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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 

XAVIER PLACER

(1916-2008)

 

Professor universitário, bibliotecário, atuou na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Nasceu em Niterói, em 1916. Autor de muitas obras ensaísticas, de poesia e prosa refinadas. É membro da Academia Niteroiense de Letras.

 

I

 

... Porque para esse recalcitrante vivente, o homem,

a poesia importa pouco.

Mas está-aí. E assume muitas formas, silentes,

insidiosas, submarinas.

A poesia sabe-se destino, a poesia

sabe-se a íntima do ser, e lá

- seva não, grande senhora –

dobra a alva túnica-sem-costura e ajoelha todas as horas.

Aqui a poesia empresta aos mármores a matéria de seu rosto.

 

 

XXXII

 

ALEGRIA nessa vitória! Destemor, eis a palavra.

Então cerravas os olhos. E os cerravas, oh labirinto!

para não ver. Romper

foi preciso lógicas e guardados,

irrisórias horas desviver, tantos fogos avivar. – Um dia

madrugou.

Contempla, contempla como esse em labaredas

consumou o prisioneiro, formidável incêndio.

UM HOMEM CAMINHA SOLITÁRIO E FORTE

EM CAMPO ABERTO.

 


Extraídos de Sondagem.
Rio de Janeiro: Livraria São José, 1977.

 

 

 

SÉTIMO ANDAR

 

Nem aurora ou galo

 

Três da manhã

o irreal se adensa:

conjunto nulo

o alto silêncio

 

Cheiro em ascensão

do pão a cozer

é o fresco BOM-DIA

 

 

O GESTO

 

Junto às coisas somos

que nem dão por nós

 

Vertigem e fúria –

tudo na voragem

fenece e perece

 

Só o gesto, o claro

gesto, funda

morre nunca

 

 

A ERIKA

 

Não desesperes, Érika

da sorte

 

Um a um os teus deuses

mudaram-se pra América

do Norte?

 

Toda-poderosa –

dança! voa! ri da morte

 

Extraídos de Minipoemas. Rio de Janeiro: Edições Xagorá, 1978.

 

 

 

Mortos os dias. Morta

a aventura. Morto o afã de absoluto

Dura o grande pinheiro na planície,

duram, sem tempo, as pedras do castelo;

naus das terras d´Irlanda e Cornualha

rompem as águas; reina el-Rei; pervivem

a aia, os felões, a felonia. Dos que acordam

a provam, desde a hora primeira,

o selo. – Que passe a amada

a Bela-dos –Cabelos-de-Oiro e junto

jaza ao amigo inerte. Foram chama.

A luz e seus contornos os negaram,

o chão e o destino, a noite os una:

deles amantes! A paixão, deles a morte

 

 

TRISTÃO & ISOLDA

aqui, legenda e símbolo se unindo para esplendor de Eros ; a Arnaldo José de Castro.

 

....................................................................................................................

 

 

PELO QUE o acaso tenha carreado

para teus óleos de efêmero

isso, Pancetti, não conta, o tempo desagrega;

 

mas pelas tuas lisas pinceladas

assimiladas por mãos de grumete a pintar navios

(mãos de neto e filho de artesãos em mármore

Mestres d´obras de Massa e de Carrara);

 

tuas cores ascéticas

cores que entre a paleta e o lugar do quadro

ascenderam e estão; pela, neles,

aérea perspectiva, céus intuídos, adivinhados;

aquele deus-dentro-de-ti perante a tela em branda

logo palpitação de mares e de pedras, de areias

e de barcos, - isso ficará.

 

 

PANCETTRI PINTOR PINTURA

Pancetti (anteponha-se José), o das marinhas & figuras espantosas.

 

 

 

Extraídos de Memorial. Rio de Janeiro: Edições Zagorá, 1980.

 

 

15

 

T AL-QUAL o vermelhar da rosa no capulho

que em círculos entorna aroma

seu pudor

o amor ama

e ama porque ama, o amor

Mas regougam feras nos fojos

pântano ciladas outros frêmitos

estão presentes são ativos

 

Qu´é deles? – os nupciais – ali

onde jorravam águas saltarinas, ali

onde a serpentina

plumagem de dois cisnes o alvo colo alongava?

 

Tudo conspira

então prenúncio de desastre

O dom maior, a beleza, ah! abeleza

É terrível; a posse? – o limite

 

 

Extraído de O Jovem Par. Rio de Janeiro: Edições Zagorá, 1985.

 

 

TESTAMENTO

 

EU, Abderame III,

Califa da ilustre Córdoba,

Por meio-século reinei.

Na guerra andei meu cavalo

minha espada me deu fama,

coroei, na paz, as letras.

Riqueza honra prazeres

chegava tudo a um aceno:

aparentemente nada faltou

a tanto poder.

 

Mortal, quem quer que sejas,

no esperes aqui felicidade.

isto te deixo em meu escrito:

meus dias felizes neste mundo

cuidadosamente os contei,

- sobem a catorze.

 

 

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recortado de um escólio às obras

de Vauvenargues.

 

Extraído de Cartuns. Niterói, RJ: Letras Fluminenses, 1990.

 

REVISTA DA ACADEMIA NITEROIENSE DE LETRAS.  Edição Especial 2003.   Impressão: Folha Carioca Editora Ltda.  112 p.  
Ex. bibl. de Antonio Miranda
 

 

Mar de cada um

Eu nunca vira o mar... Imaginava
Altos rolos de espuma num escarcéu
Rompendo em sal e convulsões de lava
Contra os muros de pedra até o céu.

Um dia o conheci. Desfez-se a imagem
Sonhada do meu mar com seu segredos:
Vio em ondas e escamas, e na margem
Brancas velas ali, feito brinquedos.

Então voltei aquele mar primeiro
Oculto mar em mim, mar violento
Porém único mar e verdadeiro.

        É nele que me é grato navegar
É nele que eu agora me concentro
Em chama ardendo — ó ilha singular!

 

 

 

 


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