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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

EDUARDO MONDOLFO

 

Nasceu em 1956 na cidade do Rio de Janeiro, onde reside.  Formou-se em arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ e trabalhou com os arquitetos Oscar Niemeyer e João Filgueiras Lima. Fez curso de mestrado em Desenho Urbano e Arquitetura na Universidade da Califórnia, Berkeley. 

Como poeta, é autodidata, não tendo nenhuma formação acadêmica em literatura — a não ser o vício de ler poetas no original, e o hábito de ouvir música erudita.

 

MONDOLFO, EduardoCanções de Marilia.  Rio de Janeiro:  Topbooks, 2002.  166 p.  16x23 cm  “ Eduardo Mondolfo “  Ex. na bibl. Antonio Miranda

 

Mondolfo traduz uma passagem emblemática de nossa poesia para o Rio de Janeiro de agora, mas sem abrir mão de um verbo que se mantém ligado aos lugares recorrentes de um lirismo romântico. MIGUEL SANCHES

 

 

DIA DOS NAMORADOS NO BORDEL

 

Aqui, na Bartolomeu Mitre

minha vista do Hotel Le Blond

tem janelas com moças tristes

que nuas, aceitam cartão.

 

Toda noite, com roupas íntimas

dançam um bale sem som

para que a chuva venha e limpe-as

de quem usou seus corpos vãos.

 

Penteiam-se entre si, com carinho

espreguiçando-se em lençóis no chão.

De longe, eu percebo o arrepio

de seus corpos sem ganhar o pão.

 

As louras mandam-me beijos íntimos.

As mulatas exibem a refeição.

Todas, tem na nudez um patíbulo

onde o pescoço é obra da ereção.

 

Hoje, estão sós e deprimidas.

Sonham com um olhar que não terão.

12 de junho: o comércio todo vibra.

Mas seus clientes, hoje, brindam na prisão.

 

Não houve flores, presentes ou visitas.

Sequer seus sexos mereceram atenção.

Logo na noite em que elas estão lindas

de branco ou quase, entre o padre e o perdão.

 

 

MONDOLFO, Eduardo.  Preces cariocas.  Rio de Janeiro, RJ: Sete Letras, 1997.   112 p.  14x21 cm  ISBN 85-7388-045-7    “ Eduardo Mondolfo “ Ex. bibl. Antonio Miranda

 

PRECE 1

Quantos corrimãos eu vi levando de livro a livro
o parapeito no precipicio ou a frase ao longo da escada?
E quais são os meus rastros senão o deslocamento suave
dos olhos que me vão lendo quando ainda eu não sou mais?

De que substância são feitos os homens
com os olhos mais longos do que as próprias asas
mas com o alcance medido pelo caminar?
E de que materia são feitos os sonhos dos idiotas?
Serão menos coloridos do que os nossos, ou melhor,
terão apenas as legendas trocadas
para que à significação das palabras não corresponda
nenhum reconhecimento de lábios?

Por isso explica-te, pedaço de Tudo
ampulheta sem fundo ou mar sem praia.
Explica-te, divina quimera, névoa
esticada ao longo da humanidade.
Eu quero saber, sem reservas:
qual é o mais importante durante uma vida eterna?
porque se é tudo igual nela — serena-te
meu Deus — e inveja-nos a mediocridade.

 

PRECE 17
Prece do que será

Alguém disse;
O mundo não será o das marionetes
que presas nos mais novos alfinetes
nos trazem as fraldas servidas
por gerações contaminadas de blefe?

Mas eu digo: — Nada disso.
Chocam-se duas gotas — não mais — no infinito
que cerze os corpos como a um tecido
tido por mar dos ancestrais.
E desse acaso preciso a vida surge — velhíssima
mas com a amnésia de estrear.

 

 

 

Página publicada em agosto de 2014; ampliada em setembro 2014.

 

 

 

 
 
 
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