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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

CORRÊA DE SÁ
(1908-1981)

 

Walter Correa de Sá e Benevides, filho de Bernardino Corrêa de Sá e Olga de Schueler Benevides, destacou-se por intensa cooperação médica internacional e pela participação ativa na literatura brasileira. Cursou o primário na Escola Deodoro, entrando, a seguir, para o Colégio Boaventura. Com fortes inclinações culturais, especificamente com talento para a literatura, desde cedo se envolve com amigos do meio. Ainda no Colégio Aldridge, conheceu Eddy Dias da Cruz, que se tornaria seu amigo por mais de cinquenta anos, e que ficou conhecido pela alcunha de Marques Rebelo.

Com vasta rede de amizades no mundo literário, sendo colega de intelectuais, artistas e escritores, entre eles, Carlos Drummond de Andrade, passa a freqüentar as célebres reuniões do “Sabadoyle”, na casa de Plínio Doyle, todos os sábados, onde se discutia a palpitante literatura.


Mais detalhes da biografia em: http://www.aborlccf.org.br/imageBank/walter_benevides.pdf

 

SÁ, Corrêa de.  Poemas concêntricos. 6 ilustrações de Cândido Portinari.  Rio de Janeiro: 1936.  123 p   15,5x24 cm.  Impresso na Typographia Sant´Anna.   “ Corrêa da Sá “ Ex. bibl. Antonio Miranda 

 

(português original, da época)

Miséria

Não fosse o receio de humilhações inúteis
eu teria abraçado hoje,
na mais commovida das solidariedades,
todos aquelles mutilados de guerra
pelas ruas, funeráriamente,
desta Vienna outomnal.

Desfile de faces de vencidos,

os que ainda viam

tinham no olhar o medo da piedade alheia,

todos, talvez, perdidos de seus próprios eus

por um simples accidente anatómico,

e nenhum, ainda, habituado ao infortúnio

que o correr dos annos

não conseguira apagar.

 

Vi então o quanto a desgraça

pode ser mais forte que o orgulho,

pois que aquelles bem podiam ser orgulhosos

de serem desgraçados.

 

Mas senti uma grande revolta

por têl-os encontrado hoje, logo hoje,

quando eu, miserável por uma dor qualquer,

sou obrigado a sahir do meu egoísmo habitual

para querer bem a tanta gente.

 

E elles tinham, com certeza,

razões mais sérias do que as minhas

para soffrer sem ridículo.

 

Vienna – novembro

 

 

 

Canção ingênua

 

ESTA casa tão pequena

não tem janellas para o mar,

e todos os meses

a lua cheia se esforça

para encher de brilhos nunca vistos

a noite esquecida lá fora.

 

Aqui só nós dois

e estas paredes com poucos quadros,

o piano preto e velho,

nenhum jardim onde os gatos appareçam,

os moveis modestos sem vontade,

e mais todas as recordações boas e mas
enchendo o resto.

 

E' inútil que haja reflexos de prata

sobre as águas indolentes,

as rosas mórbidas dos jardins que não são nossos

gatarão atôa os seus perfumes,

aqui só nós dois

e o nosso romantismo dá pra tudo.

 

Esta casa tão pequena

não tem janellas para o mar.

 

 

 

Página publicada em março de 2015


 

 

 
 
 
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