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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


CLAUFE RODRIGUES


CLAUFE RODRIGUES

 

 

Nascido em 1956, está na estrada da poesia desde 1977, ou seja, há 30 anos, quando fez seu primeiro recital. O primeiro livro, "Uma onda engole a outra" (Ed. do Autor) veio dois anos depois, ao mesmo tempo em que atuava com o grupo Bandidos do Céu, do qual faziam parte, entre outros, Mano Melo e Tanussi Cardoso. Depois dos grupos Bazar do Baratos e Madame Suzi, Claufe juntou-se a Pedro Bial e Luiz Petry para fundar o lendário trio Os Camaleões, em 1984, principal responsável pelo ressurgimento dos recitais de poesia naquela época. Desde então, Claufe Rodrigues publicou cerca de 10 livros, entre eles "Poemas para flauta e vértebra" (Ed. Diadorim, 1994), "O arquivista" (Sette letras, 1995), "Amor e seus múltiplos" (Ed. Record, 1997), "Roman-se" (Ed. Record, 2001), "100 anos de poesia" (O Verso Edições, 2001) e "Escreva sua história" (Ed. Five Star, 2004). Em 1999, fundou com Pedro Bial, Mano Melo e Alexandra Maia o grupo Ver o Verso, trazendo mais uma vez de volta a onda dos recitais. Em 2005, estreou o Palavrão, primeiro programa de poesia da TV brasileira, no Canal Brasil. O poeta e jornalista participa com freqüência de eventos literários, contribuindo para popularizar e democratizar a poesia em várias cidades do Brasil. Através da Globo News, TV Futura e Canal Brasil tem sido o maior divulgador do Congresso Brasileiro de Poesia, além de ser o apresentador oficial, ao lado de Monica Montone, do recital “A Voz dos Povos”.

Biografia tomada emprestada de http://poetasdobrasil.blogspot.com/ de nosso amigo Ademir Antônio Bacca.

Recomendado por amigos e admiradores.

 

“A poesia de Claufe Rodrigues é dessas que nascem diretamente da experiência vivida. Sente-se o homem atrás dos versos, e percebe-se que para ele, como explicitamente afirma, “a vida real existe”. (...) O poeta caminha pela orla, pelas noites, pelo labirinto iluminado das ruas ou pelas trilhas e picadas desertas na tarefa de recolher os seus exatos apontamentos do comezinho ou do espantoso da vida”.  ALEXEI BUENO 

 

CLAUFE RODRIGUES

 

De

AMOR E SEUS MÚLTIPLOS

Rio de Janeiro: Record, 1997

 

 

NOITES SÃO NUVENS

 

A última pedra de gelo derrete lentamente

lágrimas pontiagudas no copo de bebida.

Sob a solidez da luz ferida,

o cansaço da solidão.

Ouço rock balada

Fumo pela semana inteira

Enxugo a garrafa de uísque.

Altas horas da noite

ainda espero que você me disque,

se é que Deus existe,

que há vida após a morte, negros sóis.

O pássaro que fugi dos meus lábios

agora mora em seus olhos

mas voa por outros lençóis.

 

 

NOITE FUNDA

 

Adentro o cabaré segurando a mulher pela cabeleira.

Sei que ela gosta assim, quando perco as estribeiras

e a noite é nossa casa, alcova, cova rasa.

Peço um uísque puro, ela um dry Martini, os olhos em brasa.

O garçonete, só de biquíni,

aponta no cardápio um coquetel de frutas,

“bundas flácidas”, diz sem travas, estalando a indecorosa língua.

Há tantas portas na noite,

donzelas travestidas de putas

transviados brincando de boneca

e aquela aeromoça, distante,

dançando sozinha, frenética...

O que terá tomado?

Coragem, curare, urucum?

Aspiro o ar puro das beócias e escravas

que oferecem aos marinheiros insalubres

e ardentes larvas de amor.

