vira, e já volta ao desvio;

O cão ganindo; e a um canto, à esquerda, ao longe, o prado;

 

Bambus em renque, em meio o caminho, e no espaço,

Longe do morro, ao fundo, a casa; e no terraço

Sobre o jardim, talhando o ar cintilante, a imagem

 

De um anjo, - um áureo nimbo à coma, o olhar humano

Como jamais pintou Corregio ou Ticiano:

Quem, levando-a, apagou a esplêndida paisagem...

 

 

 

ALMA VIÚVA

 

És uma alma viúva e perturbada:

Foi-te a paixão um vento de passagem,

Que indo, lançou do céu na tua imagem

Luxos da noite e jóias da alvorada.

 

A flor de amor, macia e perfumada,

Não foi de oásis, foi de uma miragem;

Anda por ti, como um rumor de aragem

A um rosal, que deu rosas, pendurada.

 

Teu negro olhar... o teu olhar esconde

Lasciva flauta de dois tubos, onde

Pã tocara, cantando a selva em coro.

 

Dentro, o desejo, como instável onda,

Dorme fremendo, quando alguém o sonda,

Como um leão ao sol nas garras d'ouro.

 

 

 

UMA PRINCESA ANTIGA

 

Tem a grandeza antiga e peregrina

Das mulheres da Bíblia, e da Odisséia:

Anda, fala, aparece... e se imagina

Ou Palas ou Judite ou Diana ou Rea.

 

Mas quando ao campo os passos seus destina,

Sua estatura avulta: - então é Dea:

Jove, para a espiar da azul cortina,

Deixa os deuses no Olimpo em assembléia.

 

Juno descora... E ela no cercado,

Numa das mãos erguendo os seus vestidos,

Com outra lança às aves pão cortado,

 

E vê de longe, entre os capins crescidos,

O velho boi de Homero, um boi malhado

De passo tardo e chifres retorcidos.

 

 

 

O MAL DA VIDA

 

Amor, pois, é a esplêndida loucura,

E a miséria de um sol que nos invade?

Caiu alguém aos pés da formosura

Que lhe não deixe aos pés razão, vontade?

 

Este delírio vem da eternidade,

Vem de mais longe, eu sei: - quem o procura

Acha-o mais velho do que Deus: quem há-de

Fugir do mal da vida por ventura?

 

E o amor é o mal que acaba em paraíso;

E para dar-nos céus num só lampejo

Basta-lhe um pouco, um nada é-lhe preciso:

 

De sonhos d'oiro e luz calça o desejo:

E então, de dia, em rosa abre o seu riso,

E em ampla estrela, à noite, abre o seu beijo...

 

 

 

CAPRICHO DE SARDANAPALO

 

"Não dormi toda a noite! A vida exalo

Numa agonia indômita e cruel!

Ergue-te, ó Radamés, ó meu vassalo!

Faço-te agora amigo meu fiel...

 

Deixa o leito de sândalo... A cavalo!

Falta-me alguém no meu real dossel...

Ouves, escravo, o rei Sardanapalo?

Engole o espaço! É raio o meu corcel!

 

Não quero que igual noite hoje em mim caia...

Vai, Radamés, remonta-te ao Himalaia,

Ao sol, à lua... voa, Radamés,

 

Que, enquanto a branca Assíria aos meus pés acho,

Quero dormir também, feliz, debaixo

Das duas curvas dos seus brancos pés!..."

 

 

 

OS SEIOS

 

Nunca te vejo o peito arfar de enleio,

Quando de amor, ou de prazer te ebrias,

Que não ouça lá dentro as fugidias

Aves, baixo alternando algum gorjeio...

 

Aves são, e são duas aves, creio,

Que em ti mesma nasceram, e em ti crias,

Ao arrulhar de castas melodias,

No aroma quente e ebúrneo do teu seio;

 

Têm de uns astros irmãos o movimento,

Ou de dois lírios, que balouça o vento,

O giro doce, o lânguido vaivém.

 

Oh! quem me dera ver no próprio ninho

Se brancas são, como o mais branco arminho,

Ou se asas, como as outras pombas, têm...

 

 

 

IN HER BOOK

 

Ela andou por aqui; andou. Primeiro,

Porque há traços de suas mãos; segundo,

Porque ninguém, como ela, tem no mundo

Este esquisito, este suave cheiro.

 

Livro, de beijos meus teu rosto inundo,

Porque dormiste sob o travesseiro

Em que ela dorme o seu dormir, ligeiro

Como um sono de estrela em céu profundo.

 

Trouxeste dela o odor de uma caçoula,

A luz que canta, a mansidão da rola

E esse estranho mexer de etéreos ninhos...

