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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SIMBOLISMO – POETAS SIMBOLISTAS

 

HOMERO PRATES

 


Virtuoso da expressão e das formas métricas, dono de uma dicção finamente elaborada, coruscante como as pedrarias que ele cantou, de luz iantina e rica, Homero Prates forma no grupo de simbolistas gaúchos que honraram a nossa poesia no decênio anterior ao do modernisino. Em seu livro de estréia, As Horas Coroadas de Rosas e de Espinhos (1912), título que se atravessa ao alto das páginas abertas, em sépia, discorre sobre as pedras preciosas, com luxo de sensibilidade não inferior ao de des Esseintes e com simbolismo que recorda os lapidários medievais; em Torre Encantada (1917), livro de grande formato, impresso em tinta violeta, exibe opulência nababesca de formas métricas, oficiando no altar do pantum, da balada, do canto-real, da vilanela, da sextina e do

rondel, mas tudo isso sem nenhuma intenção parnasiana "de aperfeiçoar a métrica", e sim de conquistar reinos exóticos, guardados por terríveis dragões... Em No Jardim dos Ídolos e das Rosas, chega ao poema em prosa.

 

Homero Mena Barreto Prates da Silva nasceu em São Gabriel, no Rio Grande do Sul, em 1.° de agosto de 1890. Bacharel em Direito, exerceu a judicatura em Dom Pedrito, e muito mais tarde presidiu Junta de Conciliação e Julgamento, no Rio, onde também onde foi auditor de guerra. Residiu por certo tempo em São Paulo,

durante o governo Altino Arantes, e aqui dirigiu a revista Panóplia. No Rio, exerceu a critica literária em O Pais, de 1919 a 1924, e lá faleceu, em novembro de 1957.

 

BIBLIOGRAHA DO AUTOR

 

As Horas Coroadas de Rosas e de Espinhos, Rio, Tip. Progresso, 1912; Torre Encantada, São Paulo, Secção de Obras do Estado de São Paulo, 1917; No Jardim dos Ídolos e das Rosas, Rio, Pimenta de Melo, 1920; Orfeu, São Paulo, Monteiro Lobato, 1923; História de D. Chimango, Rio, 1927; Ao Sol dos Pagos, Rio, Papelaria Velho, 1939; Morte de Ariel, Rio, 1947; 0 Sonho de D. João, Rio, 1951. PÉRICLES EUGÊNIO DA SILVA RAMOS, in  POESIA SIMBOLISTA Antologia. São Paulo: Melhoramentos, 1965, p. 31-336.

 

 

O DIAMANTE

 

Ó divinos Heróis! que uma eterna auriflama

Atrai para o esplendor da noite merencória!

Este é o Inferno de luz que a vossa febre aclama

Em gritos de loucura e em gritos de vitória.

 

Nele, como num mar de luz fiava e ilusória,

Encheis a Taça de ouro... E o vosso olhar se inflama!

Bebei! que é o vosso sangue e esta é a divina chama

Da ara branca e imortal da Beleza e da Glória.

 

Ó agonia sublime! Ó jardim dos tormentos

Divinos! onde, ó Luz, nos meus olhos deliras,

Como uma águia ferida entre dois firmamentos!

 

Olha-os!  Morrem cantando, ó Beleza, que passas!

E os Heróis, para os céus soerguendo as grandes liras,

Tombam num resplendor de flamas e de taças.

 

 

MUSA DOS MARES

 

Ha mortos ritmos no ar... Soltas visões na Sombra...

Poeiras de plenilúnio... Ouros fulvos de aurora

         E blasfêmias e mágoas...

Em gaze fofa e azul tenuíssima, que a ensombra,

Ainda lhe envolve o corpo a umidade sonora

         Da eurritmia das águas.

 

Brandas recordações de harpas e de navios,

Cruza-lhe a carne, em leve ondear de aromas,

         Música excepcional...

Como aos sons de metal dos seus contactos frios,

Vibram, vestindo-a inteira — impalpáveis redomas —

         Roupagens de cristal.

 

Passa e há em torno o rumor de uma harmonia dúbia,

Traz do hinário do Oceano, a láctea friez da pele,
         A voz, que o som lhe imita;

Guarda, sob o esplendor da cabeleira núbia,

Audácias de valquíria e ao próprio canto excele

         De Amazona e Anfitrita.