Adoro a mistura de perfume e suor,

a sofreguidão dos musculosos corpos

nestes inescrupulosos mares,

as ondas humanas balouçando loucamente

no convés do baile.

Canto em louvor dos movimentos

ao vento violento

que arrasta os convivas para o fervilhão da festa.

A vocês, que fazem piruetas na pista

sem merecer rugas na testa,

e a vocês, náufragos que vagueiam na maré como turistas,

aos espíritos submersos dos artistas,

a vocês e contra vocês arremesso estes versos.

 

 

VACA

 

Teta paca

bosta farta

carne fresca,

Eta, mãe dos homens!

 

 

TÍTULOS

 

A biblioteca do mundo inteiro

cabe no meu coração

Todos os livros e palavras

moram na minha boca

São minhocas que migram da terra do nunca

para a terra do nada.

 

 

CIOS DE AMOR

 

Você tem olhos azuis como tuiuiús

e a força de cem formigas.

A boca seduz pela forma

como ressuscita enigmas.

O sorriso é um quintal de sonhos

e o andar um manjar francês.

Vejo nuvens no céu azul dos seus olhos

Será que vai chover desta vez?

 

 

PASSEIO NO PARQUE DOS SEUS SONHOS

 

Havia um carvalho frio e distante

com a copa no Alaska.

Ela perguntou se árvore tinha sexo

por baixo de toda aquela casca.

Andávamos sobre plantas e insetos

e eu respondi surpreso

que nunca pensara a respeito

não a sério, nem a peso.

Ela disse que eu devia olhar para as árvores,

para as pedras,

para as garotas adormecidas nas grutas do lago.

Assim cruzou os galhos que lhe serviam de braços

para, em movimentos absolutos,

transformar-se em ave rara

de folhagens e frutos.

O beijo, vinho de orvalho,

desperta o impávido carvalho

de seus sonhos insepultos.

 

 

 

RODRIGUES, ClaufeBorboletas não dão lucro. Poemas de Claufe Rodrigues. Rio de Janeiro: Livrarias Taurus – Timbre Editores, 1990.  111 p.  14x21 cm.  Ex. bibl. Antonio Miranda.

 

OUTUBRO

 

Acordei com um sorriso recepcionista

entreaberto nas coxas

 

Hoje eu não tenho do que me queixar

as vizinhas que se ocupem dos meus problemas

 

a vida é um eterno ir-e-vir de acasos

com meia dúzia de versos

sou capaz de encher um mar.

 

Meus bigodes na janela

assobiam os estribilhos da primavera

uma fábrica de fumaça

incendeia os cabelos da paisagem

 

A canção escapa no canto da cigarra.

 

 

RODRIGUES, Claufe.  Escreva sua história: antologia poética (1979-2004).  Rio de Janeiro: Editora fivestar, 2004.   136 p.  16X19 cm.   ISBN 85-98333-04-2   “ Claufe Rodrigues “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

A fazendeira e o sol

 

Acordo tarde, meio-dia

Deito-me sobre a fazenda inteira

De pastos e rebanhos.

Tomo banhos de cachoeira

Em teus cabelos castanhos

Furta-cor de ambientes e energias.

Cavalgo tuas pradarias

Além das cercas e dos horizontes,

Semeio o pão nos teus campos de trigo,

Planto sonhos em tuas colinas,

Desço escarpas no teu umbigo,

Inundo teu vale de sémen e justiça

Ordenho café com leite na casa grande da tua senzala.
 Sede sacio no rio de saliva,

E quando a diva noite pede também um nicho

Me aninho como bicho

No abrigo da terra plena.

Douro delícias no âmago da tua pele morena.

 

 

 

RODRIGUES, Claufe.  Poemas para flauta e vértebra.  Rio de Janeiro: Diadorim Editora, 1994. 64 p.  14x21 cm.    Capa: Tatiana De Lamare.  “ Claufe Rodrigues “ Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

SANTA BANY DE OLINDA

 

“Valhei-me, Santa Bany de Olinda,

Livrai-nos do casamento!”

