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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: http://100porcentopiaui.com.br 

 

PAULO MACHADO

 

Paulo Machado é um poeta brasileiro, participante da literatura dos anos 70 (rotulada de “Geração (do) Mimeógrafo” ou Geração de 70) e posteriores.

PAULO Henrique Couto MACHADO nasceu em Teresina (Piauí), no dia 23 de julho de 1956. Poeta, contista, cronista e historiador. Chegou a ser aprovado no curso de Medicina, pela Universidade Federal do Piauí, mas desistiria em breve para se tornar advogado. Defensor público. Formou-se em Direito pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), especializando-se em Direito Agrário. “Na década de setenta, fez política estudantil e editou, ao lado de companheiros de geração, o jornal mimeografado "ZERO". Integrou o grupo responsável pela edição do jornal alternativo "Chapada do Corisco", em 1976 e 1977, em Teresina.” 1.

Também colaborou em revistas alternativas de poesia, como Ciranda (1976), além de editar o jornal Floretim (1984), “dois órgãos que motivaram movimentos culturais em Teresina nas décadas de 70 e 80”, de acordo com informação do crítico literário e antologista Assis Brasil 2.

Participante ativo da vida cultural piauiense desde a década de 70, ganhou vários prêmios de literatura na prosa de ficção (contos) e nos concursos de poesia, além de igualmente ter participado de várias antologias poéticas. Integrante da comissão editorial de literatura da revista cultural Pulsar, desde 1997 até a atualidade.


Obras:

Tá Pronto, Seu Lobo ? ( Poemas – 1978 );- A Paz Do Pântano ( Poemas – 1982 );- "Post Card" (Poema, Teresina, FCMC, 1992)

As Trilhas Da Morte (Ensaio histórico, Teresina, Corisco, 2002)

Fonte da biografia: wikipedia

 

 

 

 

Post card/57

 

na praça marechal deodoro
às nove horas falavam
da
UDN e do american-can

 

um louco o jaime fazia ponto no cruzamento
da barroso com a senador pacheco sem saber
que há tempos existia a guerra fria

 

quinta-feira era dia de matar o tempo
na praça pedro segundo enquanto os sapos
copulavam nos lajedos do tanque

 

nas tertúlias do clube dos diários
uma geração embarcava no marasmo
esquecendo tudo mais

 

nos canteiros da avenida frei serafim
os cupins construíam suas casas
fiando estranha quietude

 

no bar carnaúba o sol roía o marron
das tabículas das mesinhas ao passo que
os homens de casimira cinza faziam planos

 

na paissandu os bêbados
pregavam a subversão

e um bolero esquentava as entranhas da noite

 

nas calçadas da Simplício mendes

um rosto magro madalena deixava brotar

estranhamente um sorriso largo de espera

no mercado central pretas carnudas
vendiam frito de tripa de porco
fígado picado e caninha

 

no cais do parnaíba piabas

cor de prata saltavam das águas salobras

como no sonho dos meninos.

 

 

 

Post card/77

 

na praça marechal deodoro

às nove horas há velhos com suas memórias

recompondo um tempo

 

no cruzamento da barroso com a senador pacheco
há um sinal que não raro
encrenca desafiando a rotina

 

quinta-feira é um dia qualquer

e na praça pedro segundo a mudança notável

é a da posição da estátua que parece sorrir

 

não há tertúlias no clube dos diários

as baratas medrosas saem das bocas-de-lobo

admiram os caixotes de cerveja empilhados fogem

 

nos canteiros da avenida frei serafim
putas acenam com gestos medidos
a fome é mais forte que o medo

 

não há bar carnaúba mas os homens

de casimira cinza continuam fazendo planos

cogitando não aceitando irreverências

 

a paissandu agoniza

os bêbados já não falam tanto

e a frieza da noite venceu o calor dos boleros

 

madalena morreu de câncer

e nas calçadas da Simplício mendes

não há nada que lembre sua presença

 

no mercado central negrinhos descarnados
catam laranjas e limões podres
em plena manhã de maio

o parnaíba continua lavando as almas pagãs
dos meninos fujões

roendo as pedras do cais com a mesma raiva

 

 

 

Nas ruas da minha cidade há lições?
(É preciso apren
dê-las)

 

 

Desfazer o enigma da Rua Grande,

onde os revolucionários depredraram o bonde

e apagaram os gestos dos ditadores,

numa rubra manhã de outubro.

 

(A malha da história sendo tecida pelas mãos operárias)

 

Lembrar o fantasma de um coronel loquaz
que acrescia cores às suas façanhas
e vadiava pela Rua da Estrela,
atravessando paredes,
sumindo na cinzentura da tarde.

 

Os paralelepípedos da Rua da Glória

tinham a densidade do sono nas tardes de verão.

 

Insisto:

aprender as lições que há nas ruas da minha cidade.
Na Rua Bela, era proibido amar.

(Há tempos proíbem as lições de liberdade, no meu País.)

 

Na Rua dos Negros, francesas faziam amor
com os filhos dos coronéis.

 

Na Rua Paissandu, havia sol nos corações dos amantes.

 

O tempo não apagou o que falavam os operários

da Companhia de Fiação, nos dias cinza da ditadura Vargas.

 

Diziam coisas reais

aprendidas no galope das máquinas

e no silêncio das horas, nas noites insones.

 

 

 

Página publicada em janeiro de 2020

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 
 
 
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