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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LÚCIO DE MENDONÇA
(1854-1909)

 

Lúcio Eugênio de Meneses e Vasconcelos Drummond Furtado de Mendonça (Piraí, 10 de março de 1854 — Rio de Janeiro, 23 de novembro de 1909) foi um advogado, jornalista, magistrado e escritor brasileiro, idealizador da Academia Brasileira de Letras.

Foi um dos filhos do casal Salvador Furtado de Mendonça e Amália de Meneses Drummond. Quando tinha apenas cinco anos seu pai morreu, o que forçou a diáspora dos irmãos, com um novo casamento da mãe.

Lúcio de Mendonça é mandado para São Gonçalo do Sapucaí, em Minas Gerais.1 Ali aprendeu a ler sozinho, sem professores. Em 1871 ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo mas, como tivesse repetido o ano de 1873, só colou grau em 1877. Nesse tempo experimenta a literatura - por instâncias do irmão Salvador de Mendonça, diretor do jornal "O Ipiranga".

Na Faculdade é suspenso por dois anos, por haver participado de um protesto.1 Este período foi-lhe de suma importância: vai para o Rio de Janeiro onde, junto ao irmão, trabalha na redação de um jornal republicano, onde conhece diversos escritores já renomados, dentre os quais Machado de Assis, que brinda-lhe com o prefácio de seu primeiro livro então lançado: "Névoas Matutinas".

Formando-se, em 1878, volta para São Gonçalo de Sapucaí, onde se casa e ensaia a vida pública como vereador. Colabora em diversos jornais, realizando intensa campanha republicana - período em que escreve diversos contos.

Com a Proclamação da República - que tanto defendera - ocupa diversos cargos públicos até ser nomeado para o Supremo Tribunal Federal (1895)4.

Continua a escrever - agora sob pseudônimo - para os jornais. Propõe a fundação da Academia, neste período.

Nomeado procurador-geral da República em 7 de janeiro de 1897,5 vê-se forçado a aposentar-se por estar ficando cego - e a doença finalmente o afastou completamente da vida social.

Proclamada a República, frequenta Lúcio de Mendonça a redação da "Revista Brasileira". Ali, junto ao amigo Machado de Assis e a Joaquim Nabuco - já então consagrados escritores - revela a ideia de fundar-se a Academia.

Participa das reuniões preparatórias, da comissão encarregada de elaborar o Regimento Interno e o distintivo e, depois de sua fundação, de outras comissões.

Ocupou Lúcio de Mendonça a cadeira 11, cujo patrono é Fagundes Varela. Fonte: wikipedia

 

 

Cartão postal:  BILHETE POSTAL.  M. OROSCO & C. Rua da Quitanda, 38. Rio de Janeiro. Provavelmente impresso em 1905.

               

                GALATHÉA

         E' uma deusa lendaria,
         Gelada perfeição rara,
         Um primor de estatuaria,
         Que um grego artista assignára.

         Para ser fiel, retrato-a
         Sem sentimento; que importa?
         E' uma belleza de estatua,
         Perfeita, correcta e morta.

                   LUCIO DE MENDONÇA.

 

 

REZENDE, Edgar.  O Brasil que os poetas cantam.  2ª ed. revista e comentada.  Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1958.  460 p.  15 x 23 cm. Capa dura.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

CASCATA DO IMBUÍ

 

 Entre dois morros, o Bambuí e o Prata.
 Fada branca, frenética e selvagem,
 Salta do leito a esplêndida cascata
 E arremessa-se, louca, na voragem...

Subitamente, com tigrina graça,
Indo ao cair, intrépida e casquilha,
 Bamboleia, contorce-se e arregaça,
Na anca de pedra, as rendas da mantilha.

Mas, alquebrada pelo salto enorme,
Constrangida, em canal profundo e estreito,
O fatigado corpo estende e dorme,
Como Sultana em preguiçoso leito...
De um lado e de outro, a relva, escrava aflita,
O sono guarda à trêfega menina,
E sôbre o colo trémulo lhe agita,
—Leque sutil.— a gaze de neblina...

Neste recesso plácido da mata,
Como tão longe tudo mais se sente,
Rolar o esquecimento essa cascata...
Como adormece tão serenamente
Um coração ralado pelas mágoas.
Ah! quem tiver a sepultura, aqui, J
unto ao abismo destas frias águas,
—Ó majestoso, ó trágico Imbuí!

 

 

OLIVEIRA, Alberto dePágina de ouro da poesia brasileira.  Rio de Janeiro: Livrria Garnier, 1929?   419 p. 11,5x18 cm.  capa dura.  Impresso em Paris por Imp. P. Dupont.  “ Alberto de Oliveira “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

(com atualização ortográfica:)

 

O REBELDE

 

É um lobo do mar : numa espelunca

Mora, À beira do Oceano, em rocha alpestre;

Ira-se a onda, e, qual tigre silvestre,

De mortos vegetais a praia junca.

 

E ele, olhando como um velho mestre

O revoltoso que não dorme nunca,

Recurva o dedo, como garra adunca,

Sobre o cachimbo, único amor terrestre.

 

E então assoma-lhe um sorriso amargo...

É um rebelde também, cérebro largo,

Que odeia os reis e os padres excomunga.

 

À noite dorme sem rezar: que importa?