 

Ruflos de asas, amoras dos silvedos,

Frescuras d'água, sombras e arvoredos

Dando seca aos rosais pelos caminhos...

 

 

 

PRIMEIRA MISSA NO BRASIL

(a Vítor Meireles)

 

Céu transparente, azul, profundo, luminoso;

Montanhas longe, encima, à esquerda, empoeiradas

De luz úmida e branca; o oceano majestoso

À direita, em miniatura; as vagas aniladas

 

Coalham naus de Cabral; mexem-se inda ancoradas;

A praia encurva o colo ardente e gracioso;

Fulge a concha na areia a cintilar; grupadas

As piteiras em flor dão ao quadro um repouso.

 

Serpeja a liana a rir; a mata se condensa,

Cai no meio da tela: um povo estranho a eriça;

Sobre o altar tosco pau ergue-se em cruz imensa.

 

Da armada a gente ajoelha; a luz golfa maciça

Sobre a clareira; e um frade, ao ar, que a selva incensa,

Nas terras do Brasil reza a primeira missa.

 

 

 

A POESIA

 

O que é poesia, Helena? O céu invade,

E tudo une e desune e tudo enfeixa;

E tudo mete em sonorosa endeixa,

E tudo quanto foi, e inda ser há de.

 

É a voz de Deus, o som da tempestade:

Dá músicas ao mar, amor à queixa:

E ela em seu manto embrulha os sóis, e deixa

A ira enleá-la, e é cheia de bondade.

 

Embala o berço, e faz dançar a boda:

Mesmo ao trágico empresta os seus encantos:

Dá voz sublime à ventania douda.

 

É de existência dor, sorriso, prantos:

E a grande, a rica natureza toda

Luz, freme, goza, sofre, haure em seus cantos...

 

 

 

EXTRA MUROS

 

A tarde de ontem!... Longe da cidade,

Eu a esperava à porta do Passeio:

Quando via ir chegando um carro: — há de,

Pensava, ser o carro em que ela veio.

 

Não era. — Então ficava em novo enleio:

Cada momento era uma eternidade;

E entre a esperança, a dúvida, o receio,

Que inquietação, que angústia, que ansiedade!

 

Mas de repente o rápido ginete

Estaca, o faéton pára, as longas clinas

Sacode o pônei fino e cor de leite:

 

Sai a deusa: o sol ri, e das colinas

Rola-lhe ao pés a luz, como um tapete

Que ela esgarça na ponta das botinas...

 

 

 

A ÁGUIA

 

A águia negra, num vôo, de repente

Fura o céu, desprendida da montanha,

E parece levar em feixe ardente

Luz, que às garras metálicas apanha.

 

Afronta o sol, provoca-o frente a frente,

Deixa as nuvens atrás, remonta em sanha...

E volta irada, triste e lentamente,

Por ver tão longe a luminosa aranha.

 

Liso, e em foto o areal, como um espelho

Amplo, se estende ao seu olhar vermelho...

Vermelho, como a espuma dos vulcões:

 

Desce; e por desenfado ao bico enorme,

Enquanto um grupo de gazelas dorme,

Folga arrancando os olhos aos leões. 

 

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TEXTO EN ESPAÑOL

 

 

LUIZ DELFINO

(1834-1910)

 

 

TRADUCCIÓN DE JAIME TELLO


De CUATRO SIGLOS DE POESÍA BRASILEÑA
Caracas: Centro Abreu Lima de Estudios Brasileños, Instituto de Altos Estudios de América Latina, Universidad Simón Bolivar, 1983

 

 

LA PRIMERA LÁGRIMA

 

Cuando al caer la lágrima primera

Surcó de Eva el rostro doloroso,

Quedó el rostro de ella tan hermoso

Y la besó Adán de tal manera,

 

Que cual rompe cascada prisionera

Sus alas de azul y oro primoroso

Abriendo, por el éter vaporoso

Huyera el ángel en veloz carrera.

 

Otros, posando en próxima montaña,

De cerca querían ver los condenados,

Haciendo del dolor alegría extraña.

 

Y al rumor de los besos redoblados,

Todos querían perdición tamaña,

Ansiosos, mudos, trémulos, pasmados.

 

 

TRADUCCIÓN DE ANGEL CRESPO

 

LA FUENTE QUE EXTASÍA

Por soberbios peldaños de mármol reluciente
Se sube hasta la fuente de bronce; y, espeñada
En granos de oro y perlas sutiles, la corriente
De agua cae como gasa apenas arrugada.

