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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PAULO SUESS

 

E se mais uma vez o poeta evoca passagens sombrias, sangue inocente, violência autoritária, miséria e lágrimas, é porque as palavras são a forma de cantar o mundo contemporâneo, onde o cenário de sombras e ocorrências odiosas parece insistir que a encarnação humana é uma falácia ou uma cruel invenção de um absoluto pervertido. No entanto, no meio do alarido e na retórica, o grito e a canção do poeta iluminam-se para negar a lógica da barbárie de nosso tempo.  MÁRCIO SOUZA

 

 

SUESS, PauloDo grito à canção: poemas de resistência. Prefácio: Márcio Souza.  Ilustração: Marlene Crespo.  São Paulo: Edições Paulinas, 1983.  110 p. ilus. 15,5x22,5 cm.  Brochura com ilustrações em p&b.  ISBN 85-05-00058-7  Col. A.M. (EE)

 

Suspeita

 

Descontadas a dor e a solidão,

o que sobra da vida?

É um patrão que me fica devendo

(uma barra de sabão

contra o mau cheiro),

ou sou eu que devo ainda

uma ou outra amostra
de felicidade em praça pública

entre dez e onze da noite?

 

No ecossistema de patrão e peão

sempre um pobre coitado

tem uma conta a pagar,

deve um grito insolvente,

um soluço emprestado.

 

Suspeito que nem a reforma agrária

nem o socialismo estabelecerão igualdade,

onde nem santos nem policiais

conseguem dividir suor e sorte

                     em partes iguais.

 

Suspeito que somente o dilúvio

vai socializar a miséria

e repartir a riqueza

quando todos se afundarem neste pantanal

solidários até o pescoço.

 

 

Cidade Santa, Tiwanaku

 

O relâmpago irado do conquistador

— rachou a Porta do Sol

                    que selava

a morada dos Deuses.

 

O sol, porém, continua íntegro

                           e sem porta;

como no primeiro dia da criação

marca o tempo que passou

          e ainda há de vir.

Dia após dia aquece a terra prenhe

                      de templos e torsos;

seus raios soldam,

          com a rotina certa do cosmo,

a cicatriz da pedra fendida

e costuram os corpos golpeados,

no seu repouso subterrâneo.

 

O passado é mais que as ruínas

contabilizadas por Sanginés.

No ventre de Pacha Mama

dorme uma força maior

                    que a soma

de indignação e dor

de cada povo arrebatado.

 

Se as nuvens que escondem

o céu de Tiwanaku

abrirem as comportas de chuva,

                       como prometem,

um Deus fará do barro destes cacos

criaturas à sua semelhança.

 

 

 

Página publicada em maio de 2015


 

 

 
 
 
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