Foto: http://poetasdobrasil.com.br/
CINEN DE SOUSA
Poeta e desenhista, natural de Teresina (PI), nascido em 1959.
Estreou ainda nos anos 1980 na capital piauiense, contribuindo para jornais alternativos da cidade. Mudou-se para Brasília (DF), em 1984, onde intensificou sua arte gráfica na Imprensa Nacional, ao tempo em que sua poesia ganhou maior expressividade.
Publicou "Pássaros de vidro" (1986) e "Achados Perdidos"'(2004) com projeto gráfico do artista plástico piauiense Antônio Amaral e capa do artista plástico paraibano Archidy Picado Filho. Neste último livro, um mergulho nas gavetas e baús da vida, recortes, retalhos, fotos... todo ranço guardado sem o menor segredo e publicado pela necessidade latente de continuar no exercício de escrever.
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IMAGENS LITERÁRIAS: a realidade e o sonho. Antologia 2020 – UBE – PB: autores paraibanos e convidados. Poesia – Contos – Crônicas – Artigos. Organizadores: Ana Isabel de Souza Leão – José Edmilson Rodrigues – Luiz Augusto Paiva. Itabuna, Bahia: Mondrongo, 2020. 224 p. 13,5 x 23 cm.
ISBN 978-65- 86124-22-4 Obra publicada sob a chancela da União Brasileira de Escritores – UBE, Subseção da Paraíba. Ex, bibl. de
Antonio Miranda.
POESIA
Alheia a intempéries
Ao redor
Um desabrochar de flor
Que seja
A poesia segue silenciosa
Instigante e pacientemente
A povoar nosso vazio
Nosso caos diário
Por vezes, sem causa aparente
Mas nos aflige
Já aconteceu
De apenas olhos cegos
Desejarem ver
TRAVESSIA
Minha poesia é banal
Mas é minha
Anda comigo onde quer que eu vá
Alegre ou triste, não importa
Amiga e companheira sempre
A pé ou de busão
Minha poesia é simples
Flor da manhã a inaugurar estações
Quisera forte estampido de pétala
A flertar o mágico instante
Minha poesià é frágil
Mas é com ela que conto para viver
Às vezes, na criança que teimo ser
Noutras, no tolo que me fazem crer
CHUVA DE CAJU
Chuva fina
Chuva doce
Chuva gris
Chuva chuva chuva
Bendizei todos
Chove em Teresina
Como Araão tenho obra-prima
Vou de cajuína
Made (in-oíf) Theresina
ALMANAQUE
Onde quer que eu vá
Levo você comigo
Na verdade, parte de você me guia
Meu destino casou-se com o seu
Feito rosa e espinho
Tua boca e meu batom
Ser feliz é um desejo natural
Vede a borboleta
Se encharca de jardins para depois multiplicar vidas
Li pelo computador
Que a felicidade é vária: a vida carece de mais ternura
e poesia
Logo, não complique retidão de mais cega.
Estou enviando esse almanaque
Quisera que fosse um ramo de flores do campo
Mas quá! Computador é limitado - não reconhece os
símbolos de amar
Veja, não importa a quem amamos
Cada pessoa guarda um segredo: frágil voraz doce
ou cigano...
Um jeito próprio de sonhar e ser todo na vida
CINEN DE SOUSA. Janela aberta. Projeto gráfico e ilustrações: Antonio Amaral. Caricatura do autor: Dino Alves. Teresina: Vertente, 2025. 48 p. ISBN 978-65-01-34229-0
Exemplar da biblioteca de Salomão Sousa.
HÁ UM CISCO NO OLHO DO MUNDO
Água de beber
Água de comer
Água de viver
Água boa
Mãe da natureza!
Hostil o Homem
Mata, desmata, queima
Polui o ecossistema
A terra cora.
Pelo retrovisor
Já se vê a saga em busca da pouca água
Ao que parece; perdemos o senso
E o rumo.
Tenho fé que outros Hélio da Silva hão de surgir
Reflorestando São Paulo e recuperando nascentes de rios
ARCO - ÍRIS
Senhor,
Falta-me inventar as horas flavas
Falta-me compor uma música singela.
Senhor,
Aspiro a clara manhã, a poesia síntese;
O rio, a água, a sede.
Senhor,
Tudo que faço é natural, nada especial
De excelo mesmo, correr atrás de nuvens
Na ingênua ventura de ser feliz.
Senhor,
Eis-me aqui, mente sã, sorte vã e o coração aos pulos
Se não pedir muito, conceda-me a graça
De continuar me valendo da formosura do arco-íris.
CHUVA DE CAJÚ
chuva fina
chuva doce
chuva gris
chuva /chuva / chuva
bendizei todos
chove em Teresina
como eu não tenho obra-prima
vou de cajuína
made (in off) Piauí
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Página ampliada e republicada em junho de 2025.
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http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/piaui/piaui.html
Página publicada em janeiro de 2021
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