         Por un lado la dora, la irisa, el sol poniente,
Por el otro la hiere la sombra desmayada
Que traen los velos de ópalo que envuelven al ambiente...
 Se ahoga en silencio la gran bóveda azulada.

Dos palomas, hermanas en nítida blancura,
Posan los pies color de rosa en la bacía,
Beben, el cuello encogen; y en tanto que murmura

El agua, y un Amor de bronce, arriba, espía...
Una linda mujer coger agua procura
Y le rebosa el cántaro, pues Amor la extasía.

 

DESPUÉS DEL EDÉN

La lágrima primera brotó un día
Y holló la faz de la mujer primera,
Y su rostro tan bello refulgia
Y la besaba Adán de tal manera

Que ángeles, y los tronos, a porfía
—Como una catarata prisionera—
Abriendo alas de luz y pedrería,
Rodaron en espléndida carrera...

Unos, desde la próxima montaña,
Querían contemplar los condenados
En su dolor y su agonía extraña...

Y, ante los dulces besos redoblados,
Todos pedían punición tamaña,
Ansiosos, mudos, trémulos, pasmados...

 

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TEXTO EN ITALIANO

 

 

Extraído de

MIRAGLIA, TolentinoPiccola Antologia poetica brasiliana.  Versioni.  São Paulo: Livraria Nobel, 1955.  164 p.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

VERGINE MORTA

In quella cassa sta come in um letto,
Pallida, muta, fredda, addormentata;
Le mani in croce, spora il casto petto,
In ogni sguardo ormai la vita orbata.

I piedi uniti dal laccio perfetto,
Indossa bianca veste assetinata,
Il busto duro, rígido, correto,
La faccia calma, languida, affilata...

Di vergine, il diadema sulla testa;
Candida rosas tra le man protesa,
Para una sposa stanca della festa.

A sei cavalli Bianchi fosti appresa:
Dove vai a dormir si lunga siesta,
Nel letto molle ove ti vidi stesa?

 

 

TEXT EN FRANÇAIS

 

 

 

PUJOL, HypolyteAnthologie Poètes Brésiliens. Preface de M. de Oliverira Lima.  S. Paulo: 1912.  223 p.   Ex. bib. Antonio Miranda

 

 

 

L'OMBRE DE SA MAIN

 

 

Je sors de son alcôve, à pas lents, tout morose,

        Et la laisse seule, veillant
Une petite sœur malade qui repose...

 

        Le jour s'effaçait lentement.

 

Au bout d'un corridor plongé dans la pénombre

        Je descendis l'escalier
Dans ma main de sa main emportant comme l'ombre,

        Comme emportant le monde entier.

 

De cette main j'emportais l'ombre fugitive,

        Car même je sentais encor
Me froisser cette main chaude, tremblante et vive

        Qui faisait frissonner mon corps,

 

Cette main de velours, cette main que j'adore,

        Suave comme du satin,
Aux doigts couleur de rose, aux ongles faits d'aurore

        Et des nuances du matin.

 

Quand je me vis enfin seul, à ma bouche ardente

        Je portai ma main sans chaleur,
Et baisai de sa main l'ombre, l'ombre enivrante

        De doux parfum et de douceur.

 

HADAD, Jamil Almansur, org.   História poética do Brasil. Seleção e introdução de  Jamil Almansur Hadad.  Linóleos de Livrio Abramo, Manuel Martins e Claudio         Abramo.  São Paulo: Editorial Letras Brasileiras Ltda, 1943.  443 p. ilus. p&b  “História do Brasil narrada pelos poetas. 

HISTORIA DO BRASIL – POEMAS

 

A INDEPENDÊNCIA E O IMPÉRIO

 

JOÃO CAETANO

Como uma estrela monstruosa, o drama
lança as garras na cena, e se dilata;
E quando a cauda dos clarões desata
Como leões fugindo aos antros, brama.

Quer-se um atleta então, que o horror, e a chama
Do olhar do monstro não fascine, e abata,
Que se levante dessa luta ingrata,
Agarrado aos milhões de mãos de fama.

Foi ele um domador. Hoje enfim dorme.
Que pedaços de sóis, — na queda enorme, —
Levou consigo o Encéfalo sombrio!...

Caiu, como o gigante da floresta,
Que abala o solo, esmaga tudo...  — e resta
O espaço, em torno lúgubre e vazio!@


              ( MUSA CÍVICA – Xavier Pinheiro -
Leite Ribeiiro & Maurilo, 1920)

 

*

 

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http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/santa_catarina/santa_catarina.html

 

 

Página ampliada em outubro de 2021

 



 

Página ampliada e republicada em junho de 2009; ampliada em dezembro de 2015. Ampliada em novembro de 2019

 


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