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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ALEX NASCIMENTO


Alex Nascimento nasceu em Natal. É engenheiro civil e escritor dono de uma obra literária que tem como principais características o humor ácido e a crítica social. É assim na prosa e também na poesia. Ele estreou como escritor em 1982 com o romance “Recomendações a Todos”, livro que, segundo José Correia, permanece - e sempre permanecerá - atual.

Alex Nascimento publicou também “Quarta-feira de um país de cinzas” (1984), “Alma minha gentil” (1992), “A última estação” (1998) e “Almas de rapina” (2001). Participou de “As novas anedotas do Pasquim” (1987), “Ritos de passagem de nossa infância à adolescência” (1985), “14 versus 14: itinerário do soneto norte-rio-grandense” (1994), “Amor e outras mentiras” (2005) e “Travessa da Alfândega” (2011).

 

Dois sonetos de Alma minha gentil (1992) 

 

 

SONETO

Se é morte o começo de uma vida,
Já que a vida é o princípio de uma morte,
E o azar o prenúncio de uma sorte.
É a chegada o início da partida.
Expulsão é introito de acolhida.
Cicatriz é prefácio a nove corte.
Medo fraco é prelúdio a grito forte.
Limiar é a entrada da saída.
Não sei se é amor o que ela sente,
Não sinto mais amor sem ela perto.
Não sei se é verdade o que ela mente,
Não minto o que seria descoberto.
Não sei se não saber me faz um crente,
Não careio que sabendo esteja certo.
     

 

 

SONETO

 

Coitadas flores, tão indefinidas:
Olhando bem, são quase passaportes,
Se não em nascimento, vidas, mortes,
inda se prestam a paixões perdidas.
Mas ande a esmo, mesmo às escondidas,
E olhe um pouco mais pelos recortes,
O ser humano é que lhes são transporte
De pétalas levas ou trazidas.
Olhando mais e mais, a flor é certa,
Tem forma, cor, estética, perfume,
A sua história é uma planta aberta,
Dá mel a mil abelhas sem ciúme,
E o vasto homem, criatura esperta,
Quando muito, lhe chega a ser estrume. 

 

               

 

 

NASCIMENTO, Alex.  Almas de rapina. Natal (RN): Fundação José Augusto, 2001.  129 p.    12x19 cm.  Col. Bibl. Antonio Miranda

 

ETERNAMENTE INVERNO

 

E mais fácil esconder um crime

Do que uma paixão.

Quando você disse que

Não me queria mais,

Senti um frio amargo

Como no dia em que sentei

No batente da calçada

Depois de olhar meu pai morto,

Mas você estava vivo:

A quem enterrar?

Seus olhos molharam

Algumas vezes enquanto falava,

Chorando por mim — senti —,

E eu imóvel, pálida, silente,

Sofrendo por você sofrer,

Encurralada por dentro, pensando

Em que número infinito pararia

A dor de um

Por outro que doía.

Contida parti,

Estranha me-encerrei

No quarto,

E tudo ali,

De livros a óperas

A pinturas a roupas

A tudo ali,

Me era tão alheio e inexistente

Quanto a Via Láctea

Antes de você.

Mas era o meu mundo

E sempre havia sido,

E esse sobretipo de mundo

Não se acaba

Pelos antes ou pelos depois

Que a gente cria em sete dias

E então descansa.

Continuei-me quieta e triste.

Tive reflexões de mais cores

Do que pode um prisma suportar.

Pensei sobre minha repulsão

A discutir sobre sentimentos,

Este torneio cansativo de pecados,

Espantosa gargalhada em funeral.

Pensei em Ronald Golias professando:

A águia subiu, subiu, subiu,

Depois desceu, desceu, desceu;

O águia, se ias descer,

Pra que subiste tanto?

E pensei que Golias me faz feliz

Até quando sei que não sou.

Pensei que você é

O melhor homem do mundo, e

Pensei coisas belas, medianas e

Vergonhosas.

Pensei que o tempo e eu

Havíamos parado de agonia,

Mas não,

Amanhã faz um século e um minuto

Que senti aquele frio,

Mas só amanhã.

O tempo não foi

Nem santo nem remédio,

Também não é doença

Esta saudade. Quem sabe,

A morte, enganando longamente

O dia seguinte.

Mas isso só amanhã.

 

 

Página publicada em maio de 2014

 

 

 

 
 
 
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