FRANCISCO RICARDO
1893-1927
Francisco Ricardo Cadeira (Porto Alegre, 10 de outubro de 1893 — Santa Maria, 23 de abril de 1927) foi um advogado, escritor e poeta brasileiro, patrono da cadeira 39 da Academia Rio-Grandense de Letras. Filho de Marcos Ricardo Cadeira, funcionário da portaria da Faculdade de Medicina de Porto Alegre, e de Ernestina Pereira Ricardi, fez seus estudos primários na escola da professora Rita Pires, na Travessa da Olaria, em Porto Alegre. [ Poeta negro. Consta que, por preconceitos raciais, aos 21 anos, foi para o Rio de Janeiro em 1914, ]empregando-se como taquígrafo na Companhia de Seguros de Vida Sul-América, ao mesmo tempo passa a frequentar o mundo literário da então capital federal.
Em 1917 entra para a Faculdade de Direito, formando-se em 1921. Devido a sua amizade com Melo Viana, ex-governador de Minas Gerais e futuro vice-Presidente da República, é nomeado como promotor em Estrela do Sul, pouco tempo depois é transferido para Pitanga e no mesmo ano volta para o Rio Grande do Sul, nomeado promotor em Lagoa Vermelha.
Em 1926, é transferido para Cachoeira do Sul e depois para Santa Maria. Envolvido em diversos relacionamentos amorosos, foi baleado em Lagoa Vermelha num conflito; pelo mesmo motivo foi transferido de Cachoeira e finalmente envolve-se, em Santa Maria, em um duelo com um médico ultrajado, onde ambos morreram em virtude dos ferimentos à bala.
Dario de Bittencourt estudou sua vida e publicou em 1936: O poeta Francisco Ricardo sob o ângulo da psicanálise. Fonte: wikipedia
Obra poética: "Solidão Sonora", 1919, livro de versos.
COMO EU QUISERA SER A DONA DO MEU NOME
Quisera que ela fosse diferente
De todas. . . Esquisita. . . Superior. . .
E assim pensasse diferentemente
O pensamento universal do amor. . .
Quisera que ela fosse diariamente
Inacessível ao maior louvor:
Suscitasse rumor na turba ambiente
Sem descer a pensar em tal rumor. . .
Uma criatura de áulicas olheiras. . .
Formosa. . . E de belezas imponentes
Nos pensamentos como nas maneiras. . .
Uma criatura instável como as horas. . .
Que me adorasse em todos os poentes
E que me odiasse em todas as auroras!
FREIRE, Laudelino. Pequena edição dos Sonetos brasileiros. 122 sonetos e retratos. 2ª. edição augmentada. Rio de Janeiro: F. Briguet e Cia. Editores, 1929. 256 p. 12,5x16 cm. capa dura Impresso na França por Tours Imp. R. et P. Deslis. N. 06 642
Exemplar da biblioteca de ANTONIO MIRANDA
NA REALEZA DA INDIFFERANÇA
Fui príncipe... fui rei numa outra edade...
Tive tudo... mas tudo o que sonhei!
Tudo o que houve de bello na cidade
Tive aos meus pés de principe e de rei!
Monarcha da Belleza... sem piedade
Vassalos nulos... todos condemnei!
Era crime de lésa-magestade
Ser nullo sob o sol da minha lei!
Por isso, quando cruzo a turba ignara
Ainda sussurram quantos condemnára...
Não sei se apôdo.. se louvor... Não sei!
Sei que apenas conservo do que fora
A mesma indiferença redemptora...
Como herança de principe e de rei!
*
Página ampliada em junho de 2025.
Negro na Poesia.
Página publicada em novembro de 2106.
|