E ela nos responde “amém”, assim mesmo, sem acento.

Eu amei Santa Bany desde o primeiro batismo.

Hoje, na beira do abismo,

vejo a minha fé cambalear,

e um coro de abutres requisitar minha carcaça.

Orai por mim, docinho,

por um pouquinho de graça!...

Lembrai-vos daquela noite de cálices,

na porta do teu convento.

Existe uma passagem secreta

entre a montanha que és e o mar que invento.

 

 

O POETA VAI À FEIRA

 

Lista na mão

coração no bolso

burburinho.

O poeta vai à feira,

entre cachorros, folhas, legumes, lumpens e aleijados.

Mano Melo amassa um cacho de uva

na tentativa de transformá-lo em vinho do Porto.

Petry está na barraca da granja

na dúvida se leva ovos de codorna ou pés de galinha.

Vejo Bial de sobretudo sobre uma montanha de laranjas

espetando com sua bengala de tigre um belo mamão papaya.

Ao lado Jorge de Lima grava um povo-fala com o cego,

         o surdo e o mudo,

enquanto uma velha desmaia

         e outra mia.

Fernando Noronha troca um quilo de jil[o por um

         cacho de banana.

E aqui estou eu, o Rei da Noite de Copacabana

aposentando o verbo em pleno sábado de abobrinhas.

Os poetas fazem a feira, debaixo de uma chuva fina,

e suas cabeças estão cheias de um silêncio

         ensurdecedor.

A feira-livre exala um agradável bolor,

neste sábado repleto de fantasmas ociosos. 

 

 

 

RODRIGUES, Claufe.  O pó das palavras. Poesia.   2ª. edição.  Rio de Janeiro: Ponteio,       2010.   112 p.  14x21 cm.  ISBN  978-85-64116-01-6 

 

SOBRANCELHA

 

A sobrancelha gravita na órbita do olho

hirta e absorta.

Aflita, ela centelha.

Se o mar avança

em ondas de interrogação

levanta seus diques

inclina-se franzida

em forma de não.

E quando as janelas se fecham para mais um dia

repousa em arco perfeito

no ar rarefeito dos sonhos.

A sobrancelha é nossa nudez mais gritante

a caixa-preta que Deus nos deu

para lembrar a todo instante

de tudo que já esqueceu.

 

 

 

SOL NA BOCA

 

Mais um dia vem nascendo na minha boca

e quem sou eu para amordaçá-lo

sou apenas seu cavalo selvagem

pastando a paisagem enquanto falo

 

E vem com flores o meu dia

e vem com ninhos e nuvens

e vem com o cheiro da chuva

 

Com o sol na boca eu me despenco pelas ruas

e me alimento das paisagens cruas

renascidas do cimento

 

Com o sol na boca experimento

o aroma do amor que exala

de cada corpo em movimento

 

E vem com noites o meu dia

e vem coalhado de estrelas

e vem com o cheiro da chuva

 

 

 

Mònica, Miranda e Claufe durante a I BIENAL INTERNACIONAL DE POESIA DE BRASILIA, I BIP – setembro de 2008

 

Mònica, Miranda e Claufe durante a I BIENAL INTERNACIONAL DE POESIA DE BRASILIA, I BIP – setembro de 2008 

CLAUFE RODRIGUES

Claufe Rodrigues e Antonio Miranda na Livraria Travessa (Leblon, Rio de Janeiro)
antes da gravação de um programa de TV em homenagem (póstuma)
ao poeta Mario Benedetti (19/05/2009).


Página ampliada em maio de 2008., novamente ampliada e republicada em novembro de 2008. e em maio de 2009. Ampliada e republicada em março de 2015.

 

 

 

 

 
 
 
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