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LUIZ RABELO

(1921-1996)

 

LUIZ DE CARVALHO RABELO nasceu em Natal a 04 de março de 1921, filho de João Batista Ferreira Rabelo e Hercília de Carvalho Rabelo.  Fundador e 1º presidente da ATRN - Academia de Trovas do Rio Grande do Norte, é um dos nomes mais proeminentes da literatura de seu Estado, ao lado de Luiz da Câmara Cascudo e outros.  No dia 15/04/1980 foi eleito "Príncipe dos Trovadores Potiguares".  Suas obras:  Meditações - Caicó/RN, 1944; Último Canto - natal/RN, 1950; Rumos - Natal/RN 1953; Caminho dos Mortos - Natal/RN, 1961; Trovas que a Vida me Deu - Natal/RN, 1968; Os Símbolos Inúteis - Natal/RN, 1970; Troval Potiguar - Natal/RN, 1970; Antologia Poética - Natal/RN, 1982.

           Faleceu em Natal, no dia 29 de novembro de 1996. 

 

 

ALVES, Alexandre.  Poesia submersa - poetas e poemas no Rio Grande do Norte: 1900-1950.   Vol. 1.  Mossoró, RN: Queima-Bucha, 2014.  128 p.  15x22 cm.  Capa: Marco A. Nascimento. ISBN 978-85-8112-071-3   Inclui textos, análises e poemas (na íntegra ou estrofes) de Auta de Souza, Henrique Castriciano, Ferreira Itajubá, Lourenço Açucena, Câmara Cascudo, Jorge Fernandes, Palmyra Wanderley, etc.  “ Alexandre   Alves “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

          O natalense Luiz Rabelo, com o livro Meditações (1944), apresenta exemplares apenas de leve consonância com o ideário moderno tanto da geração de 22 quanto da posterior - Drummond, Murilo Mendes, Augusto Frederico Schmidt, Murilo Mendes - no que diz respeito ao género lírico. O soneto "A seca" (RABELO, 1982, p. 161) parece um amálgama da exposição dos males do sertão nordestino preconizada no romance de 30 com a linguagem culta preconizada pelos poetas integrantes da Geração de 45:

 

 

Hirtos mandacarus. No espaço, rubro e ardente,

Numa tragédia imensa, o sol requeima, abrasa.

Não há, ferindo o céu, nem o gume de uma asa,

Nem no atro solo brota a fecunda semente.

 

É a seca. Tudo morto. O árido chão é brasa.

E torvas, espectrais, sob um sol inclemente,

Legiões de homens nus marcham, ansiosamente,

Em busca de um abrigo: ignota gruta ou casa.

 

É a suprema desdita, uma visão de Dante,

Ora a escarpa descendo, ora subindo, arfante,

Prossegue, ininterrupta, a imensa procissão...

 

Enquanto no alto, lento, as nuvens perfurando,

O torvo abutre, vil - necrófago nefando -

Paira, como a lançar-lhe a sua maldição.


 

          Embora o soneto de Rabelo procure as rimas como sonoridade presente, os versos longos impõem uma narratividade cuja figuração principal é tratar da ligação entre o humano e a natureza, aliás, uma região de embate intensificada pela descrição da estrofe inicial e do neologismo do segundo verso (Numa tragédia imensa, o sol requeima, abrasa.). A figura humana é, ao mesmo tempo, espectador desolado e personagem em sofrimento - "Legiões de homens nus marcham, ansiosamente, / Em busca de um abrigo: ignota gruta ou casa." — em busca do mínimo para a sobrevivência, com os versos promovendo a metalinguagem (um sugestivo inferno de Dante Alighieri e sua Divina Comédia) enquanto a imagem metaforiza uma penitência em forma de êxodo: "Prossegue, ininterrupta, a imensa procissão...".

          Neste ponto, as semelhanças com a narrativa de Vidas secas (1938) e a família de retirantes que Graciliano Ramos escolheu como protagonista ficam evidentes, com ambos os textos vindo a ressaltar "[...] a humanidade dos que estão nos níveis sociais e culturais mais humildes [...]" (CÂNDIDO, 1992, p. 104). A extrema pobreza dos personagens de Rabelo e de Ramos conflui para a mesma cena: a ave de rapina esperando paradoxalmente pela morte como vida para ela.

          No capítulo inicial de Vidas secas, o narrador revela "O voo negro dos

urubus fazia círculos altos em volta de bichos moribundos" (RAMOS, 2002, p. 10) enquanto o Eu Lírico de Luiz Rabelo pronuncia o possível destino mórbido para o ser humano (Enquanto no alto, lento, as nuvens perfurando, / O torvo abutre, vil - necrófago nefando - / Paira, como a lançar-lhe a sua maldição.).

          Diante deste cenário de âmbito social explícito, o homem é rebaixado à categoria de quase animal, tanto por Ramos quanto por Rabelo, em uma tentativa de alerta sobre a condição humana deplorável e, nos versos do potiguar, antipoética em sua sequência de imagens cujo ápice é a sugestão da morte pelo cansaço, pela aridez do clima, por um aparente inevitável destino. São em tópicos como estes que a poesia de Rabelo - ainda que presa a uma preocupação rimática e formal— se desprende dos elementos regulares à sua época.

          Posteriormente, o uso do verso livre em alguns poemas de Luiz Rabelo em Último canto (1950) - "A rosa vermelha" e no texto que dá título ao livro - não conseguiu disfarçar nele a influência simbolista encontrada na exposição cromática e na linguagem onírica dos versos, fato que iria culminar nos sonetos de Rumos (1953). De forma mais tardia, o poeta só viria a ganhar conotações realmente modernas em seu livro de 1961, Caminho dos mortos, mas ainda assim sua aderência aos aspectos modernos do poema ainda não eram completos, firmes, como ocorreu com Jorge Fernandes.

 

 

 

 

TROVAS DE VELHICEJaboatão dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, 2016.  58 p.  ilus col.  Editor: Edson Guedes de Moraes.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

 

Página publicada em janeiro de 2015; pãgina ampliada em março de 2020

 

 

 

 

 


 

 

 
 
 
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