LUCIO DE MENDONÇA
Lúcio Eugênio de Menezes e Vasconcelos Drummond Furtado de Mendonça,
nasceu em Piraí, Estado do Rio de Janeiro, em 1854. Era irmão do escritor Salvador de Mendonça.
Formou-se em Direito em São Paulo.
Foi poeta e jornalista, além de exercer a profissão de advogado e ter ocupado cargos públicos. Em 1904 perdeu o sentido da visão. Morreu no Rio de Janeiro em 1909.
A propriedade (no cemitério)
Aqui jaz o calor da juventude,
As generosas ambições de glória.
A amor — a luz da vida transitória,
O entusiasmo e os sonhos e a virtude...
Tudo enterrou-se aqui: o áspero e rude
Egoísmo, e o orgulho e a ilusória
Esperança... Aqui jaz toda uma história
Encadernada em cada um ataúde.
Neste fúnebre pouso derradeiro
A eternidade no silêncio fala...
Mas ainda tem altares o dinheiro,
Que nem a Morte a humanidade iguala:
Para o rico — o epitáfio lisonjeiro,
E para o pobre — o anônimo da vala!
MAIO DE 1888: Poesia distribuídas ao povo, no Rio de Janeiro, em comemoração à Lei de 13 de maio de 1888 / Edição, apresentação e notas de José Américo Miranda: pesquisa realizada por Thais Velloso Cougo Pimentel, Regina Helena Alves da Silva, Luis D. H. Arnauto. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1999. 220 p. (Coleção Afrânio Peixoto, 45 )
Ex. bibl. Antonio Miranda
LIBERTAS QUAE SERA TAMEN...
* Que assombroso espetáculo! na altura
Anda uma estranha música inaudita.
Assonância de prece e choro e grita...
E, como uma fantástica pintura,
Vê-se no espaço azul, tela infinita,
De humanos corpos suma selva escura...
Negro busto de atlética estatura,
Flagelado e sangrento, o braço agita...
Com as algemas no pulso, outro — sineiro
Da festa — toca um hino de alegria
No tronco do suplício derradeiro.
Ressurgem neste luminoso dia
Os mártires do horrendo cativeiro,
E vêm saudar a redenção tardia.
*
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Página publicada em fevereiro de 2021
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