 

Tem vibrações no andar... Todo o eterno murmúrio

Das vagas, longe, esparze, em seus contornos brancos

         De esmaiados marfins,

Canções de naus do Oriente aflando em céus de augúrio

E a volúpia glacial de espáduas e de flancos

         De monstros e golfins...

 

A alma das lendas, fluindo, em névoas se desfralda,

Suave como a espiral da ignota essência turva

         Do incenso dos altares.

Passa... E é como se em tons de nácar e esmeralda

Em ondas a mudasse inteira, curva a curva.

                   A alma verde dos mares.

 

Olhos, que trazem céus do mundo antigo, mundos

De heróis e ruína e aurora e ocasos de outras eras

         Embriagados, a olhar;

E em báratros de bronze os velhos sois profundos

E a graça virginal das primeiras galeras

         Pandas, fugindo ao luar...

 

 Peixes de caudas de ouro e olhos de crisoprásios
 E os delfins e tritões de rúbidas escamas

         Aos fulvos poentes vários,

 

Que acendem, num mistério, auroras de topázios

No amplo seio imortal dos salsos panoramas

         De rútilos cenários;

 

Ora em fúrias rugindo, ora em calma, ora em rogo,

Mares mudando, ao fundo, em círculos do inferno,

         Incêndios de arrebóis...

Glaucos abismos de ouro e ígneas faixas de fogo

Embalando, a embriaguez do mesmo ritmo eterno,

         Crepúsculos de sóis.

 

Mãos, onde se ouve, ignoto, um coro de presságios,

         Turíbulos onde arde e em tênues rolos gira

         A alma de fluidos calmos,

Que evocam, em canções, blasfêmias de naufrágios,

Restos da sombra azul de algas e de safira

         Em perfumes e em salmos...

 

Mãos, que lembram reter na alva epiderme langue,

Em laivos de ouro e neve, em murmúrios latentes,

         Saudades de outras mãos...

Cofres níveos a escoar transparências de sangue,

Traço a traço copiando as frágeis mãos dormentes

         Dos ídolos pagãos.

 

Mãos feitas do ermo alvor do antigo mar das ruínas,

Conchas mudando, em prece, hinos de oceanos densos,

         Melodias hediondas...

Ressurgindo, em silêncio, as vibrações divinas,

Sonâmbulas, letais, de mirras e de incensos,

         Da músicas das ondas...

 

 

 

O poema, de vocabulário elaborado e precioso, oceaniza a Mulher.

Cabeleira núbia: os núbios primitivos eram de uma raça proto-egípcia; a mistura com sangue negro deu-se na 12ª  dinastia egípcia. A cabeleira a que o poeta se refere deve pois ser negra e lisa.

 

 

 

LEGENDA DO SONHO

 

Venho do Inferno suave e triste onde a Beleza

Adormece a sorrir nos meus braços, enquanto,

Pelos velhos jardins de sombra e de turquesa

Do Azul, tomba em silêncio a noite do seu manto...

 

Vi morrer-lhe no olhar como um último canto

De cisne, lentamente, a luz da Natureza,

Ao pousar-me na boca a divina tristeza

Do seu beijo que tem o sabor do meu pranto.

 

Enfarado do azul do meu Reino sem nome,

Venho trazer-te, ó Vida! a Palma verde e a Rosa

Que transforma em sorriso a dor que te consome.

 

Beijo-te a fronte e adeus! que me esperam, ao flanco

Da montanha sagrada e sobre a água radiosa,

Uma gôndola de ouro e um grande cisne branco...

 

 

A VOLTA

 

II

 

Rumo às ilhas de Ofirl Rumo à Pátria dolente

Da quimera, onde em vez dos incômodos ruídos

Dos Humanos, eu ouço, alheio a estranha gente,

A música interior dos meus próprios sentidos.

 

Adeus! velhos jardins! Paraísos perdidos

Na areia, que já vejo, ao longe, à paz do poente,

         Ao alto da Montanha e em mármore esplendente,
         Meu Templo, entre rosais e loureiros floridos...

E eu vos deixo a este Azul e a estas paisagens calmas,

Com um sorriso que é triste ó Terra! ó Natureza!

E um longo e infindo adeus lento como o das palmas,

 

Como uma nave de ouro a um náufrago, entre escolhos,

A alegria imortal que é esta vaga tristeza

De quem olhou, chorando, a beleza nos olhos...

 

 

 

Página publicada em setembro de 2009


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