Enorme cão fiel, guarda-lhe a porta

O velho mar soturno que resmunga.

 

 

O CAVALHEIRO DO LUAR

Estava Julia, á noite, na janela
Numa noite lindíssima de lua,
Embevecida no amoroso encanto    
Que no ambiente magico flutua.     

Então, como num sonho,
Embaixo, pela rua,   
Passava estranho moço,
Belo ao clarão da lua.

Era noite de festa no castelo,
Uma noite lindíssima de lua,
Julia estava com o noivo na janela,
Presas as mãos, a face unida à sua.

Então, como n'um sonho,
Embaixo, pela rua,
Passava estranho moço,
Triste ao clarão da lua.

Era noite de luto no castelo,

Uma noite lindíssima de lua.

Estava Julia morta no seu leito,

Velava o noivo, na amargura crua.

 

Então, como num sonho,

Embaixo, pela rua,

Passava estranho moço,

Alvo ao clarão da lua.

 

FLOR DE IPÊ

 

Na clara estação gorgeiada,

Em flor o ipê se desata,

Ó bela árvore dourada!

Ó loura filha da mata!

O tronco, o pai, se revê,

Todo ufano, todo zelos,

Nesses teus áureos cabelos,

Que o sol beija, ó flor de ipê!

 

As abelhas, joias vivas,

Adereçam-te o toucado;

Diz-te frases expressivas

O sabiá namorado;

 

De ramo em ramo o tiê

Cai, como gota de sangue;

 

E a coral se enrosca langue

Nos teus braços, flor de ipê!

Mas, ai! tanta formosura,

Tão festejada e querida,

Pouco tempo vive e dura,

 

Logo cai a flor sem vida;

E sombrio e nu se vê,

Mudo, trágico, isolado,

Como um pai desamparado,

O velho tronco do ipê.

 

Na alegre quadra encantada

Dos sonhos e da esperança,

Vestiu-te a ilusão dourada

O coração de criança;

Surgiu-te — meu Deus! porque?

Ante os passos peregrinos

Criança de olhos divinos,

Loura como a flor do ipê,

 

Sonhos de que te cobriste,

Coração em primavera,

Caíram todos, ai, triste!

Quanta dourada quimera!

Eis-te da sorte á mercê,

Já sem viço, já sem flores...

Aqueles pobres amores

Foram como a flor do ipê!

 

 


NO TREM DE FERRO

Vinha sentado gravemente, mudo,
D'olhos baixos, obeso e venerando,
Mãos cruzadas no ventre, ruminando
Velhas rezas ou santo e duro estudo.

Ergue tímido o olhar, triste; contudo,
É paternal e bom; de quando em quando
Ao céu o volve, ao céu que vai passando
Pelas vidraças, empoeirado. Tudo

Nele respira a fé e cheira a igreja.
Por todos os seus poros Deus poreja.
Do seu breviário agora passa as folhas.

Pio varão! para este já começa
O reino do Senhor!... mas sai à pressa
E cai-lhe da batina — um saca-rolhas!


 

Lúcio de Mendonça – poesia humorística – poesia satírica

 

 

Extraído de:

TIGRE, Bastos; SOLDON, Renato.  Musa gaiata (Antologia da Poesia Cômica Brasileira). Edição completa.  Rio de Janeiro: Editorial Unidade Limitada, 1949.            130 p   [CONSERVANDO A ORTOGRAFIA ORIGINAL]  

 

LÚCIO DE MENDONÇA, magistrado, jornalista e poeta fez parte da Academia Brasileira de Letras. Nasceu em Piraí, Estado do Rio, em 1854 e faleceu, em idade provecta nesta capital.

 

Autor de "Canções do Outono", o poeta também gostava de fazer epigramas.

 

A certo plumitivo que se tinha na conta de literato, LÚCIO DE MENDONÇA dirigiu êstes versos:

 

A natureza tem sanções felizes,
rodeia o mal de penas pouco leves ;
assim, tú tens de ouvir tudo que dizes,

e tens de ler também tudo o que escreves.

 

Como se sabe, LÚCIO DE MENDONÇA foi um dos fundadores da escola "realístico-social", ao lado de Assis Brasil Carvalho Junior, Celso de Magalhães e outros. Terrivel panfletário em verso, tinha páginas que, na opinião de Silvio Roméro lembram os "Châtiments" de Víctor Hugo.

 

      Vejamos o seu sonêto "Consórcio Maldito", feito em plena fase de propaganda republicana:

 

- Êle é um rude sujeito honrado e generoso,
forte e trabalador. Ela
é toda franzina;

é de antiga nobreza; e é de raça felina
o seu masvioso gesto elétrico e nervoso.  

                 Jura-lhe amor, e tem-lhe um ódio rancoroso,
                 sôbre o peito do atleta o régio busto inclina,
                
e despoja-o. E êle, o bom. e cego espôso,
             

                deixa-se despojar, e trabalha, calado.
                Ela com uns podres vis anda de mancebia,
                e, fartos, riem
dêle, o enorme desgraçado.  

                Ela é Messalina, a barregã sombria,
                êle, um trabalhador estúpdo e
enganado;

                Êle chama-se Povo, e ela Monarquia. 

 

 

Página publicada em janeiro de 2008, atualizada em julho de 2015; ampliada em dezembro de 2019.


 

 

 

 


 

 

 
 
 
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