NEY RAMIREZ CALDEIRA

nascido em Porto Alegre aos 1935 D.C., é bento-gonçalvense desde 1950. Escreve pouco, se esconde muito. Não fora o Bacca e a Haidê, mais o seu filho Rafael, não teria participado de diversas antologias locais. E nem publicado o volume primeiro do seu “Minha vida em versos”. Tem dúvidas de que a Poesia tenha se enriquecido com isso, mas é grato pela oportunidade.clique aqui

 

POESIA DO BRASIL.  Vol. 5.  XV CONGRESSO BRASILEIR0 DE POESIA. Org. Ademir Antonio Bacca.  Bento Gonçalves: Proyecto Cultural Sur - Brasil, 2007.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

a partida

 

partimos tristes.

 

somente a cigarra,
sentindo chegar a sua hora,
canta
e derrama
sons e cores,

mesmo sabendo que vai embora.

 

 

 

frustração

 

vi o outono derramando tolhas,
o inverno

debulhar chuva nas ruas.

o sol se escondendo medroso,

frio, geada,

beleza reduzida a nada,

 

menos o que mais queria:
mundo namorando mundo,
falando de amor,

 

tecendo poesia.

 

 

 

contemplação

 

noite sem sofismas,
serena,

apenas a natureza em cena.
cigarros cantam ou choram,
o grilo teimoso clama,

chuva que não vem.

 

eu permaneço o que sou:
mais platéia,
menos ator.

 

 

 

ensinamento

 

caminhar devagar,
a passos lentos,
sem pressa de chegar.

 

eis o que a vida teimou em me ensinar.

 

 

 

saudades

 

teu rosto, na foto apagada,
tempos que longe vão.

 

anos correndo soltos,
coração em alvoroço
à vista de uma flor.

 

saudades da tua imagem,
tudo que a gente não foi.

 

 

  

 

 

 

Página publicada em outubro de 2020